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Victor Garcia:

[...]

Acordo num lugar todo branco, olho prós lados desesperado procurando a Lorena mas nada dela e nem de ninguém, tem uns aparelhos apitando a minha volta, um monte de fio ligado em mim, uma agulhas espetadas nós meus braços, do nada a minha mão entra com umas bolas escuras em volta dos olhos e me olha assustada, ela vem correndo até mim e me abraça chorando no meu peito.

Eu: ca... Ca... Ca... Cadê a Lo... Lo... Lore ma... Mãe?- pergunto gaguejando por causa da fraqueza que eu sinto no meu corpo, ela me olha e começa a chorar mais ainda, sinto um aperto forte no peito e meu olhos já se enchem de lágrimas- mãe, por favor me responde- peço fraco, mas dessa vez não gaguejo
Carla: lamento meu filho, a Lorena não resistiu e morreu antes do socorro chegar- fala e eu começo a chorar.

Não, não, não, não, a minha Lorena não, pelo amor de Deus, por favor meu pai, me leva mas não leva ela não, eu te imploro.

No outro dia...

Agora eu estou aqui, sentando do lado do caixão que abriga o meu grande amor... Na vida eu só fui capaz de amar uma mulher, e o nome dela é Lorena Mendes, quando eu descobri que amava ela como mulher e não como irmã, eu tinha quinze anos e ela doze, a guria era uma pirralha ainda, mas quem é que manda no coração? Eu pegava as outras gurias tentando expulsar ela do meu coração mas eu fui vendo ela crescendo, ficando mais bonita, mais encorpada, vi ela criando asas e aprendendo a voar sozinha, eu só fui me apaixonando mais e mais tá ligado?! Eu tava seguindo o conselho do CG e tava correndo atrás da minha felicidade atrás dessa mulher, mas agora olha onde ela está... Morta num caixão, com a família, os amigos, os moradores da favela tudo chorando a falta que ela vai fazer e já está fazendo, e tudo por minha culpa... Se eu tivesse parado no acostamento como ela mandou ela ainda estaria viva e aqui do meu lado.

Carla: a culpa não foi sua meu filho- fala chegando do meu lado e eu nego com a cabeça ainda chorando horrores
Eu: a culpa é minha sim mãe, se eu tivesse parado no acostamento como ela mandou ela ainda está viva e aqui comigo minha mãe- falo com a voz embargada e exolodo em chorar- eu perdi a mulher que eu amo mãe, eu perdi a única mulher que eu já fui capaz de amar a minha vida inteira, eu perdi a luz da minha vida, eu perdi a minha alegria, a minha vontade de viver, eu perdi tudo mãe, eu perdi tudo- falo e ela me abraça enquanto eu olho a Lorena sem vida no caixão.

O rosto dela está todo machucado, ela está séria, ela nunca ficava séria, nem mesmo quando estava brava comigo ela ficava séria, sempre com um sorriso no rosto, o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida, ela é a mulher mais linda do mundo, s dúvidas, o sorriso, a voz, o jeito doido dela, tudo... Mas agora ela se foi e me deixou sozinho aqui na terra, me deixou sozinho com a saudade dela.

Márcia: ela sempre te amou, quando era pequena vivia falando que um dia vocês dois um dia ainda iriam se casar- fala e eu seco o meu rosto que logo é tomado por mais lágrimas
Eu: ela é simplesmente a mulher mais perfeita que já vi na vida tia, eu queria uma dia me casar com ela, ter dois filhos, quem sabe até um cachorro- falo e ela puxa uma cadeira colocando do meu lado no caixão e puxa para um abraço- agora tudo perdeu o sentido sem ela, minha vida não tem mais rumo sem ela, eu só quero ela e mais ninguém tia, ela não podia me deixar desse jeito não tia, ela tinha que estar aqui comigo tia, ela tinha que ficar do meu lado sempre tia- falo chorando olhando a minha pequena no caixão- era para mim estar no lugar dela tia, era para mim estar na merda desse caixão e não ela tia, ela me falou para parar o carro, ela me pediu para para deixar o carro no acostamento e esperar a chuva parar- falo e ela me aperta ainda mais no abraço
Tia Márcia: Deus sabe o que faz meu menino, se ele achou que essa é hora dela ir é porquê a terra não é mais lugar para ela meu amor.

Depois disso ficamos em silêncio, apenas encarando a Lorena, ela está linda, como sempre, seu cabelo longo está solto, repartido no meio e caindo sobre os seus ombros, está vestindo o vestido que eu comprei para ela usar na formatura dela, uma maquiagem leve, eu me lembro dela na formatura dela ainda, sorrindo orgulhosa de si mesmo, animada, aquele dia ela estava nas nuvens, um dos maiores sonhos dela era se formar e naquele dia ela conseguiu, e quando ela viu o pai dela, ela chorou tanto, ela estava completa, só por aquele sorriso dela valeu a pena todo o esforço que eu fiz por ela, a felicidade dela naquele dia se tornou a minha, sabe?! Mas agora eu não tenho mais o sorriso dela, agora eu não vou mais ver ela pulando de alegria a cada conquista dela, agora eu não tenho mais ela.

Julho: eu posso conversar com ele um pouquinho?- pergunta para a tia Márcia que confirma com a cabeça e levanta, o pai da Lorena se senta do meu lado e olha para a filha no caixão- ela te amava muito, se ela pudesse ela dava a vida dela por você- fala e sorri de lado me encarando- ainda me lembro da reação dela ao descobrir que você estava namorando a Danielle, ela chegou em casa chorando horrores e se trancou no quarto, enquanto vocês estavam juntos ela só ia para escola e quando voltava para casa já ia se trancar no quarto dela, eu e a mãe dela que obrigavamos ela a comer- fala e eu abaixo a cabeça e passo as mãos no meu rosto secando as lágrimas- quando vocês terminaram ela voltou a ser a mesma de antes, ela vivia dizendo que ia se casar com você e ter dois filhos e um cachorro- fala e eu sorrio olhando para a Lorena
Eu: a sua filha foi a única mulher que eu fui capaz de amar na vida- falo e abaixamos a cabeça ficando em silêncio.

É... Eu perdi a minha princesa, a minha fortaleza, a única mulher que eu amei em toda a minha vida, e o pior, eu a perdi por um irresponsabilidade minha.

Meu Pecado DeclaradoOnde histórias criam vida. Descubra agora