Reencontro.~22

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A última vez que vi o Caio foi em um aeroporto, lembro que depois que ele foi embora, voltei para casa e chorei a noite inteira. Talvez eu tenha me renovado, estou mais feliz, claro, as coisas que aconteceram não foram esquecidas e sim guardadas dentro de uma caixa embaixo da cama. Aprendi muita coisa e uma delas é que o tempo passa muito rápido, nenhuma dor, mágoa ou ódio, durará para sempre.

Mas hoje, o sentimento que senti naquele dia que ele se foi, voltou. O aeroporto me fez relembrar.

Eu e as minhas amigas da faculdade estamos sentadas esperando a Angel, irmã da Aline voltar de Londres. Elas não param de tagarelar e eu não paro de pensar em tudo.

- O que você tem, Mell? - Fran pergunta.

- Ah..nada. - respondo sorrindo.

- Nada! Não me diga.. você tá calada desde que chegamos, tá sentindo alguma coisa? - Aline pergunta preocupada.

- Não gente! Vocês não pararam de falar nem um segundo desde que cheguei, querem que faça o quê?

- Que também tagarele. - diz Fran.

Reviro os olhos e todas riem.

- Daqui a quinze minutos o avião pousa. - Bianca avisa enquanto devora um saco de pipoca.

As meninas voltaram a tagarelar e foi o tempo para o avião chegar, logo anuciaram o desembarque. E eu estranhei a parte da minha ansiedade. Deve ser porque vou rever a Angel. Não passa nem dez minutos, logo vemos a Angel procurar a gente, assenamos e ela logo nos vê.

Ela nos comprimenta com abraços de urso. Está diferente da ultima vez que a vi.

Conheci ela na faculdade, juntamente com sua irmã, Aline. Sempre foi loira, cabelos cacheados, longos, e magra. Típica cara de anjo!

Hoje ela está com o cabelo curto, seus cachos mais soltos, o loiro está mais pra castanho, seu corpo continua o mesmo.

- Trouxe presentes pra vocês. - ela diz me abraçando.

- Nem dormimos pensando nesses presentes.

- Verdade, esperei a vida inteira pra ganhar presentes londrinos. - diz Bianca pulando de felicidade.

- Não exagera, vamos fazer um lanche? A comida do avião é horrível.

- Vamos, também tô morrendo de fome. - Fran fala e faz careta.

- Vamos! - digo rindo.

As meninas vão na frente e eu observo aquele montunhado de gente. Tem aqueles que choram de felicidade, outros de tristeza, e aqueles que nem choram, só abraçam.

Os passageiros continuam desembarcando, a fila de gente só aumenta, mas lá no fim, em um lugar um pouco distante de onde estou, um homem briga com sua mala, ele não consegue fazer com que suas rodinhas se mexam sobre o piso. Quando o vi, achei que estivesse ficando louca, mas é ele. Tenho certeza. Hoje de barba, corpo mais forte e sem o sorriso no rosto. Ele decide suspender a mala e andar. Mas ainda não me viu.

Estamos à metros de distância, mas posso sentir sua fragrância.

Ele me viu, droga!

Ele para, me encara com a mesma surpresa que o encaro, não dá nem um passo a mais, nem eu dou o desfrute de me aproximar. Não estamos tão próximo a ponto de conversar, digo, ele está em uma proximidade relevante. Acho que se estivéssemos muito perto, com certeza eu já teria corrido.

Não trocamos sorrisos, só o espanto. Estou parada no meio do aeroporto encarando um homem em que eu era apaixonada e que agora, talvez, eu não o conheça mais e que, talvez, possa ser meu meio irmão.

- Mell? Mell, você está bem? - Aline pergunta me fazendo virar para olha-la.

- Sim..O que foi? - pergunto confusa.

- Eu é que devia perguntar. O que você esta fazendo.

Tiro meu olhar confuso do Caio e olha para ela.

- Ah.. - paro de falar e olho na direção do Caio, ele ainda se encontra lá.

- Quem é? - ela pergunta.

- Ninguém! Vamos?

- Se é ninguém, esse ninguém é um gato. - ela fala sorrindo.

- Vamos Aline, as meninas estão esperando.

Ela me puxa de uma vez, tento olhar uma única vez naquela direção. Tentativa frustada, não encontro mais ele.

Se foi alucinação, não sei. Só sei que foi muito real.

****

Sentamos numa mesa da caféteria, as meninas me perguntaram o que eu estava fazendo parada no meio de passageiros, eu disse que apenas observando, azar meu foi porque a Aline contou a elas que eu estava "paquerando" um cara no aeroporto. Desmenti, claro. Mas elas continuaram uma conversa sobre "os homens gatos que acabaram de embarcar"

Fingir está prestando atenção, às vezes confirmo ou nego. Minha cabeça não se concentra em nada no momento.

Pego o celular e decido mandar uma mensagem para Estela, preciso contar para alguém, e esse alguém só pode ser ela.

Adivinha quem eu encontrei aqui no aeroporto?!

Faço um suspense pra que ela responda. Conheçendo aquela lá, se o assunto não for interessante, ela não faz o favor de responder.

Se você não me contar, nunca vou saber!😒
Conta logo já tô comendo as unhas.

Encontrei o Caio. Acredita?!

Não? Cê tá brincando comigo!
Falou com ele?

Não. Ficamos distante um do outro, não acenei nem dei um passo a frente. Ele também não fez o favor.

Caramba! Possívelmente o Luiz não esta sabendo, ele estava aqui em casa até agora, mandei ele comprar o almoço faz trinta minutos. Conto?

Não! Talvez ele tenha vindo de surpresa.

Tá bem. Depois a gente se fala, quero saber os detalhes, o Luiz tá chegando.
Beijos vaca!!

- Cê tá falando com quem, Mell? - Fran pergunta.

- Aposto que é com o gato que ela encontrou hoje. - Angel diz.

- Com a Estela gente, vocês vão continuar falando desse cara?

- Fala pra gente, Mell. Você conhece ele né? - Aline pergunta

- Não! Não e não. Oras, só estava observando.

- Ele tava te paquerando ou vocês se olharam de repente e viram que eram almas gêmeas? - Aline sonhadora!

- Sério? Tá assistindo filmes demais.

- Concordo. - diz Fran.

- Até que fim alguém que concorda comigo.

- Além do mais ela tem o Gustavo.

- Isso mesmo, Fran. Eu tenho o Gustavo.

Nosso pedido chega e Angel começa a nos contar todas as suas aventuras em Londres. Ainda bem que a conversa sobre "o gato do aeroporto" chegou ao fim.

***
Chegando em casa tive que relembrar tudo que aconteceu para minha melhor amiga curiosa.

Logo depois o Gustavo veio me visitar, depois do jantar, deitamos no sofá e ficamos conversando. Eu adoro conversar com o Gustavo, ele é calmo e de alguma forma, eu queria ficar com ele, só pra tirar o reencontro com o Caio da minha cabeça.

Fico deitada em seu peito, ele afaga meu cabelo e sussurra:

- Eu te amo.

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