HORMÔNIOS

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A noite estava quente. Naruto revirava-se em seu futon, incapaz de pegar no sono. A imagem de Hinata, ao sair do banho, não lhe deixava a cabeça, por mais que tentasse não pensar nisso e nas sensações despertadas então. Calor. Ansiedade. Desejo. Nunca pensara muito a fundo sobre a relação romântica entre um homem e uma mulher. Aquilo que existe além do que se vê. Sabia, por alto, que, em grande parte, os livros do Ero Sennin tratavam desse assunto, embora nunca os tivesse lido. Agora, no entanto, estava curioso. Beijar Hinata era maravilhoso, mas, a cada vez ele ansiava por mais, embora não soubesse, ao certo, o que esse mais significasse.
A moça na cama ao lado encontrava-se num estado de espírito semelhante. A lembrança da eletricidade que percorreu seu corpo ao tocarem-se, pouco antes, ainda reverberava em cada célula de si. Mesmo sempre tendo desejado estar ao lado de Naruto, não tinha, até então, noção alguma do quanto namora-lo poderia ser intenso.
Após muito custo e muitas mudanças de posição, o casal finalmente havia pegado no sono. Por pouco tempo. Era alta madrugada quando Naruto despertou ao som de grunhidos que vinham da cama. Assustado, pôs-se rapidamente de pé e ligou o abajur. Hinata debatia-se nos lençóis, suando copiosamente e chorando, de olhos fechados. Um pesadelo. Naruto sentou ao seu lado, chamando baixo, com medo de assusta-la ainda mais. Não obteve sucesso. Chamou mais alto, sacudindo-a, de leve.
- Hinata, Hinata! Acorde! É só um pesadelo...
A garota finalmente despertou, o olhar perdido e confuso, observando ao redor e, por fim, pousando os olhos em Naruto. Atirou-se em seus braços, ainda chorando. Naruto abraçou-a, acariciando suas costas.
- Shhhhhhhh... foi só um pesadelo, já passou... estou aqui com você, está tudo bem.
Hinata afastou-se um pouco, encarando o ninja.
-D-desculpe, Naruto-kun... Às vezes eu tenho esse pesadelo... revivo toda a morte do Neji... me sinto tão impotente, como naquele dia...
Naruto acariciou seu rosto, limpando seu suor e lágrimas.
- Não se sinta assim! O Neji não ia querer isso. Morreu de forma honrada, pra nos proteger! Lembra do que ele disse? Que escolheu seu próprio destino. Ficar sofrendo assim não vai deixar a alma dele descansar em paz! - Naruto falou aquilo com um nó na garganta, já que ele mesmo passava noites em claro culpando-se pela morte do amigo. Mas não queria ver Hinata sofrer daquela forma.
Mais calma, Hinata assentiu.
- Eu vou buscar um copo d'água pra você.
- NÃO! - Hinata exclamou, segurando o pulso do rapaz, impedindo-o de levantar-se. - Por favor, não me deixe aqui sozinha... Quando tenho esses pesadelos, sempre acabo indo até o quarto da Hanabi, pra dormir com ela...
- Tudo bem, tô aqui, não vou deixar você. Deite. Vou fazer carinho até você dormir.
A Hyuuga deitou-se de lado, de costas para ele, mas dando espaço para que ele se acomodasse. Naruto deitou-se ao seu lado, a cabeça apoiada na mão, com o cotovelo dobrado. Com a mão livre, acariciava as madeixas negras.
- Sabe, Hina, eu amo tocar seu cabelo. É tão macio...
A kunoichi fechou os olhos e sorriu. O comentário aqueceu seu coração, fazendo o caminho de volta ao mundo dos sonhos tornar-se fácil e rápido.
Quanto ao nosso ninja número 1, este aproveitou para observar, na penumbra, os belos traços do rosto da morena, em uma expressão relaxada, com a sugestão de um sorriso nos lábios. Sentiu-se imensamente satisfeito por ser o responsável por acalenta-la e nina-la, e um desejo de fazer aquilo para o resto da vida cresceu dentro de si. Logo havia adormecido também.

Os raios da aurora penetraram o quarto, praticamente sem filtro, através do claro tecido das cortinas, despertando Hinata. Ela tentou mover-se, porém sem sucesso. Seu corpo estava preso. Na confusão matinal, não soube o motivo daquilo e levantou a cabeça, assustada, para verificar a situação. O braço de Naruto agarrava sua cintura, enquanto uma perna estava sobre as suas. Memórias do pesadelo vieram à tona. A tentativa de movimentação de Hinata pareceu despertar levemente o ninja, que balbuciou palavras ininteligíveis, apertando-a ainda mais, contra o peito. Aquele era o dia de folga de Naruto. Ele havia dormido tarde, pois ela havia escutado sua movimentação incessante no futon ao lado e depois ainda tinha a acudido, durante a madrugada, de seu pesadelo. Ele estava cansado. Não querendo acordá-lo, Hinata resignou-se e ficou parada, sentindo o vai e vem do peito dele em sua costa, enquanto a respiração profunda batia de encontro ao seu cabelo e nuca, eriçando os pelos da região. Seu corpo reagia de forma extrema e automática a qualquer pequeno contato com o corpo de Naruto. Em todos os seus sonhos, nunca imaginara aquele cenário. Sabia que as coisas estavam saindo do controle. Nunca imaginou-se armando estratégias para enganar os guardas, a fim de que o namorado passasse a noite em seu quarto, muito menos em sua cama. Sentia-se culpada. Culpada por estar enganando o pai e, mais ainda, por estar gostando. Não de enganar ninguém, mas de estar ali, sentindo o corpo dele tão próximo ao seu. Não sentia-se preparada psicologicamente para lidar com sentimentos tão conflitantes.
Após alguns minutos apenas aproveitando o caloroso abraço do amado, Hinata ouviu-o novamente pronunciar palavras incompreensíveis no sono, sendo que, a única que conseguiu distinguir foi a última:
- RASEGAN!
Hinata tentou arduamente se segurar, porém não conseguiu conter o riso. Colocou as mãos sobre a boca, abafando o som, mas seu corpo chacoalhava. Aquilo finalmente despertou o Uzumaki. Piscou algumas vezes. A primeira visão que teve foi dos cabelos intensamente negros a roçar-lhe a face, desprendendo perfume. Percebeu então que abraçava Hinata, sentando-se, de supetão, surpreso.
- Eeeh?!? Hi-hinata... e-eu dormi aqui, na sua cama?
- S-sim - respondeu a kunoichi, sentando-se também e limpando uma lágrima, proveniente do riso.
- D-desculpe, eu devo ter adormecido sem perceber...
- N-não tem problema...
- Espera, você estava rindo?
- S-sim... É porque você gritou Rasengan...
- Eu estava falando dormindo era? - o ninja falou, coçando a nuca e corando, encabulado.
Hinata assentiu, sorrindo. O que acabou levando os dois a caírem na gargalhada.

Aprofundando laços - NARUHINAOnde histórias criam vida. Descubra agora