Capítulo 22 - Eun Woo

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A porta de meu quarto se abriu com um rangido e uma figura feminina apareceu atrás dela. Minha
irmã apareceu em um turbilhão de seda, carregando um iluminado sorriso no rosto. Em breve palavras ela me convidou para dar uma caminhada pelos parques do palácio junto com ela. Rapidamente concordei em acompanhá-la e então nos retiramos do quarto. O Sol sangrava no horizonte, tingindo as árvores com sua luz vermelha, que cintilava entre as folhas. Enquanto caminhávamos um certo silêncio reinava, até que paramos nos muros que cercavam o palácio, e dali podíamos avistar o mar, que cintilava. Foi quando ela quebrou o silêncio e disse:

— É muita loucura pensar que daqui alguns dias estaremos em um barco cruzando os mares de volta à nossa terra natal. Só que atualmente, os propósitos são diferentes, não somos mais príncipes, estaremos retornando sem o nosso título, estaremos retornando, não como filhos do imperador, mas sim, como traidores e fugitivos. A nossa frente estará a maior batalha de nossa vida, uma batalha que será travada não somente com o propósito de recuperar nossos títulos, mas trazer liberdade para um povo oprimido e dar fim a um período de opressão, terror e loucuras. E atrás de nós, virá a dúvida: estaremos caminhando para um novo período de paz,liberdade e prosperidade, ou estaremos marchando rumo ao nosso túmulo, levando conosco um povo já oprimido, que escolheu acreditar em nós e recuperaram sua esperança por nossa causa?

Enquanto isso eu olhava para minha irmã, e via uma seriedade e uma rusga de preocupação com a qual eu também me identificada. Pude ver em seu olhar, uma coisa que não existia antes, e essa coisa, era a determinação e perseverança. Mudamos muito desde a nossa saída da capital. Minha irmã e eu passamos por coisas que nunca imaginamos que aconteceriam com a gente, esses acontecimentos nos transformaram, mudaram nosso caráter. Nós não éramos mais os príncipes ingênuos e inocentes de antes. Minha irmã carregava a responsabilidade pela vida de milhares de pessoas, e isso cobrava seu preço. Em baixo de seus olhos olheiras negras ganhavam seu espaço e seu olhar mudou. Seus cabelos estavam mais compridos e seu rosto apresentava fracas marcas de expressão. Seu olhar transmitia sabedoria, como uma imperatriz. Em seus olhos, havia uma paz, uma paz que ela transmitia para todos aqueles que iriam lutar, porém, eu podia ver, bem no fundo de seus olhos, uma tempestade se formar, carregando todas as preocupações e obrigações dela, esse olhar, ela nunca mostrava para ninguém, tentava ao máximo escondê-lo, porém, eu sabia como ela estava se sentindo. Ela cresceu muito, mas eu também. Não era mais o mesmo príncipe quieto e franzino de antes. Pude vislumbrar um mundo que antes havia me sido negado, um mundo real, um mundo hostil, um mundo onde as pessoas passavam por fome, trabalho forçado, escravidão, injustiças, pude presenciar a vida dos mais simples, ouvir as suas queixas e os seus anseios, por fim, tive contato com o mundo real e ele não era nada parecido com aquilo que me contavam atrás dos muros do palácio. Pude ver a bondade e a maldade, lado a lado, o desespero e a esperança, a violência e a alegria, e mais do que tudo isso, pude encontrar pessoas que tinham a mesma esperança que eu e os mesmo anseios. Sim, a responsabilidade também estava sob meus ombros, eu sabia que tudo podia dar errado, mas eu não deixava de ter esperança. Claro, eu sentia uma pressão, uma cobrança, não só dentro de mim, mas das pessoas que estavam ali, conosco, aqueles muitos homens, mas também pude sentir a força da determinação, em mim e neles também. Não sei dizer ao certo se sentia saudade do passado, claro, sentia saudade dos meus livros e daquele mundo de fantasia que eu vivia, daquela tranquilidade e daquela paz, mas nós não podemos viver assim para sempre, não é mesmo? Eu ainda sabia que eu tinha muito a caminhar, muito a aprender, muito e muito a errar, mas eu tinha certeza que os laços que estávamos fazendo naquele momento, eu e minha irmã, seriam fortes o suficiente, para tudo aquilo que viria…

— Eun Woo? Eun Woo?! Tá aí? 

— Claro que estou aqui — retruquei, confuso — Onde mais estaria? 

The beginning of a new eraOnde histórias criam vida. Descubra agora