26°

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NÃO parece que estive aqui há um mês e saí fugindo com o garoto que agora está olhando para mim. O rosto feito pedra. Os olhos livres de emoção.

Não foi esse o Damon o qual me tornei amiga. Não foi esse Damon que me provocou durante semanas ou que me deixou com a sensação de ter borboletas em meu estômago.

Paro para pensar um minuto. Damon está sempre com esses sorrisos e me provocando. Mas eu nunca o vi verdadeiramente. Eu não o conheço, percebo. Ele pode conhecer um pouco de mim que eu mesma me recusava – e talvez ainda recuse – a aceitar, mas eu não conheço nada dele além da postura arrogante e provocativa... E claro, não posso esquecer do garoto super animado falando sobre sua cobra de estimação.

Eu pedi para ele falar mais sobre si mesmo naquele dia na praia, mas ele não me disse nada que revelasse o que ele esconde nessa máscara. E apesar de estar muito curiosa para saber quem realmente é Damon Westlake, não posso esquecer que ele mentiu para mim todo esse tempo.

— Você está linda, Elleonor. — Sam me abraça e preciso controlar a repulsa. O que ele fazia com a mulher e o que provavelmente fez com os filhos...

— Obrigada, Sam — forço um sorriso para o homem que querem que seja meu sogro. Me afasto dele apenas para me deparar com seu filho. O que querem que seja meu marido. — Oi.

Obrigo minhas bochechas a ruborizar e fazê-lo pensar que estou tímida com a situação quando na verdade estou com raiva.

— Você está maravilhosa, mais uma vez. — Oscar beija minha mão como da última vez e apenas o simples contato de seus lábios em minha pele me causam náuseas.

Oscar está de terno, mas sem gravata, deixando os dois primeiros botões de sua camisa aberta. Ele não é tão forte quanto Damon, mas é alto do mesmo jeito. Tem um ar mais elegante que o irmão também.

— Jey e eu vamos resolver umas coisas. Já voltamos. — Sam arrasta meu pai para seu escritório. Deixando Oscar e eu sozinhos, porque, percebo, que Damon já saiu.

— Então... Você deve estar um pouco desconfortável com tudo isso, né? — Oscar e eu nos sentamos no sofá da enorme sala. Ele está perto demais.

— Um pouco, sim.

Para ser uma boa mentirosa você tem que acrescentar um pouco de verdade nas suas mentiras. Então sim, eu estou desconfortável, mas não um pouco. Muito. Tão desconfortável que atiraria ele pela janela se isso fosse fazer eu me sentir melhor.

— Eu também, na verdade — Oscar sorri e acho que ele quer que eu me sinta melhor. — Mas não quero forçar a barra... Sei que a gente se conhece desde sempre e eu respeito você. Vamos fazer tudo no seu tempo, certo?

Seus olhos verdes me fitam. Eu esqueci o quanto ele é parecido com o irmão. Os olhos são tão vívidos, mas de alguma forma é diferente.

— Obrigada... É muito gentil da sua parte. — espero não estar sorrindo demais. Falsidade demais transparece.

— Vou pegar alguma coisa para você beber. — Oscar beija minha mão mais uma vez antes de sair.

Sozinha, eu suspiro e engulo em seco algumas vezes. Três meses disso. Não sei se vou aguentar. E a ideia de beijar ele apenas para manter essa farsa...

Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Lᴀs Vᴇɢᴀs||Vᴏʟ1 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ MɪᴍᴀᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora