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Terça, 20:23...

Tubarão

— Chatona, em?- ela deu risada, virando pro outro lado.

Sorri e mordi o churros, fazendo pingar doce de leite na coxa dela.

— Injusto, folgado, traiçoeiro, Judas- ela me xingava, limpando a perna com um papel.

— Sem estresse, mina- passei a mão no cabelo dela, rindo.

Ela apenas me ignorou e continuou comendo.

Aproveitei que ela deu brecha e já dei uma golada no refrigerante também.

— Pode comer tudo, tô nem aí. Foi você que pagou e é você que vai comprar outro pra mim, mesmo- dei risada.

— Pra tu eu compro a coca cola inteira, nega- ela me ignorou novamente, virando o olhar pra Diana.

Ela ria olhando pra gente.

— Vocês fazem um casal bonito- fiz careta, negando com a cabeça.

— Que casal bonito oq, louca? Sou bandido.

— Literalmente falando- dei risada.

— Ae, Tubarão. Se liga aqui no papo desse cara- Gordola deu risada, me chamando.

Olhei pros menor, quem tava na voz era o Pézão.

— Tô falando sério, carai. Qual a mulher que tu conhece e te dá o cu na primeira transa? Viado dá, cuzão- hã?

— Deixa de ser viado, mano- ri altão.

— mina, cê dá o cu na primeira foda?- perguntou pra Gabriella.

— Não?- ela falou no mó tom de pergunta, cuzão.

Como assim "não?", não entendi, porra. Ela dá o cu?

— Ish...- Diana falou, rindo baixo.

— Mó tom de incerteza do caralho, tu dá é?- Gabriella gargalhou.

— Não né- olhei torto pra ela.

— Não mermo?- perguntei em tom de deboche, ela sorriu no mesmo tom.

Semanas depois...

Gabriella

Já faz quase um mês que eu estou morando aqui no Rio, e tudo tá como eu já esperava: um tédio.

No dia seguinte do dia da praça, o Tubarão teve que ir pra SP com o Irmão e mais alguns soldados, ajudar em uma guerra que tinha iniciado na Brasilândia.

Ainda não voltaram, e pelo que a Diana me contou, o tiro lá ainda tá comendo solto. Tem polícia subindo a favela quase todo dia. Quem tá no comando da Rocinha é o Branquin e o Caveira.

O morro continua animado e tranquilo.

Eu continuo trabalhando no salão, ultimamente é só isso que tenho feito. Fui pra um baile só, com a Diana. Depois disso eu não saí mais e isso tá deixando ela bem putinha comigo.

— Bora fazer alguma coisa lá em casa hoje? A Bárbara tá chegando de viajem, vai encostar lá- falando na peste, tá aqui no salão comigo.

Veio dar um trato na cara feia dela.

— E quem é Barbara, doida?- perguntei, fazendo a sobrancelha dela.

— A mulher do Branquin, ela tá vindo de Fortaleza com a mãe dela.

— Vamo tirar uma resenha sim. Eu saio às duas e meia, depois desse horário tá tranquilo pra mim.

— De noite, amiga. Aí a gente faz um chocolate, pede umas pizzas- sorri, animada com a ideia.

...

Tá no meu nome!Onde histórias criam vida. Descubra agora