21. Pesadelos

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Faz exatamente uma semana desde a derrota de Drago. O inverno chegou e Soluço começou a liderar Berk, cuidando dos problemas dos vikings, assim como eu e Banguela cuidávamos dos Dragonbloods e dragões.

Nós - Eu e Soluço - ainda não havíamos dado a notícia do noivado. Ainda fazia muito pouco tempo desde a morte de Stoico, e eu não acho que deveríamos comemorar tão cedo.

Por falar em Stoico, ergueram uma estátua em sua homenagem, esculpida na montanha, exatamente ao lado do Grande Salão.

Estava de noite, no meio da madrugada, as nuvens tomavam conta do céu. Eu acordei em um espasmo após um pesadelo, onde a feiticeira que me amaldiçoara rasgava a minha garganta com suas adagas já manchadas de escarlate. Respirei fundo ao perceber que não passara de um pesadelo, uma ilusão criada pela minha própria mente.

Me levantei e fui me debruçar sobre janela, sentindo o vento frio tomar conta de mim. Meus olhos deslizaram até um homem, sentado em meio a neve ao observar o horizonte. Soluço estava lá, sozinho no frio.

Ao que parece, isso virou rotina. Todos os dias ele vai até o Grande Salão e fica na entrada. Quase como um gatilho, eu sempre acordo na madrugada, logo depois dele.

Começo a me agasalhar e pego uma coberta felpuda antes de sair de casa.

Flocos de neve caíam sobre a minha cabeça enquanto eu andava até o chefe. Soluço estava de costas para mim.

Eu deixei a coberta escorregar pelos meus dedos até seus ombros. Soluço fez menção de sacar a espada quando se assustou.

— Relaxa, sou só eu. — Aviso.

Sequelas de batalha, pensei. Até hoje ainda tenho algumas de lutas passadas.

Os ombros de Soluço abaixaram, aliviando a tensão que ele sentia.

— O que faz aqui, chefe? — Questiono.

Soluço odeia quando eu o chamo de chefe quando estamos à sós. Acredite se quiser, mas o Chefe de Berk pode ser muito meloso.

Ele franziu as sobrancelhas e fez um beiço involuntário. Uma expressão cômica e adorável.

— Eu... — Soluço passou a mão por seu rosto, como se estivesse envergonhado — Eu tive um pesadelo. — Revelou em um sussurro.

— Que coincidência. Eu também tive um. — Revelei. Ele levantou o rosto para me encarar.

— Como foi? — Ele perguntou.

Eu pousei a mão na minha garganta, somente para me certificar de que ela estava realmente intacta.

— Não sei se quero contar. — Respondi — Mas e o seu? Quer falar sobre? — O empurro de leve com a lateral do meu corpo. Ele negou, sério — Então... Quer ficar sozinho?

Soluço negou novamente, olhando para o céu e enxugando rapidamente uma lágrima que caíra.

Meu coração doeu ao vê-lo assim.

— Não se faça de durão quando estiver perto de mim. — Eu pedi.

Soluço, porém, forçou as lágrimas para que não caíssem, não na minha frente.

— Você acha que ele está lá? Observando a gente? — Se referiu a Stoico.

— Eu acho que sim.

Eu me levanto e ofereço minha mão para ele, porém ele não a segura.

— Acha que ele está orgulhoso? — Perguntou novamente, levando seus olhos ao chão, fazendo uma expressão entristecida.

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