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Terça, 17:48...

Gabriella

— Aquela hora que eu falei que o meu irmão prestava, era mentira, viu? Falei só pra ele ficar contente- Diana falava enquanto subiamos o morro, dei risada.

Era fim de tarde. O céu já estava laranja e tinha várias pipas no alto. Estava lindo. A criançada correndo pra cima e pra baixo pelo morro, as velhas fofoqueiras tudo pendurada no portão curiando a vida alheia, pessoas sentadas na calçada conversando, ou tomando algo pra tentar aliviar o calor de 35 graus que fez o dia inteiro.

— Não é ele alí?- olhei pra um grupo de caras que estava sentado em um barzinho de esquina, bebendo cerveja.

— É ele mesmo, vamo lá- já foi andando na direção deles.

— Vou pra casa. Tô cansada, nega- ela me ignorou completamente, me puxando pelo braço até eles.

Já era pra eu estar em casa dormindo a horas, só fiz hora extra por causa da madame aqui. Eu trabalho das oito às duas e meia, mas hoje estendi até às cinco e meia pq estava trançando o cabelo da Diana e não podia largar na metade.

— Osh, pq não me ligou?- o pretinho bonito (Douglas) falou arqueando uma sobrancelha pra Diana.

— Pq eu resolvi subir com a Gabi, pra ela não ficar sozinha- ele assentiu.

— Senta aí, morena, tu não cresce mais não- um branquinho de barbicha falou, o Douglas riu.

O ignorei, mas de qualquer forma sentei, pois estava cansada depois de ficar sete horas e meia cuidando da linda & gata vulgo Diana.

— Quer alguma coisa, amiga?- Diana perguntou, já com o cardápio de porções na mão.

— Não, obrigado- falei, prendendo meu cabelo em um coque alto.

Fiz careta, ao sentir a oleosidade dele.

Em São Paulo eu lavava duas vezes na semana e, assim, ele ficava lindo a semana inteira. Mas, com esse calor do Rio, tem que tá lavando todo dia. Haja shampoo.

— Deixa de graça, você não come nada desde o almoço. Vou pedir peixe pra gente, tá?

— Não precisa. Eu como em casa, vida- sorri pra ela, que me olhava com maior olhão.

— Ô tio Zé, me trás uma porção de peixe, por favor. Aí inclui também uma batida de maracujá, uma de morango e uma GT- me ignorou completamente, dei língua pra ela.

O senhor que estava atrás do balcão assentiu, sorrindo, e gritou o pedido pra moça que estava na cozinha.

— Quem é tu?- um ruivo tatuado me perguntou, dando um gole no copo de cerveja.

— Gabriella, me mudei a pouco tempo.

— Tendeu colfoi. Satisfação, nova. Sou Branquin- sorriu pra mim.

— Aé, esqueci de apresentar- Diana bateu na própria coxa- esses são Felipe, Gustavo e Gabriel- apontou pra cada um.

— Se anima com o Branquin não, ele é viado- Douglas zombou.

— Cala a boca, cuzão- Branquin deu risada.

— Você gosta de homem?- me interessei na conversa, ele me olhou e sorriu.

— Não, gosto de mulher- deu risada- é que minha mina é trans, nova. Deixa eu te mostrar foto dela- mexeu no celular, animado atrás de uma foto da "mina dele"- ó aqui- me mostrou a tela do celular.

Sorri, a bixa era gata demais.

— Ela é linda- falei a verdade.

— Não é? Ó ela sem maquiagem- me mostrou outra foto- agora olha essa dela maquiada- mostrou uma dela com uma sombra rosa e um delineado babadeiro- ela manja demais nesses reboco. Olha ela de biquíni- foi me mostrando as fotos.

Sorri pelo jeito que ele falava dela. Pq eu não tenho um desse pra mim, gente?

— Ela é perfeita mesmo, muito gata- disse, ainda olhando a foto dela de biquíni.

— Minha princesa, pô- sorriu, se endireitando na cadeira.

— Cadê ela?- não contive a curiosidade.

— Foi ver minha sogra, em Fortaleza. Se pá, a coroa vai vim passar uns dias aqui no morro com o genro lindo aqui e a filha dela- dei risada.

...

Felipe, 27 anos (Branquin)

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Felipe, 27 anos (Branquin)

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