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Mais alguém aí chorou de felicidade na saída do Nego Dih?

Sábado, 13:59...

Tubarão

— Tô vendo que o rango hoje vai ser carne com arroz queimado- Jabá falou olhando no relógio de pulso- tem umas duas horas que elas tão lá já, tiu.

— Esse tempo é pra fazer só um arroz? Tá cá porra não- Den riu.

— Ae, essas mina tem mó cara de fuleira, vou nem botar fé- Irmão fez careta.

— A Diana é ruinzinha na cozinha mermo- Caveira confirmou, mexendo na churrasqueira.

As carne já tava até gelada tiu, e nada das mina chegar com os bagulho.

— A Gabriella manja- repeti pela décima vez hoje.

— Quero só ver em. Se a mina chegar aqui com pedra falando que é arroz, eu descarrego na tua cabeça- Jabá falou.

— Tenta a sorte- ri.

— Vamo?- arqueou a sobrancelha.

— Pra onde? Douglas vai sair não- Gabriella chegou já falando.

— Quietinha amor, quietinha- ela franziu a sobrancelha, me olhando.

— Depois a gente conversa, Douglas- colocou a travessa de vidro na mesa, sentando em seguida.

Cocei a nuca, olhando pra ela.

— Que isso vida, tava brincando- fui na direção dela, que colocou a mão na frente me impedindo de dar um beijo nela.

As outras meninas chegaram com as outras coisas e colocaram na mesa também, indo fazer seus pratos.

— Me sirva, vadia, me sirva- ela falou fazendo carão.

Cruzei os braços, olhando pra cara da bonita.

— Carminha poderosaaaaa- Vitória gritou batendo a mão na mesa.

— É culpa do teu marido, viu? Esse Zé buceta- dei dedo pra ele, que riu alto.

— Vai Douglas, cadê minha comida?- me olhou.

— Vou por é pq eu quero, não é pq tu tá mandando não- fui buscar o prato do outro lado da mesa.

Ela colocou a mão na boca, prendendo o riso.

Depois de colocar nossa comida, sentei do lado dela pra comer.

— Manjou mermo, morena. Que isso- Nescau falou.

— Morena não em, sem intimidade- zombei.

— Tenho uma bem melhor aqui, parceiro- apontou pra mulata que tava do lado dele.

Era a mulher dele, mó firmeza ela. Seloko, minha meta sempre foi ter um amor bandido igual o deles. Tão junto desde o pior, ele era morador de periferia, aviãozinho, ela era mó patricinha fudida, pai empresário e mãe médica. Mas quando a brisa bate, tem nem como. Pai dela botou os rato atrás do Nescau, rodaro o Rio todo atrás do menó, e ele escondido no quarto dela mermo. Ela meteu a Kátia, fugiu com o cara pra favela. Passou fome com ele e os caralho, mas ele cresceu grandão do lado dela, conquistou o Alemão e hoje dá mó moral pra nega.

Conheço esse comédia a mó cota. Eu era aviãozinho junto com ele, depois ele conseguiu o Alemão e me ajudou a pegar a Rocinha também. Hoje nois é patrão e ninguém tira nosso cargo, parceiro. Irmão mermo.
...

Tá no meu nome!Onde histórias criam vida. Descubra agora