20. Os Alfas e o Chefe

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Valka empurrou o pequeno barco, onde o corpo gelado de Stoico estava, coberto por um pano branco. Bocão retirou duas das flechas que os caçadores deixaram para trás nos pedaços de seus navios e me entregou uma delas.

— Que as Valquírias te dêem boas vindas e te levem ao grande campo de batalha de Odin. — Bocão pegou um arco e uma flecha e entregou para Soluço — Que elas cantem seu nome com amor e fúria, para que nós possamos ouví-lo saindo das profundezas de Valhalla, e sabermos que você tomou seu lugar de direito na mesa dos reis. Pois hoje um grande homem caiu. Um guerreiro, um líder, um pai... — Bocão segurou as lágrimas — Um amigo.

Soluço puxou a linha juntamente a flecha e a soltou, acertando no barco. Em seguida, todos nós erguemos nossos arcos e fizemos o mesmo.

Aquele momento pareceu irreal. Stoico, a maior figura de autoridade que eu já havia conhecido, morreu. Morreu porque eu não cheguei a tempo de impedir Banguela. Morreu porque eu não matei Drago Sangue-Bravo.

Soluço deu um passo a frente. Com as lágrimas nos seus olhos, começou a falar:

— Eu sinto muito, pai. Eu não sou o líder que você queria que eu fosse, e eu não sou o pacificador que eu pensei que fosse. — Ele encarou o chão. Segurei sua mão tentando o encorajar, já que as palavras fugiram de mim — Eu... Eu... Eu não sei.

Valka se aproximou por trás de nós, ela iria colocar sua mão no ombro de seu filho, porém, achou melhor tocar no cabelo e afastá-lo do rosto dele.

— Você chegou cedo à este mundo. Você era tão pequeno... — Ela posicionou suas mãos na própria cintura — Tão delicado, tão frágil... Eu temia que não sobrevivesse — Ela foi para a frente do filho, segurando seus ombros —, Mas seu pai... Ele nunca duvidou. Ele sempre disse que você seria o mais forte de todos, e ele estava certo. — Ela acariciou o rosto de Soluço — Você têm o coração de um líder e a alma de um dragão, só você é capaz de juntar os nossos muros. Esse é quem você é, filho.

Ela foi para o lado, dando passagem para ele. Soluço deu dois passos largos a frente, observando o barco queimar.

— Eu... Eu tive tanto medo de me transformar no meu pai. Em grande parte porque eu achava que nunca ia conseguir. Como você se torna alguém tão... Tão grande... Tão... Bravo, tão altruísta? — Uma lágrima escorregou pela sua bochecha — Eu acho que você só pode tentar. — Ele respirou fundo e se virou, agora ele parecia mais forte e confiante — Um líder protege os seus. Nós vamos voltar.

— E vamos voltar com o que? — Cabeça-Dura perguntou.

— Ugh, ele não tinha levado todos os dragões? — Cabeça-Quente bufa.

— Bem, nem todos eles — Soluço aponta para mim, Nilo, e para alguns bebês que saíam da montanha de gelo.

Eles deram as costas e montaram nos dragões. Eu permaneci ali, olhando o fogo.

— Valeu, Stoico, por tudo. Obrigado poe ter sido o meu pai, pelo menos por um tempo. — Eu fiz uma reverência, curvando-me — Você teria adorado conhecer o meu pai. — Eu suspirei e voltei a minha posição inicial — Não se preocupe, chefe, eu vou cuidar deles. De todos eles.

Olho por cima do ombro, vendo Soluço me chamar com um movimento de mão.

Por um momento, eu escutei as Valquírias bradando o nome de Stoico. Deixei um sorriso tristonho aparecer.

~¤~

Nas minhas costas estavam Bocão e Valka, e nas de Nilo estavam Perna-de-Peixe e Astrid. Melequento, Soluço, Eret, Durão e Quente iam nos dragões bebês. Haviam outros bebês que nos seguiam também, já que em hipótese alguma se separariam de seus irmãos.

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