- Dá para você ficar quieto Sanha? Está me deixando nervoso.
- Como é que eu vou ficar quieto com uma batalha prestes a começar? – Ele falou enquanto andava pelo consultório, fazendo com que sua muleta batesse no chão repetidas vezes. O som produzido era tão irritante que parecia que um martelo estava batendo em minha cabeça.
Desde que chegamos ao local em que iríamos atender os feridos em batalha, Sanha não parou quieto nem um minuto. Nem a perna ainda em recuperação o fazia parar de andar pelo consultório. Checando milhares de vezes as ervas, os pedaços de tecido, os instrumentos e todas as outras coisas do consultório.
- E afinal, nervoso estou eu! – Ele retrucou - Ver você aí deitado está me enervando Myungjun! Aí não é o seu lugar!
- Eu estou aproveitando os minutos finais de paz que eu tenho. Pois afinal, depois que aqueles tambores soarem não teremos mais sossego.
Ele revirou os olhos e falou bem baixinho: "Você está com preguiça, isso sim".
- Como é que é? – Falei, me sentando na maca – Tenha mais respeito com os mais velhos seu ingrato! Continue me insultando assim e você vai ver só! Pois afinal, eu não sou médico, eu posso ir embora na hora que eu quiser, mas você não! E eu quero ver só, se você andar tanto e acabar arregaçando a sua perna eu não vou te ajudar dessa vez! Então ou você senta logo ou eu quebro essa muleta na sua cabeça!
Ele resmungou alguma coisa e enfim sentou. Ele mal colocou a muleta de lado quando ouvimos os tambores que anunciavam o início da batalha. O médico prontamente se colocou em pé.
- Senta – sibilei e ele obedeceu. Eu já estava nervoso o suficiente, se ele voltasse a andar com aquela muleta eu arrancava meus cabelos.
- Você ouviu isso Myungjun? Você ouviu isso?
- Ouvi Sanha – falei o mais calmamente possível, porém meu coração estava a mil.
" Graças a Buda que eu não estou lá na frente de batalha".
Logo eu pude ouvir o som dos cascos dos cavalos no chão. Então havia realmente começado. Pelo meu bem, do Sanha e dos pacientes eu tinha que me acalmar. Repeti uma coisa que minha mãe havia me ensinado a fazer quando eu era criança e tinha medo de que monstros se escondessem nas sombras do meu quarto, prontos para me pegar quando eu adormecesse. As palavras de minha mãe eram como um bálsamo e a sua voz em minha mente me trouxe um pouco de paz. Me lembrei de uma vez que ela entrou em meu quarto durante a noite e me encontrou com o rosto coberto de lágrimas.
- O que aconteceu, meu querido? – Ela falou enquanto se abaixava ao meu lado e me envolvia com seus braços.
- U-um m-monstro – respondi.
- Aonde que tem um monstro, filho?
Eu apontei para um canto do meu quarto. Ela se levantou e se direcionou para o lugar que eu apontei. Eu entrei em pânico, acreditando que o monstro iria pegá-la e levá-la para o mundo dele, fazendo com que eu nunca mais a visse. Antes que eu pudesse pedir que ela parasse, minha mãe pegou uma lamparina e a acendeu, a luz inundando a escuridão.
- Viu só meu querido, não precisa ter medo – ela voltou para o meu lado. – Mas, pense comigo Myungjun. Se você estiver em alguma situação que você não tiver a lamparina – ela desligou a luz – O que você faria?
- Iria ficar no lugar em que eu estou e esperaria o monstro ir embora– respondi, como se fosse óbvio.
- Certo...mas e se por acaso você tivesse uma lamparina, você iria acendê-la, não ia?
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The beginning of a new era
FanficVocê está com medo, princesa? Ao sair da capital, em um barco de um desconhecido, rumando para um futuro incerto, a princesa Hwawan não imaginava que ela se tornaria líder de um poderoso exército e nem que ela se apaixonaria por um misterioso capitã...