Enquanto as embarcações eram descarregadas e havia aquela agitação de homens gritando, cavalos relinchando, um grande movimento, avisei ao príncipe que iria na frente, e junto comigo iriam o governante da Ilha, alguns soldados e o general Jin-Woo. Precisávamos nos encontrar com o exército que estava em terra, por isso cavalgamos rapidamente à planície do Rio Han, onde seria travado o combate. De onde eu estava olhando era nítido que as tropas já estavam se organizando. Fiquei muito satisfeito ao ver que o acampamento estava evoluindo rapidamente, aquilo era um bom sinal, pois significava que os homens estavam animados para uma batalha. Percebia que havia mais homens do que eu havia previsto, que mostrava duas coisas: a vontade de lutar e a insatisfação com o atual imperador. E este sentimento iria servir para impulsionar as tropas a lutarem bem, pois existia uma causa real, pois eram homens de todas as classes de nosso país, desde simples fazendeiros, até alta patente do exército real que havia se rebelado contra o atual imperador. Tudo isso era muito bom. Assim que chegamos ao acampamento fomos recebidos na companhia do marechal Mal-Chin, antigo marechal do Imperador Pai, mas eu sabia por fontes que ele era um grande amigo e confidente da Rainha Mãe, provavelmente a sua presença ali era para fazer de tudo com o intuito de salvar os seus netos. Assim que apeamos dos cavalos um pequeno exército, com armas em punho, correu em direção ao general Jin-Woo e o derrubou, então o marechal saiu de dentro da tenda e disse alegremente:
- Aha, vejo que você nos trouxe um presente mestre Rocky!
Pisquei, confuso. Sobre o que ele estava falando? E o que raios eles estavam fazendo com o general?
- Bom dia marechal – falei, o mais calmamente possível – como era de se esperar, o senhor já está tomando os devidos preparos. Astuto como sempre Mal-Chin – ele sorriu, satisfeito.
- Agradeço pelos elogios mestre Rocky. Devo deixar bem claro que não sou só eu que já estou me preparando, sei que você trabalhou arduamente na Ilha – eu sorri em agradecimento. Então ele se virou para o governante, parado ao meu lado – E você deve ser o governante da Ilha Jeju. É um prazer conhecê-lo Alteza – ele se curvou.
Yoongi sorriu e respondeu:
- É um prazer conhecê-lo também. Gostaria de ter tido a oportunidade de conhecer o grande marechal da Rainha Mãe em outro momento, não no meio de uma crise.
Mal-Chin se aproximou do governante, passou o braço pelo ombro do mais jovem e depositou uns tapinhas ali.
- Você sabia meu rapaz, que eu tive a oportunidade de estudar com o seu avô na Academia Real? Um homem inteligente, astuto.... Tivemos grandes aventuras. Também conheci o seu pai! E quase que o destino fez de você meu neto, porém, acho que cheguei tarde demais – ele soltou uma risada grossa – Vejo que você é igual o seu avô! Herdou os melhores genes dele! Astuto, inteligente, sábio, um guerreiro nato! Já é governante de uma Ilha inteira, mesmo sendo tão jovem! Que orgulho!
“Por Confúcio, o que eu estou fazendo aqui? Antes eu tivesse vindo sozinho! É capaz de meus ouvidos começarem a sangrar daqui a pouco! ”
Dei uma olhada para o lado, e vi o primo de Yoongi, Oh Se-hun. Percebi que, enquanto o governante se inflava de orgulho, o primo ria e eu também e o general, ajoelhado e sendo hostilizado pela tropa particular do marechal. Eu precisava assumir as rédeas da situação, antes que ficasse pior. Antes que eu pudesse me manifestar, o marechal se dirigiu ao primo, que no mesmo instante ficou sério.
- Vejo que uma grande companhia se uniu a nós, o grande Oh Se-hun, herdeiro do trono da família Oh, conhecida por suas incríveis habilidades na batalha. Acredito que você deve ser um ótimo guerreiro também, posso ver que irá nos ajudar muito no campo de batalha. Vejo também que você trouxe seus homens...
- Sim – Se-hun respondeu – mas esta é apenas uma parte, o resto ainda está vindo por terra, devem chegar nesta semana. É um grande privilégio poder lutar com o senhor – ele fez uma reverência.
Eu percebi que aquele momento foi a hora do marechal sentir orgulho:
- Que é isso meu rapaz! Somos todos valentes aqui!
Mas uma vez fiz uma tentativa de interromper o marechal. No instante em que abri a boca ele se virou para mim e disse:
- Como é de se esperar mestre Rocky, a sua reputação o precede! Vejo que trouxe para nós o general do exército particular do atual imperador. Magnífico! Gostaria de ter mais homens assim ao meu lado – ele direcionou um olhar aos seus auxiliares, percebi que todos se sentiram constrangidos e abaixaram a cabeça.
