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Segunda, 14:10...

Ruan

Eu só queria uma namorada, mano. Tô a manhã inteira deitado numa solidão do caralho, lágrima até desce com vontade de namorar.

Ai gente, qual foi. Sou carente.

Olhei no celular e já eram 13:15, mas tu levantou? Nem eu, tô com pique nenhum.

Continuei alí deitado quando vi uma sombra passar.

- Taporra- me assustei, com meu pai entrando no quarto- virou minha sombra, filho da puta?

- Pra quem é filho de bandido a segurança da tua casa tá muito baixa- riu- e me respeita que sou teu pai, comédia- continuei o olhando, com cara de cu- que tem? Segunda vez que te pego chorando em menos de uma semana- olhou desconfiado.

- Eu não choro- limpei a lágrima que caía.

- Tudo bem chorar, eu já chorei uma vez quando tinha cinco anos- sentou na cama ao meu lado, dando uns tapinhas na minha perna- solta a voz menor, que tá pegando?

- Eu quero namorar- murmurei- tô ficando velho já nessa porra e não arrumo ninguém que preste- bufei.

- Ih, tá carente abraça tua mãe mo fio- zombou.

- É sério, pai- virei a cara.

Ele riu.

- Mulher só dá trabalho, não vê como tua mãe acaba com a minha vida? Tô liso até dezembro pelo que aquela vadia me roubou- negou com a cabeça.

Gargalhei, lembrando que semana passada minha mãe pegou 200mil "emprestado" (ela nunca vai devolver) da conta do meu pai, sem ele saber, pra trocar as mobília da casa deles.

- Ae chefe, o manda chuva da cdd tá aqui embaixo querendo bater um lero contigo- o radinho do meu pai apitou.

- Manda vazar, fala que tô morto- meu pai comunicou.

Esse Zé buceta da cdd, é o que tá ameaçando Mayara de morte.

- Eae meu amigo, quanto tempo- a voz dele soou pelo radinho.

- Que tu quer aqui, filho da puta? Já falei que tu não vai chegar perto da minha filha- meu pai esbravejou, saindo de casa.

O segui, parando de frente sua moto.

- Já sabemos que a princesinha tá aos cuidados do LP, no Alemão- riu- meus homens estão lá, sabia? Só esperando meu sinal pra subir atrás dela.

- Bate de frente comigo, caralho. Deixa minha filha fora dessa, vem no teti a teti comigo- deu um murro na moto.

- Aí chefe, ele já foi- o vapor tornou a falar.

- Junta todos os homens e vai pra Alemão, agora!!!- gritou, logo guardando o radinho e subindo na moto.

- Eu vou junto, calmae- fui pra subir na moto, mas ele negou.

- Tu não é bandido Ruan, quando a guerra acabar eu te ligo. Vai pra casa da tua mãe e avisa oq aconteceu.

- Eu sou médico, vocês podem ser baleados e precisar de mim. Além do mais, sei atirar. Eu vou, é minha irmã.- subi na moto junto com ele.

Ele bufou, subindo pra biqueira pra chamar os outros moleque e pegar munição.
...

Tá no meu nome!Onde histórias criam vida. Descubra agora