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MALU

Hoje teria um churras na casa de Bruno. Já não era mais frequente essa reunião entre nós, mas com essa chegada do Pedro eu estava começando a acreditar que isso mudaria.

Karine avisou que passaria pra me buscar aqui em casa pra ir pra casa dele. Ela e Mari já tinham ido antes pra ajudar Sarah a limpar a casa, já que Bruno sempre cuidava da cozinha. E eu não fui porque fiquei um pouco com Guilherme antes dele sair pra trabalhar.

Terminei de passar o rímel, dei uma arrumada no meu quarto rápido e fiquei na sala jogada no sofá esperando mensagem da Karine pra eu descer. Não demorou muito pra que isso acontecesse.

Passava mil carros, menos o dela. Já estava entediada, não parava de olhar a direção de onde o carro viria. Nada dela chegar. Escutei uma buzina atrás de mim, mas ignorei.

— Maria Luiza! — a voz de Pedro soou atrás de mim.

Estranhei. Por que o Pedro estaria ali?

E aí que minha ficha caiu, eu tinha uns amigos muito filhos da puta mesmo.

Me virei lentamente olhado de rabo de olho e realmente, Pedro estava parado com o carro. Bufei.

— Não sabia que eu viria? — ele perguntou enquanto eu entrava no carro.

— Não mesmo! — balancei a cabeça negativamente.

— Bruno é um filho da puta, mane. — ele riu dando partida com o carro.

Eu só assenti e permaneci no silêncio. Não tinha nada do que falar, nada mesmo. Todo nosso assunto tinha sido gasto no bar da pousada, e ainda tinha sido uma merda.

Eu parecia um robô olhando pra frente sem me mover. Provavelmente ele estava estranhando muito, até porque não aparentava ter nem metade do desconforto que eu estava.

— Como que tá a carreira? Ainda trabalha lá pra agência? — ele perguntou cortando o silêncio.

— Trabalho, mas não viajo mais, organizo e fico de frente as vezes na questão administrativa. E tô construindo minha agência com a Karine.

— Sério?! — assenti — Irado, vai ficar foda se ficar daquele jeito que você tinha me descrito há uns anos atrás.

Meu coração chegou até doer. Lembrar daquele tempo era sinônimo de me fazer ficar triste, eu era muito mais realizada e não sabia.

— É... — eu ri — Não vai ficar exatamente igual porque as coisas mudam, claro, mas vai ficar parecido.

— Seja lá como for as novas ideias vai ficar bom. Você e Karine sempre tiveram uma visão boa pra coisa, vai dar certo. — disse ele tirando o olhar da pista pra olhar pra mim por um segundo.

— Tomara! — cruzei os dedos — Mas e o seu trabalho?

— Ah, comecei com a ajuda do meu pai no começo, confesso. — ele riu fraco — Mas depois fui construindo meu próprio nome, tenho quatro hotéis. Um na Califórnia, um em São Paulo, um aqui e outro em Nova York. Todos são um sucesso, tô feliz assim. E João é quase meu sócio do daqui do Rio de Janeiro, vou assumir agora, mas quando ele voltar vai ter o canto dele mesmo assim.

— Pedro do céu, você com 25 anos e já tem isso tudo. Tem noção? — olhei pra ele.

— Mas é só porque nasci numa posição de privilégio Malu, se não fosse pelo meu pai ajudando no começo, nada disso seria do jeito que é hoje, tá ligado? — eu assenti.

— Voltou a falar com ele?

— Voltei, Phelipe que não. Nem toca no nome.

— Que bom pra você, mas pra Phelipe péssimo. Coitado. Agora que sua mãe se separou dele acho que vai ser bom pro teu irmão se dar melhor com ela. Cê não acha? — ele franziu a sobrancelha.

Coincidências 2Onde histórias criam vida. Descubra agora