- Sinto lhe dizer isto, porém, o senhor cometeu um engano.
- Perdão? – Seu sorriso se encurtou.
- Jin-Woo – apontei para o general, que ainda se encontrava no chão – não é um inimigo.
- Mas ele...
- Jin-Woo pode ser várias coisas, mas não é nosso inimigo, não mais. Ele traiu o atual imperador, e agora ele luta do nosso lado.
- Como você pode ter certeza de que ele não é um espião do inimigo?
Respirei fundo e então comecei a contar a história do general conosco:
- Inicialmente, Jin-Woo foi enviado atrás dos príncipes com a finalidade de matá-los, porém, seu bom caráter e seus princípios o impediram de fazer isso. Ele sofreu muito ao tomar a decisão de se posicionar ao nosso lado, perdeu seu posto e a sua segurança. Durante o período em que permanecemos na ilha, Jin-Woo, além de nos ajudar com os treinos e com a coordenação das tropas, nos salvou de um desastre. Ele salvou a vida do príncipe Eun-Woo. Isso já foi o suficiente para provar que ele realmente está do nosso lado – respirei fundo – e se isso ainda não é prova o suficiente para o senhor, devo lhe dizer que até mesmo o atual imperador tem conhecimento da traição de Jin-Woo, tanto que ele fez questão de enviar um designatário que humilhou e ofendeu o nosso general.
- Mestre Rocky, como disse, gostaria de ter mais homens como você ao meu lado – o marechal falou – mas, como você pode ter certeza de que tudo isso não passa de uma encenação, pois afinal, Yeonsangun é conhecido por esse tipo de baixaria.
Suspirei mais uma vez e o encarei seriamente.
- Senhor marechal, eu esperava que o senhor não duvidasse de minhas palavras. O que me traz grande tristeza ao coração, que tenhamos que chegar a este ponto – retirei de minha manga uma carta com um selo do príncipe Eun-Woo – já se preparando para isto, o príncipe escreveu esta carta, confirmando que o general Jin-Woo é de total confiança da família real.
Foi então a vez do marechal de se sentir constrangido, o que não era uma cena muito agradável, pois ele era respeitado por todo o reino.
- Realmente, o senhor precisa de auxiliares melhores.
O marechal então pegou a carta e viu o selo do príncipe. Ele a abriu e a leu, os olhos correndo rapidamente pelo papel. Ele então pediu perdão e ordenou que o general Jin-Woo fosse solto.
Já liberto, Jin-Woo se manifestou pela primeira vez:
- Apesar do mal-entendido, eu ainda o admiro grandemente marechal – Jin-Woo sorriu – eu sei que, sendo também um oficial do exército, faria a mesma coisa. – Então ele fez uma profunda reverência, que o marechal retribui com outra reverência.
- Sempre te admirei rapaz, e agora, mais ainda. Conheço a sua competência e a sua bravura, e me alegra muito o coração que você continua sendo um general competente, um ótimo soldado em batalha e um grande homem.
Naquele momento percebi que a tensão de antes havia se dissipado, mas ainda precisávamos tratar da tática de combate e precisávamos saber como os preparos estavam indo. Por isso fomos andar pelo acampamento, que ainda estava em formação.
Estávamos todos juntos, caminhando por entre o acampamento, observando a planície tomar forma enquanto os soldados guardavam suas armas, treinavam e erguiam os locais onde iríamos descansar. Até que vi Jin-Woo se afastando de nós, indo ao encontro de um grupo de soldados, seus antigos companheiros no palácio, traidores, assim como ele. Fiquei parado observando eles conversarem enquanto Mal-Chin mostrava animadamente o acampamento para os primos. Os soldados aparentavam estar muito contentes em reencontrar o seu antigo general e Jin-Woo compartilhava da mesma animação. Porém, vi que Jin-Woo teve uma abrupta mudança de temperamento. Seu punho foi cerrado ao lado do corpo e seu rosto congelado em uma expressão de preocupação, culpa e raiva. Oh não. Ele havia descoberto o que ele não devia. Ainda não era a hora de ele saber. Aquela revelação poderia nos colocar em uma situação complicada pois poderia se tornar uma distração para Jin-Woo, colocando em risco sua própria vida. “Ele não podia ter descoberto, não ainda. Preciso avisar o príncipe do que aconteceu”
VOCÊ ESTÁ LENDO
The beginning of a new era
ФанфикVocê está com medo, princesa? Ao sair da capital, em um barco de um desconhecido, rumando para um futuro incerto, a princesa Hwawan não imaginava que ela se tornaria líder de um poderoso exército e nem que ela se apaixonaria por um misterioso capitã...