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SABE aquelas coisas que você acha que só acontecem em filmes clichê? Pois, é.

Estou pensando em escrever um livro chamado “Minha vida é um clichê”, porque não dá para acreditar que meu pai resolveu que seria uma boa ideia me casar com o filho do seu inimigo.

Estou andando pelo Casino House Of Greed agora, sendo escoltada por dois seguranças do Casino, além de Robert.

Ouço gritos de felicidade. Pessoas frustradas xingando. Mulheres com roupas minúsculas em cima de homens que com certeza são casados. Fichas e fichas e mais fichas.

Sempre que venho aqui, fico zonza. O lugar é enorme. E às vezes eu esqueço que é meu. E sempre que lembro, fico enjoada.

Entramos os quatro no elevador que é grande o suficiente para que eu não fique esmagada com esses três brutamontes atrás de mim.

Ainda estou com o uniforme da escola. Vim direto para cá e papai deve estar me esperando. Ou Robert ligou para ele ou ele foi avisado assim que coloquei os pés no Casino. Não duvido que ele esteja monitorando cada passo meu.

Olho para a câmera de segurança como quem diz: “Ei, pai, sei que está aí”.

As portas se abrem e eu mal dou cinco passos para fora quando Panny agarra meu braço.

— Ele não está em um bom dia, então seja lá o que for falar...

— E quem é você? Minha mãe? — me afasto dela sem parecer simpática. — Ah, por favor! Vá cuidar da sua vida.

— Não fale assim comigo! — não acredito que ela está me dando sermão.

— Porque você anda esquentando a cama do meu pai? — arqueio a sobrancelha. Panny fica vermelha de raiva. — Acho que vou ter que tratar bem muitas mulheres, então.

Revirando os olhos, vou para o escritório do meu pai, Robert nos meus calcanhares. Os seguranças já fizeram seu trabalho, então não precisaram nem sair do elevador.

Empurro as duas partes da porta dupla e entro no escritório do meu pai.

A enorme cadeira marrom está de costas para mim, mas no momento em que entro, ela gira, revelando meu pai. Ele está como vi hoje de manhã e todos os dias da minha vida: terno cinza, camisa social branca e gravata da mesma cor do terno. Cabelo impecável e anéis de ouro nos dedos.

— Sabe que não gosto que venha aqui. — diz ele como cumprimento.

Seu escritório não é grande, na verdade. É um escritório comum. As paredes atrás dele são cobertas com uma prateleira cheia de whisky. Típico.

Me acomodo em uma das duas cadeiras à sua frente e suspiro. Sua mesa está coberta de papéis e ele tem um pote cheio de fichas, além de outro onde há várias canetas caras.

— Quando, exatamente, íamos discutir o fato de você querer me entregar ao seu maior inimigo? — lhe encaro com os olhos semicerrados. Noto quando sua mandíbula se contrai.

Meu pai apoia o cotovelo no braço da cadeira e descaso o queixo no punho.

— Falei que isso não era problema seu, querida. — por incrível que pareça, sua voz é calma e isso me irrita. Achei que Panny tivesse dito que ele não estava em um bom dia.

— Não?! Meu Deus, pai! É a minha vida. Você não pode sair tomando essas decisões assim! — não estou nem aí se estou gritando ou desrespeitando ele.

Papai respira fundo e apoia as mãos entrelaçadas na mesa, em cima dos papéis.

— Estou tentando consertar um erro do passado. A sua união com Oscar servirá para mostrar que deixamos nossos erros para trás.

Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Lᴀs Vᴇɢᴀs||Vᴏʟ1 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ MɪᴍᴀᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora