7. Correntes

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Eu acordei no dia seguinte numa cama improvisada na enseada. Havia um pano úmido sobre a minha testa e roupas limpas ao meu lado. Banguela andava por cada centímetro do lugar, tentando matar o tédio. Coloco as roupas e saio em disparada para a aldeia. Ela estava deserta, mas havia uma gritaria vindo da arena. Pelos deuses! Hoje é o dia que Soluço irá matar um Pesadelo Monstruoso.

Corro em direção a gritaria, a ponto de escutar o discurso de Stoico para os Berkianos.

— Se alguém me dissesse que em poucas semanas o Soluço pararia de ser... err... bem... O Soluço, para ser o melhor do treino com dragões, eu teria amarrado ele num mastro e mandando para longe por ser um doido varrido! Vocês me conhecem! — O público ri — Mas, aqui estamos, e ninguém está mais surpreso e mais orgulhoso do que eu. Hoje, meu filho se torna um viking, hoje, meu filho se torna UM DE NÓS! — Comemoraram com mais gritos e palmas.

Me dirijo até a entrada da arena, onde encontro Soluço tentando se acalmar. Eu ando até ficar do seu lado, colocando uma mão no seu ombro. Somente agora eu notei a nossa pequena diferença de altura.

— Toma cuidado com o dragão. — Peço.

— Não é com o dragão que eu estou preocupado. — Ele confessa, olhando para o pai que se sentava.

— O que você vai fazer? — Cruzo os braços.

— Dar um jeito nisso, ou pelo menos tentar. — Ele se vira para mim — Thyri, se algo der errado não deixe que ninguém encontre o Banguela.

— Não deixarei, mas... — O olho nos olhos — Prometa que não vai dar nada errado.

Ele não me respondeu, não deu tempo, pois Bocão chegou.

— Está na hora, Soluço. — Avisou — Quebra tudo.

Soluço entrou na arena. Eu subi até onde o público se encontrava e ao lado dos recrutas eu fiquei, brincando com os dedos de nervosismo.

O garoto foi até o estande de armas, pegou um escudo e uma adaga, respirando fundo e dizendo: "Estou pronto".

O pedaço da madeira que prendia a jaula foi derrubada e o dragão em chamas saiu de lá, rugindo. Ele estava irado. O Pesadelo andou pelas paredes, agora com o fogo do corpo apagado, e atirou nos vikings, que desviaram por pouco, em seguida ele subiu pelo teto de correntes e envergou o seu longo pescoço para encarar o garoto, como um demônio.

A criatura desceu do teto e ficou à frente de Soluço, avançando lentamente. O magricela dava passos para trás.

— Calma, está tudo bem, está tudo bem.

Ele joga o punhal e o escudo no chão, tentando acalmar o dragão, que rosnava baixinho. Soluço pegou o seu elmo com chifres, olhou para seu pai e jogou o objeto no chão

Eu não sou um deles.

Stoico, o chefe de Berk, se levantou de seu assento.

— PAREM A LUTA! — Ordenou.

— Não! Vocês tem que ver isso. — Soluço diz, entendendo a mão ao dragão devagar — Tudo o que sabemos sobre eles está errado. Não precisamos matá-los.

O dragão estava quase tocando a mão de Soluço, mas Stoico interrompe, berrando:

— EU DISSE: PAREM A LUTA! — Ele bate com o martelo na cerca de ferro, a entortando.

O dragão ficou em modo de ataque, ele abriu a sua enorme boca e por pouco não arrancou a mão de Soluço. O garoto grita ao quase ser queimado vivo. O Pesadelo está perseguindo-o.

Eu tento me transformar mas não está funcionando. Mas que se dane! Eu vou salvá-lo mesmo assim!

Escalo a cerca de ferro até o teto de correntes. De lá eu pulo em cima do dragão, e dele eu salto para o chão, amortecendo a queda com uma cambalhota.

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