LAÇOS

674 55 26
                                    

Era um lindo dia para um casamento. O sol, como um ator em um um monólogo, brilhava, protagonista, num céu inteiramente azul, livre de qualquer nuvem. Em contrapartida, a temperatura era extremamente agradável e uma brisa fresca dava o ar da graça. As cerejeiras em flor reinavam, soberanas, mas todas as outras árvores que floresciam contribuiam para o espetáculo. Não era apenas a natureza em si que parecia vibrar. Havia uma alegria latente pairando, cálida, sobre Konohagakure.
Ao fim das contas, o Rokudaime havia chegado a uma solução bastante satisfatória, permitindo, assim, que todos os conterrâneos pudessem comparecer à recepção de bodas. Cada vila oculta emprestara um número de Shinobi para garantir a segurança da Aldeia naquele dia. Claro, o mérito também era um pouco do próprio Naruto. Se a paz entre as nações permitia aquele tipo de acordo naquele momento, muito se devia a ele.
Hinata acordou com um frio na barriga. Acordar não era exatamente o termo certo, afinal, a ansiedade não lhe permitira uma noite plena de sono. Ainda assim, era uma ansiedade boa. Um frio na barriga de quem estava vivendo um sonho. E era exatamente como se sentia. Dali a alguns anos, ela não se lembraria dos detalhes das horas que antecederam o enlace, pois seu coração estava transbordando tanto de emoção, que não deixava que ela se atentasse a eles.
Naruto estava feliz. Não havia outra palavra que o definisse naquele momento. Ele possuía a sensação de que vencera na vida. De que tudo em sua vida se encaminhava da melhor forma possível, apesar de todos as tristezas do passado e, talvez por isso mesmo, ele considerava-se o maior afortunado do mundo. Ele só tinha gratidão por seja lá qual fosse a força maior que regia tudo. Em breve, muito breve, daria mais um passo rumo à felicidade. Formaria a sua própria família. Konoha era a sua família e ele possuía a voraz vontade de fogo de proteger a cada um da Aldeia com a sua própria vida, mas achava importante ter a sua família. O seu lar. Hinata era o seu lar.

Os convidados começavam a chegar. Civis, Gennins e Kages, todos reunindo-se da maneira mais amigável. Na véspera, Temari e Shikamaru haviam se reunido com Gaara. Havia sido uma conversa um pouco constrangedora. Falaram sobre sentimentos e planos para um futuro juntos a um Gaara impassível, que não movera um músculo facial até que o discurso previamente ensaiado e reensaiado houvesse terminado por completo. Tudo para, no fim, o ex-jinchuuriki dizer que aquilo nunca fora segredo para ninguém, muito menos para ele. Ele revelou que já recebera propostas de casamentos arranjados para Temari algumas vezes, mas rechaçara todas. Pelo motivo de saber que estavam juntos e, principalmente, por conhecer a irmã e saber que, embora amasse Sunagakure incondicionalmente, não se sujeitaria a um casamento arranjado por motivos políticos. No entanto, ele sabia que, enquanto ela não assumisse uma relação oficialmente, essas propostas continuariam chegando e ele ficaria numa posição cada vez mais complicada de rejeita-las. Gaara deu sua bênção. Não seria simples. Enfrentariam bastante oposição dos conselheiros da Areia. Diferente de Konoha, Suna dependia de um sistema de sucessão na escolha do kazekage. E um casamento de alguém da linhagem do kazekage com uma pessoa de outra aldeia representava riscos na linha de sucessão. Mas, no fim das contas, ela era sua irmã e ele a amava. Sua felicidade estava acima de tudo. Sempre achara que Shikamaru possuía o temperamento certo para lidar com sua irmã e gostaria de tê-lo como cunhado.Faria valer seu poder como Kazekage.
A princesa da Areia e a mente brilhante de Konoha não haviam chegado juntos à recepção. Cada qual viera com sua família. Shikamaru estava sozinho, pensando na sua complicada, quando a própria o interpelou, perguntando por que ele sorria. Problemática que era, não o deixou responder e foi logo criando teorias malucas que tinham a ver com amigas da noiva, algo que o Nara não se deu ao trabalho de tentar entender, apenas pegou sua mão e saiu andando, algo que tinha vontade de fazer em púbico há muito tempo. Ele a levou até à mãe, para, finalmente, apresenta-la como sua namorada. Yoshino ficou maravilhada e cumprimentou com grande afeto uma Temari muito vermelha. A Sabaku, por sua vez, foi extremamente amável com a futura sogra, deixando Shikamaru confuso, perguntando-se por que as duas tratavam-se tão bem enquamto ele era alvo constante da ira de ambas.
Contaminados pelo clima romântico, Ino e Sai também assumiram o namoro, andando, felizes, de mãos dadas pelo local.
Todo esse clima não pode deixar de afetar Sakura. Ela estava feliz pelos amigos, mas não podia deixar de sentir-se só. Sabia que ele não viria. Naruto a informara que havia recebido um bilhete de congratulações de Sasuke. No mesmo, ele explicara que não poderia comparecer, pois estava seguindo rastros promissores do clã Ootsutsuki, muito distante dali, e que não poderia abandonar a busca, naquele momento. Naruto dissera a Sakura que tinha certeza de que, na verdade, ele ainda não se sentia a vontade de estar na Vila. Sakura concordara. Sabia que Sasuke ainda não se sentia digno de compartilhar daquele momento de felicidade. Era parte da sua punição autoimposta. Enquanto divagava sobre isso, avistou um falcão que, para a sua surpresa, entregou-lhe um bilhete. Continha uma única e simples palavra. Parabéns. Era o seu aniversário e, com toda a animação em torno casamento, poucas pessoas haviam lembrado de dar-lhe as felicitações. Mas ele lembrara. Aquela pequena palavra aqueceu seu coração. Ela o conhecia bem e sabia que aquele pequeno gesto representava muita coisa. Sentiu-se boba por algo tão simples ser capaz de mudar o seu dia, mas não podia evitar sentir o que sentia. Então, apenas deixou a felicidade tomar conta de si.

Aprofundando laços - NARUHINAOnde histórias criam vida. Descubra agora