Prólogo - Parte I

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Por Gabriela

Hoje estou muito feliz e radiante.

Para mim é dia de comemoração, pois estou completando um ano de trabalho na Escola Passarinho.
Depois que formei em Letras consegui essa vaga de professora infantil e amo meus pequeninos. Minha turma são alunos de cinco e seis anos.


Foi uma satisfação quando a Diretora meu chamou dizendo que tinha uma vaga e se eu tinha interesse em concorrer, tendo em vista que fiz estágio voluntário na escola e eles já conheciam o meu trabalho.

No dia da entrevista eu achei que não conseguiria a vaga, pois a pedagoga que estava recrutando os candidatos não me conhecia e eu senti uma nota de preconceito da parte dela.


Mas graças à Deus, eu consegui e hoje completo um ano de trabalho.

Nesse tempo não foi fácil me manter na escola, porque alguns pais espantavam por eu ser a professora dos filhos deles e não a faxineira.


E em razão disso, eu achei melhor estar sempre muito bem vestida, e sempre com os cabelos alisados. Como se isso fizesse de mim menos negra. Mas eu preferia assim.
Todos que trabalhavam comigo, achavam que eu exagerava em estar muito arrumada e com isso meu salário mal dava para manter as roupas, sapatos, bolsas e semi-jóias sempre impecáveis.

E nessa luta, resolvi que para aumentar minha renda faria revisões de textos. E foi uma ótima ideia.

Sempre tinha trabalhos para os finais de semana. Às vezes eu nem conseguia dormir direito de tanto trabalho que eu tinha para entregar, mas eu agradecia por tê-los.

Meus colegas de trabalho me ajudavam divulgando meu trabalho extra, e minha amiga de infância Daniela, também divulgava na sua faculdade.

A Dani e eu sempre fomos amigas e ela em breve será advogada, pois está no último ano da faculdade. Eu estou muito orgulhosa dela.

Nossa amizade é assim, uma sempre torcendo pela outra.

Neste dia quando ela me mandou uma mensagem de "bom dia", eu não aguentei guardar só para mim essa data especial, então compartilhei com ela a minha felicidade e foi uma festa com muitas mensagens encorajadoras e felicitações.

Depois do trabalho também comemorei em casa. Minha família é muito alegre e adora comemorações. Então passei em uma padaria e comprei uma torta de aniversário, que vinha escrito "parabéns", com letras de chocolate. Achei propício para o momento.

Ao chegar em casa sou recebida com festa pelos meu pais e meus irmãos mais novos.
Somos três filhos. Eu sou a mais velha e tem os gêmeos de quinze anos. Apesar de serem adolescentes, eles não dão trabalho nenhum, na verdade, tirá-los do vídeo game é o único trabalho. Se deixar, Gustavo e Guilherme não tomam banho, não vão à escola, nem dormem, mas para comer, não precisa chamar, esses dois não desperdiçam nada.


Sorrio com esse pensamento.

No dia seguinte, mandei mensagem para minha amiga Dani informando que eu tinha separado um pedaço de bolo pra ela. Assim, combinamos de encontrar na hora do almoço para entregá-la.

--Parabéns amiga. Você é muito guerreira e paciente. Se fosse eu, em um ano, teria parado na delegacia diversas vezes. Não aceitaria levar tanto desaforo para casa.

Começo a rir dela.

A Dani é assim mesmo.

Estopim curto.

Nisso somos muito diferentes.

Enquanto eu sou a calmaria e relevo muitas coisas, que às vezes me fazem até mal, a Dani é explosiva e não deixa nada barato.

É uma amizade que se completa.

--Mas é meu trabalho, Dani. Eu não posso sair no braço com todos que viram a cara pra mim.

--Nem tanto, Gabi. Você pode falar o que vem à cabeça e soltar uns impropérios. Experimenta, e você vai ver que é libertador.

Não aguento e solto uma gargalhada.

--Mas agora falando sério. Você está com muitos textos para revisar? --pergunta Dani.

--Tenho alguns. Por quê? Tem mais pessoas para me indicar?

--Na verdade amiga, é minha monografia. Você podia dar uma olhadinha rápida. Tipo, nem precisa de tudo, só a introdução e a conclusão. Me ajuda?

--Deixa de ser boba. É lógico que te ajudo. Pode me enviar por email. Eu faço a correção.

--Eu vou te pagar, tá.

--Eu não vou aceitar, Dani. Você me ajuda muito. Se você insistir nisso vou ficar chateada com você.

--Ai meu Deus. Ainda é orgulhosa. --ela diz e começa a rir.

O horário dela, de almoço, acabou, então nos despedimos e vou pra casa.

A semana passa bem rápida e eu vou focando nas revisões.

Não gosto de entregar nada no prazo determinado pelos meus clientes. Prezo por entregar uns dias antes, porque se quiserem alterar alguma coisa, ainda teremos tempo.
Recebo o email da Dani com sua monografia e separo um dia para revisar somente a monografia dela. Todos os textos que pego eu sempre me dedico muito, mas o da minha amiga eu quero perfeito.

Não aceito menos que isso.



A Luta Pelo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora