Capítulo 20 - Taehyung

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O navio havia acabado de atracar no porto do rio, me permitindo avistar a capital. Soltei um suspiro e desci do barco, olhando fixamente para o meu objetivo: o palácio. Avancei discretamente pela cidade, sempre atento aos guardas que faziam a ronda. Ao chegar no palácio, pulei e alcancei a beirada do muro. Me impulsionei para cima e cai suavemente sobre uma floreira que lançava seus ramalhetes floridos contra o muro. Eu estava na cova dos leões naquele momento e eu era a presa. Fiz uma rápida prece e pedi proteção a Buda. Respirei fundo e avancei nas pontas dos pés, em direção a ala dos soldados. Não era uma tarefa fácil. Eu não podia deixar que os conselheiros me vissem, pois seria o meu fim. Tinha que ser discreto como uma sombra. Me esquivei por entre as construções do complexo real e me esgueirei sorrateiramente até a ala onde os soldados ficavam. Entrei e fechei a porta delicadamente atrás de mim, evitando fazer muito barulho. Finalmente pude soltar a minha respiração e suspirei de alívio. A escuridão dominava o local, sendo atrapalhada somente por pequenos feixes de luz que dançavam pelo piso, provenientes da única janela que se encontrava parcialmente coberta com um tecido. No momento em que eu dei um passo em direção ao centro do local uma mão foi colocada sobre minha boca e levei um soco no estômago, fazendo uma lufada de ar escapar de meus lábios. A pessoa me conduziu até a luz, permitindo que meu rosto fosse visto com mais clareza. Ao olhar para mim ele arregalou os olhos e falou:

— Tenente Taehyung! — ele rapidamente me soltou e se curvou — Perdão, não o reconheci senhor.

— Levante-se Kwan. — falei, tocando gentilmente seu ombro — Não precisa se desculpar. Fico feliz em saber que vocês aprenderam com o treinamento. — abri um sorriso solidário que ele retribuiu com um sorriso maroto e se levantou.

— Pessoal! — ele falou alto, fazendo sua voz ecoar pelo local — Não é nenhum invasor! O tenente Taehyung voltou! 

Vários soldados começaram a sair das sombras, a espada em punho. Lentamente eles foram me reconhecendo e largaram as armas, até que todos se encontravam ao meu redor. 

— Senhor! Você voltou! — Hyeon, o mais jovem dos soldados, falou, maravilhado — Eu sabia que você não iria nos abandonar. 

— Sim, meus amigos, eu retornei. Porém tenho pressa. Não posso ficar aqui por muito tempo. Explicarei melhor depois. Me encontrem no armazém das docas assim que a noite cair. Provocarei um tumulto no local para que vocês possam ter um motivo para saírem do palácio — eles assentiram sem questionar — Tenho que ir agora, espero vocês daqui a algumas horas.

Dito isso todos se curvaram e se despediram rapidamente. Me virei e saí dor armazém. Olhei ao redor e vi que ninguém me observava. Impulsionei minhas pernas para a frente e corri o mais rápido que pude. Minutos depois eu estava de frente para o muro do palácio. Felizmente eu consegui sair sem que ninguém me visse. A primeira parte estava completa. Só me restava esperar.

O Sol se punha em uma explosão de rosa, vermelho e laranja, indicando que logo os soldados iriam aparecer. Era a minha deixa. Anteriormente eu havia pedido para que alguns dos meus contatos iniciassem uma manifestação contra o imperador, pacífica, obviamente. Aquilo seria o suficiente para que um considerável contingente de soldados fosse interceptar o movimento. Sinalizei para que o movimento fosse iniciado e segundos depois uma explosão de pessoas marchava pelas ruas, berrando por justiça. A confusão estava feita. Corri até o escuro armazém e aguardei a chegada dos soldados. O silêncio predominava no local, sendo interrompido somente pelo insistente gotejar da água que escorria pelas paredes. O ar era úmido e impregnado com cheiro de peixe, bebida e água salgada. Pouco tempo depois um corpo apareceu na frente do armazém. Era o primeiro a chegar. Fui em direção ao soldado e ele fez o mesmo. Os passos ecoando pelo local.

The beginning of a new eraOnde histórias criam vida. Descubra agora