Coincidências 2

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Cheguei no hotel que os moleques tinham reservado no estresse da correria do dia a dia, então aproveitei pra pedir um vinho antes de Malu chegar pra eu relaxar um pouco.

Fiquei satisfeito com a arrumação do lugar, tava tudo impecável e eu não conseguiria fazer nada nem perto disso. As pétalas de rosa faziam um caminho até a cama, onde tinham mais em cima dela, um champagne e uma toalha vermelha em forma de coração. Eu diria que um pouco clichê, mas ainda sim romântico.

Tinham também umas velas aromáticas acesas e rolando uma musiquinha de fundo.

Me joguei na cama tentando não desarrumar nada e fiquei esperando Karine me avisar que tava chegando com Malu, o que não demorou muito pra acontecer e meu coração quase pular fora.

Ajeitei minha roupa tirando os amassados, alisei o lençol e o edredom porque eu tinha deitado e fiquei perto da cabeceira onde ela não conseguiria me ver logo de cara.

— Quero saber que palhaçada é essa e por que que ele não me buscou no aeroporto! — ela parecia brava falando com as meninas assim que abriram a porta. — Posso tirar essa venda?

— Não, calma! — Mariana ordenou. Ela veio até mim, abriu um sorriso ansiosa e sussurrou se já podia soltar ela. Eu assenti e elas foram andando de fininho até a porta.

— Pode tirar! — Karine falou e fechou a porta logo em seguida. Eu não tava vendo nada, só escutando barulho.

— Que que tá acontecendo aqui? — ela resmungou andando na direção onde eu tava escondido.

Fechei os olhos respirando fundo, me ajeitei mais uma vez e fui andando de encontro a ela.

— Oi! — eu disse com um sorriso gigante formado no rosto.

— Oi!? — ela franziu a sobrancelha também com um sorrisinho naquele rosto lindo dela. — O que é isso?

— Uma surpresa, você não gostou? — desmanchei o sorriso.

— Claro que sim, tá maravilhoso! — ela largou as malas no chão e me deu um abraço apertado. Ela parecia tensa com alguma coisa, visto que ela não me soltava de jeito nenhum, mas provavelmente era pelo momento.

— Eu preciso falar uma coisa! — nós dois dissemos juntos e rimos.

— Pode falar você primeiro. — falei.

— Não, isso pode esperar! — ela disse com um sorriso nervoso.

Eu assenti. Se eu enrolasse muito ia ficar impossível.

— Se você soubesse quantas vezes eu pensei nesse momento, algumas vezes em sonho, algumas vezes só de raiva porque quando você me enrolava muito eu pensava "porra, ainda vou casar com essa garota e aí ela nunca mais vai poder fugir de mim", outras vezes quando a gente ficava e batia aquela esperança de tipo "dessa vez vai" e nunca ia... Mas em todas as vezes que eu imaginei, nunca pensei que seria como essa. Com você bem resolvida, feliz, segura com nosso relacionamento, e com toda essa preparação. — olhei em volta. — Ou comigo também bem resolvido tanto como pessoa quanto como profissional, tendo certeza também que você não iria pular fora... sempre era a insegurança que trazia meu medo. Mas não, tá tudo perfeito, não podia ter momento mais feliz pra isso, sinto paz dizendo tudo isso pra você. Maria Luiza, eu nunca escondi ser apaixonado por você, eu me envolvi com outras pessoas, mas nunca deixei mascarado o fato de que se você me quisesse e me aceitasse de volta eu voltaria sem me importar com quem ou o que estou largando pra trás, porque no minuto que eu te conheci, eu soube que você era a garota certa pra mim. Todos falam isso, eu sei, mas no momento que você desabafou comigo naquela festa de formatura e a gente se beijou, eu senti que ali eu tinha encontrado o meu maior problema, mas também a minha maior felicidade. E é por todos esses motivos. — eu disse pegando a caixinha da aliança no bolso e me ajoelhando. Só de ver ela chorando e os meus olhos todos cheios de lágrimas, eu já sabia que seria feliz pro resto da minha vida. — Que eu pergunto a você, Maria Luiza, você aceita se casar comigo?

Da maneira mais clichê, mas mais verdadeira possível eu acreditei no amor. O amor que eu não conhecia, que eu via como algo estranho, que eu via como uma obrigação, agora vejo como algo mais natural do mundo, como algo transformador. Eu pensava que era impossível um homem dizer esse tipo de coisa, mas com ela, eu pude ser quem eu bem quisesse e isso nunca foi tão importante.

Ajoelhado ali olhando pra ela com a mão no rosto se segurando pra não chorar mais eu tive mais certeza ainda que ela era a minha pessoa e que não importava todos os obstáculos que aparecessem na nossa vida, sempre seria ela.

— Pedro. — ela enxugou as lágrimas e ficou séria. Foi nessa hora que meu coração errou as batidas e o medo de dar tudo errado veio. — Eu tô grávida!

Eu arregalei os olhos e me levantei na hora. Ela me olhou preocupada, e eu consegui enxergar o medo nos olhos dela, mas isso era a última coisa que ela podia temer.

O problema é que me faltou um ar do caralho, eu juro, por essa eu não esperava. Coloquei a mão na cabeça, quase que andei em círculos de onde eu tava parado mesmo de tão nervoso. Olhei pra ela que tava tão nervosa, mais tão nervosa.

Respirei fundo fechando os olhos, bora Pedrão, tu não esperou tanto pra ficar calado...

Eu abri um sorriso de orelha a orelha e mais uma vez puxei-a pra um abraço. Ela chorou no meu ombro e eu fiz carinho em suas costas.

— Isso não muda a minha proposta, você aceita ser minha esposa e agora mãe dos meus filhos? — eu a afastei segurando suas mãos.

— Eu aceito, seu idiota! Agora não tem mais jeito mesmo! — ela riu em meio ao choro e eu a peguei no colo pra aperta-la mais e mais. — Eu te amo, te amo tanto que você não faz ideia, até porque eu não sei falar tão bem como você.

— Não precisa dizer nada, eu sinto. Te amo muito, garota! — coloquei ela no chão e puxei ela pela cintura. — E agora somos pais, parabéns meu amor.

Ela assentiu feliz e rindo.

— Você não sabe o quão difícil foi isso aqui, obrigada filha ou filho! Já te amo. — eu disse agachando pra falar com a barriga dela.

Subi de volta. Colei nossos lábios e pedi passagem com a língua. Um beijo mais calmo que esse impossível, o clima do momento era esse eu não queria estragar nada disso.