𝐄𝐩𝐢̄𝐥𝐨𝐠𝐨

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Oito meses depois

UM;

Dois;

Três;

Quatro...

O sinal ecoou na sala e todos os alunos começam a arrumar as coisas. Alguns saem sem nem mesmo pôr os pertences nas mochilas. Muito menos esperam a professora — que agora está observando todos saírem — terminar de falar.

Fecho meu notebook e guardo na bolsa. Ao meu lado Natasha faz o mesmo. Ela se despede com sorriso gentil e sai. Vou em seguida.

— Senhorita Allen? — a voz da professora ressoa na sala. Viro-me para ela, sorrindo ao ouvir ser chamada pelo sobrenome da minha mãe.

— Sim. — desço os degraus até chegar a professora.

— Gostei bastante do seu trabalho. Queria saber se me daria a permissão para usar como exemplo nas outras turmas.

— Ah, claro. Sem problemas! — dou meu melhor sorriso a ela.

Ser uma das melhores alunas de Fotografia Publicitária é umas das coisas que me orgulho bastante ultimamente.

Saio da segurança da faculdade e estremeço com a mudança de temperatura. Mesmo com luvas, o suéter, o casaco e o sobretudo que vai até meus joelhos, estou tremendo até os ossos. Ponho minha touca de lã com um pompom rosa que Laila me deu de Natal e começo meu caminho pelo campus. Meu dormitório está a quinze minutos de distância.

Escondo minhas mãos nos bolsos do sobretudo e suspiro, conseguindo ver minha própria respiração se dissipar no ar, enquanto olho para o céu. A neve deu uma trégua, mas os últimos dias têm sido impiedosos. Assim é Boston em janeiro. É o meu primeiro inverno com neve e achei um exagero quando diziam que eu ia querer usar várias camadas de roupa.

No primeiro dia, ainda em dezembro, eu não estava preparada e fiquei doente por alguns dias. Passei o Natal comendo comida japonesa e assistindo Friends.

Estremeço mais ainda quando um vento forte bagunça meu cabelo. Eu cortei acima do ombro de novo, gostei de como o corte realça minhas feições. Mas agora não queria ter feito isso, seria melhor ter o calor dos meus fios.

Cumprimento algumas garotas quando finalmente chego ao meu dormitório, aliviada por não ter sido congelada no meio do caminho. Eu nem deveria estar aqui hoje, mas preciso pegar algumas roupas.

Já no terceiro andar, depois de virar dois corredores e esbarrar com três pessoas, chego ao quarto que divido com uma outra garota. Garota essa que está debaixo das cobertas quando entro.

— Não ia passar o fim de semana na casa do seu namorado gato? — Laila diz como cumprimento, sem tirar os olhos do livro que está lendo desde ontem. Retiro a touca e as luvas, jogando ambas em cima da minha cama, junto com a bolsa.

— Eu vou, mas preciso de roupas limpas. — vou direto para o guarda roupas. Ouço o virar da página do livro de Laila.

— Não sei por quê não moram juntos. Você passa mais tempo lá do que aqui. Às vezes acho que divido o quarto com um fantasma. — apesar do tédio em suas palavras, sei que ela não pensa assim.

— Meu namorado gato — olho para ela pelo canto do olho. — e eu não estamos prontos para dar esse passo.

Pego duas calças moletons e os três suéteres que vejo primeiro. Não me dou o trabalho de pegar meias ou moletons quando posso pegar os dele quando chegar lá.

— Qual a diferença? — Laila não tira os olhos do livro, mesmo quando lhe encaro. A pele branca como a neve lá fora é cheia de pintinhas no rosto, dando a ela um ar fofinho quando na verdade ela é brava e feroz.

Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Lᴀs Vᴇɢᴀs||Vᴏʟ1 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ MɪᴍᴀᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora