Entrei na minha cela sem falar nada.
A policial ficou me olhando, quando percebi que ela não havia ido embora a olhei e também percebi que mais ninguém estava lá.
- Onde foram todas elas? - perguntei quebrado o silêncio
- Foram arrebatadas. - ela disse e arregalei os olhos
- Até as víboras? - eu perguntei e ela riu-se
- Brincadeira, elas estão no pátio. Vem comigo.
Eu a segui até o pátio em que estavam todas as pressas, algumas conversam outras caminhavam de um lado para o outro. Algumas brigavam outras jogavam futebol com bolas mais que cansadas, eram doadas e isso justificava o estado delas.
Eu também caminhava silenciosamente, quando um rosto familiar me chamou a atenção. Era Rita.
- E aí? - eu a comprimentei me sentando ao seu lado
- Onde você estava? Te procurei. - ela disse alegre
A alegria dela me espantava como ela poderia estar alegre e feliz dentro de uma prisão. Ela era a única naquele lugar em quem eu conseguia ver um sorriso verdadeiro.
- Como você consegue sorrir dentro deste lugar? - eu disse olhando em volta - Até parece que você gosta daqui credo.
- Não, não gosto de ficar aqui presa. - ela disse depois de soltar um leve sorriso - Mas a minha alegria e felicidade não dependem do lugar em que estou.
- Depende de quê então? - eu perguntei olhando pra ela que olhava para o nada
- Deus. - ela disse apenas isso e olhou no fundo dos meus olhos
- Ahhh está certo. - eu disse seca - Da outra vez você não me respondeu... Porquê você está aqui?
- Eu vendia e consumia drogas em Colômbia. - ela disse e baixou o rosto
- Como você começou ou entrou nesse mundo? - eu perguntei
- Eu me envolvi com um traficante de drogas muito poderoso em meu bairro, minha família nunca gostou nem aprovou nosso relacionamento porque mais tarde comecei a consumir drogas. Meu pai me trancava em casa para que não saísse então eu meu namorado combinamos de ir embora para Colômbia ele passou de minha casa de madrugada, nós fomos até lá e enriquecemos muito mas como sempre essa vida nunca acaba bem fomos presos em flagrante com cinco kilos de maconha em nossas malas no aeroporto indo a Miami então é por isso que estou aqui. - ela contou
- E seu namorado?
- Ex... Ele foi morto em uma briga na cadeia. - ela disse e suspirou
- Que desastre. E Porquê você falou de Deus? - eu perguntei sarcástico
- Porque Ele É Grande, bom e tem me guardado. - ela disse com um sorriso
- Se Deus fosse eu não teria sido estuprada e também as pessoas inocentes não estariam pagando por crimes que não cometeram, não haveria fome, guerras estaríamos em paz! - eu gritei mas ela não se exaltou continuou calma o que mais me chamava a atenção nela
- As coisas não são assim Hanna, a paz não está no mundo está dentro de nós até pode não haver guerras mas as pessoas jamais terão paz sem Deus. Deus não gosta de ver o sofrimento de ninguém mas Deus também é justo cada um colhe o que planta, infelizmente tem pessoas maldosas e os bons na maioria das vezes pagam pela maldade dos outros... - ela disse e me concentrei em suas palavras
- Todas na sala de refeição em cinco minutos! - gritou uma das policiais que guardava o pátio
- Vamos? - eu perguntei me levantando e a ajudei a fazer o mesmo
Fomos matabichar, e Víbora estava bem longe de mim por isso não houve confusão dessa vez mas da próxima que ela vier eu não responderei por mim.
- E você? - Rita perguntou enquanto caminhavamos devagar com as mãos no bolso em direcção ao pátio depois do café
- Eu oquê? - eu perguntei
- Como você veio parar aqui? - ela perguntou e paramos no meio do corredor
- Ahhh isso... - eu disse e revirei os olhos - Eu fui estuprada por.... - eu contei enquanto ela estava boquiaberta
15min depois...
- Graças a Deus você não chegou a matar ninguém...
- ela disse e voltamos a caminhar- Nada disso, eu queria e deveria matar todos eles da forma mais cruel. - eu disse olhando para o nada com um olhar maldoso
- Mas e se... - ela não terminou a frase e um sino tocou
Olhei pra ela confusa...
- Eu não tive tempo de te falar mas aqui tem alguns cursos para nós. - ela disse
- Cursos? - perguntei com os olhos arregalados e ela afirmou com a cabeça - Que cursos?
- Vários! - ela disse empolgada - Vem comigo.
- Não, obrigada eu prefiro voltar pra cela. - eu disse cabisbaixa e fui embora sem me despedir
Passei horas sozinha sob o colchão cheio de poeira no chão sujo e infestado de baratas.
Fiquei a noite inteira pensando sobre o que Rita falou.
___________________________Revisado!
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A Vingança de Hanna: O Renascimento
Mystery / ThrillerSobreviver quando tudo que se quer é morrer, perdoar quando o desejo é matar, sorrir quando o desejo é chorar. Quando a dúvida bate a porta do coração e a loucura da incerteza invade a mente, navegar contra a maré da dor e angústia, almejado uma ale...