35. Prestes A Começar

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P.O.V. Nilo

Novamente já era outro dia. Eu analisava o roteiro junto à Soluço, que fazia uma careta a cada parágrafo que lia.

— Boas notícias, chefe! — Bocão se pronuncia, me fazendo dar um salto do susto — Após uma grande pesquisa, encontramos o nosso Soluço!

— Certo, na verdade eu tenho algumas perguntas sobre o personagem Soluço na história — Avisou.

— Soluço, apresente-se! — Bocão o chamou.

Detrás das cortinas do palco saiu Cabeça-Dura, ele não tinha mais a sua trança/barba, havia voltado ao seu cabelo no estilo dreadlock. Ele usava uma peruca mal colocada em sua cabeça, uma blusa de manga longa verde claro e uma calça marrom.

— Cabeça-Dura? — Soluço torceu o nariz assim como eu.

— Cabeça-Dura, nos dê um trecho! — Bocão pede.

— Ah... "Um dragão está vindo, ajuda-... Ajuda..." — Ele começou a falar sem fazer uma expressão sequer e logo perdendo-se na fala.

— "Ajuda-me"! — Bocão sussurra para ele.

— Certo. "Ajuda-me!" — Durão completou.

Soluço revirou os olhos e se preparou para sair dali, mas fora puxado por Bocão.

— Bom, muito bom! Agora corra com medo nos seus olhos. — O homem mandou. O loiro começou a mexer os joelhos como se corresse no mesmo lugar em um sapateado estranho — Olha para os joelhos dele, o passo do cordeiro! — Bocão apontou, rindo.

— Eu não corro assim. — Soluço tocou no próprio peito e depois se virou para mim — Eu corro assim?

— Corre — Concordo.

— Enfim — O chefe balançou a cabeça —, isso me leva a outro ponto. Eu li o roteiro e tenho alguns comentários: eu não acho que o personagem Soluço está tão certo... Tão heróico quanto eu era — O homem olhou para mim novamente —, eu era bastante heróico, não?

— Nem um pouco — Nego.

— Meu amigo, eu acho que temos o cara certo — Bocão empurrou Soluço com o cotovelo.

— Mas esse não sou eu! — Ele contestou.

Deslizo meus olhos para o lado e vejo Astrid se aproximar de Cabeça-Dura, ela segurava uma prancheta com um papel, provavelmente nele estava escrito uma lista do que precisava para o show.

— Ei, Soluço, eu estava... — Ela retirou os olhos do papel e fez uma cara confusa quando viu que na verdade falara com Cabeça-Dura.

— Sério?! — Ele cruza os braços. Não posso segurar uma risada histérica.

~¤~

As audições para os papéis continuaram, agora estavam decidindo quem seria Stoico.

— Boa sorte da próxima vez, Haggis! — Eu aceno para o homem que fora recusado para o papel.

— Próximo! — Bocão berrou no meu ouvido. Ótimo, agora eu estou parcialmente surdo.

— Perna-de-Peixe Ingerman se apresentando para o papel de Stoico, O Imenso. — Ele subiu no palco timidamente. Um viking que estava no alto de uma  estrutura ao lado do palco, pegou um escudo e o refletiu na chama de uma das tochas, fazendo uma luz ir de encontro com o homem. Perna começou as suas falas: — "Se eu não voltar"... Não. — Ele limpou a garganta — "Se eu não voltar, saiba que tudo o que eu sou, tudo o que eu fiz, é por você, meu querido Soluço".

— Uou! — Soluço deixa escapar — Então, vocês estão pensando o mesmo que eu? — Ele sussurrou para mim e Bocão.

— Sim... — Ele levantou o queixo e fez uma expressão séria — Isso não funcionou.

— O quê? Não funcionou?! — Repito, tentando saber se escutei direito.

— Você está certo, eu deveria fazer isso! — Bocão se levantou — Eu conheço Stoico melhor! — Ele subiu no palco e empurrou Perna-de-Peixe para fora dele — "Se eu não voltar, saiba que tudo o eu sou... Tudo o que eu fiz-..." — O homem se interrompe pois começou a chorar — Eu sinto muita falta dele! eu preciso de um momento.

— Estamos acabados — Soluço jogou as folhas do roteiro para o alto.

P.O.V. Thyri

Após três longas horas de vôo finalmente pousamos na ilha de Berk. Estava frio, nevava bastante, aposto que era época de Snoggletog.

Céus estavam todos tão diferentes, pelo menos é o que eu vejo daqui de cima.

Havíamos pousado numa das montanhas próximas a aldeia, os filhotes estavam impressionados com tudo aquilo. Nunca haviam visto neve e muito menos os humanos ou suas construções.

— Eles parecem Dragonbloods quando transformados, só que, sem as asas — Pouncer observou, virando a cabeça para o lado.

— Uhum... — Apenas concordo, tentando achar os Cavaleiros de Dragões entretanto, não os acho. Não daqui de cima. De repente um silêncio se instalou, olho para trás e percebo que os filhotes haviam sumido — Droga! — Fico em minha forma humana, com minhas asas e orelhas dracônicas a mostra, e mergulho até um palco montado próximo ao centro da aldeia. O cheiro dos filhotes estava mais forte ali.

Eu os vejo entrarem por debaixo da estrutura então logo os sigo.

— Eu não consigo abrir! — Disse Dart, arranhando suas garras num alçapão de madeira.

— Deixa comigo — Pego o punhal da minha bolsa e o uso como alavanca para abrir a portinhola.

Nós a levantamos com nossas cabeças, logo dando de cara com uma fantasia de metal do Banguela. Os Luzes da Noite rapidamente voltam para dentro do alçapão, deixando o mesmo cair com tudo em mim.

— Sério, gente? — Massageio o topo de minha cabeça, logo abrindo a portinhola novamente. Dessa vez eu dou de cara com um homem de cabelo escuro e barba da mesma cor. Eu tentei me aproximar para ver se o reconhecia mas fui puxada pelos filhotes.

— O que?-... — Ele se aproximou assim que o alçapão se fechou, nesse momento já havíamos corrido para longe.

Fomos até o início da montanha, onde encontramos uma ovelha. Ela tinha uma coleira coberta por sinos, logo o animal começou a tremer quando nos percebeu ali, então apenas passamos devagar por ela até de volta a montanha.

Olho para baixo e percebo que na frente do palco vários vikings se amontoavam, o show iria começar.

— Tia... — Dart me cutucou.

Franzo as sobrancelhas e olho para ela. A filhote apontava para atrás de mim, então eu logo me viro, dando de cara com Banguela e a Fúria da Luz.

Eles rosnaram para nós, nos repreendendo.

Os filhotes rapidamente apontam para mim.

— Como é que é? — Cruzo os braços.

Uma melodia começou a ser tocada, volto minha atenção para o palco, que agora tinha as cortinhas prestes a abrir.

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