Às coisas mudaram.~19

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Quatro anos depois...

       O vento balança o meu cabelo e logo fecho a persiana, me olho no espelho e uma retrospectiva da minha vida passa na minha cabeça. Todo mundo diz que quando completamos ano devemos passar nem que seja uma hora do dia só lembrando de tudo que passou e dos sonhos que queremos que se realize.

      Bom, pra começar, lembrar do passado só me vem em mente o amor da minha mãe, a sua morte e tudo que veio de consequência, seja as coisas boas até as ruins. E o futuro logo ocupa espaço, o dia que recebi o email confirmando minha aprovação na faculdade de administração, o curso que eu sempre quis. O dia que reinaugurei o restaurante da minha mãe, é um sucesso e é onde eu trabalho atualmente.

     Estou fazendo 22 anos e com o corte de cabelo curto, me sinto mais madura. Não tenho notícias do Caio, o Luís não me conta muito sobre ele. Falando no Luís, sim, a Estela e ele continuam juntos - depois de quase seis meses enrolando- O Luís pediu ela em namoro com um carro de som e a vizinhança inteira ouviu.
       Depois disso, a Estela me convenceu a superar a ida do Caio e o fato de ele ser meu irmão, eu entendi que não adiantava esperar por ele. Foi aí que quando entrei para a faculdade, conheci o Gustavo, fizemos amizade e logo ele me pediu em namoro, e estamos juntos.

- Mell..Mell  - me desperto do transe quando a Estela estala os dedos no meu rosto com a intenção de me tirar dos meus desvaneios.

- Oi, o que foi?

- Não é nada, só que você passou mais de dez minutos sem piscar os olhos, tava pensando em quê?

- Em nada.

- Quem nada é peixe. Eu sei que você estava pensando nesse seu grande aniversário e em como vai fazer pra comemorar.

    Reviro os olhos.

- É a sua cara pensar isso, não a minha.

    A Estela conseguiu passar no vestibular, hoje ela cursa enfermagem, ela ainda mora comigo e seu instinto de proteção foi acabando com o tempo.

- Vamos? - ela pergunta.

- Pra onde?

- Trabalhar, hoje pode ser um dia especial pra você, mas é um dia normal para as outras pessoas.

- Espero não ter surpresa alguma. - ela sorri maliciosamente.

- Ta desconfiada demais.

            Hoje é sexta- feira e esta de tarde, horário de pico no restaurante, é nesse horário que eu costumo ir pra la, quando fica a noite começo a me preparar para ir a faculdade. E, conhecendo a Estela, tenho certeza absluta que ela esta aprontando alguma.

      Depois de cerca de 15 minutos, chegamos no restaurante, olho em volta e tudo esta fechado. Estela finge não ver, encaro ela e ela ignora indo em direção ao trinco da porta.

- Janelas fechadas. - afirmo.

     Ela sorri e abre a porta. Vozes em uníssono gritam SURPRESA!

       E la estão todos, funcionários, amigos da faculdade, o Gustavo, Luis, Flávia e o porteiro, seu Cláudio.
    Em pensar que a pouco tempo sofri tanto, a morte da minha mãe e o fato de me sentir sozinha, conheci o Caio e depois tive que dizer adeus até em pensar nele, descobrir coisas do passado que me fez novamente se sentir sozinha. Foi tudo muito rápido, mas voltar para o presente e ver aquelas pessoas que me apoiaram, acreditaram em mim e algumas que conheci após minha transição.

        A festa foi ótima, rimos, brincamos e comemos muito, depois limpamos toda bagunça.
  Já é noite e chamamos um táxi pra ir para casa, antes de entrar me despeço do Gustavo.

- Espero que tenha gostado do presente. - ele diz após me abraçar. Ele me deu um anel de compromisso dourado e prata, admiro muito seu lado romântico, ninguém que não o conhece diria que ele é romântico, ele sempre é muito sério e passa a imagem de antipático, mas não é, ele é gentil e sorri sempre que pode.

- Eu amei - ele me beija - Só não gostei porque a Sara não veio.

     Sara é a irmã do Gustavo, ela tem 19 anos e sofreu um acidente ha um ano atrás, infelizmente perdeu os movimentos nos membros inferiores e até hoje sofre em se inturmar com outras pessoas por medo do que vão pensar. Ela não veio a minha festa por estes mesmos motivos.

- Você sabe como ela é, eu insisti mas ela fechou a porta do quarto na minha cara.  - ele ri - Você poderia mandar uma mensagem pra ela?

- Claro, assim que chegar em casa mando uma mensagem pra ela, ela precisa parar de se preocupar tanto com besteiras.

- Oh casal, o taxista vai embora se vocês não se apressarem. - a Estela grita dentro do carro.

- Deixa de ser chata, Estela. - digo sorrindo.

      Nos despedimos e entro no táxi. Chego em casa e vou logo tomar um banho, ainda bem que não teve aula na faculdade hoje, senão teria que ir super cansada. Mando uma mensagem, uma mensagem de motivação para ela saber que senti falta dela. Espero a resposta e depois de mais ou menos dez minutos meu celular treme. Vejo que o número é confidêncial.

       Oi, Mell, queria te desejar feliz aniversário, espero que esteja tudo bem por ai. Felicidades.

       Leio sorrindo, mas logo meu celular treme de novo com uma nova mensagem, o nome Sara pisca no ecrã.

     Que bom que alguém sentiu minha falta, te prometo que quando me acostumar com a cadeira você não sentirá mais minha falta de tanto que vou te visitar. Um beijo meu amor, espero que meu irmão te faça feliz. Beijos.
P.S : depois levo teu presente.

     Fico confusa por quinze minutos. Quem foi que mandou a primeira mensagem? Será que foi o Caio? Tento ir dormir mas nada além do nome dele e da sua mensagem sai da minha cabeça.

    

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