- Mellanie eu preciso falar com você! - Augusta afirma assim que entra na cozinha.
A Augusta só fala comigo o necessário como por exemplo, se o almoço está pronto, e isso é cinco vezes contadinho durante toda manhã. Essa mulher é muito chata, agora sou eu que afirmo.
- Sim?
- Eu estava me recordando toda a festa e me lembrei ouvir do Herval Oliveira que você é filha dele! - ela fala felicíssima.
- Hum hum. - concordo com um sorriso sem dentes.
- Oras, então o que está fazendo aqui? Ele trabalha na minha empresa, tem um cargo de administrador com um salário ótimo, é casado com uma advogada, e você...bem.. - ela faz uma cara de pena.
- Ele não é meu pai biológico, e nem se fosse mereceria ser chamado de pai. Eu não preciso de ninguém para me sustentar, tenho saúde, só isso basta, não é?
- Com toda certeza. Só quero deixar claro, eu não suporto seu pai e agora descobri porque também não te suporto.
Meu santo da paciência dai-me paciência para respirar o mesmo ar que essa mulher!
- Ótimo, estamos quites. - respondo com um sorriso no rosto. Ela arregala os olhos.
- Sempre tem uma resposta.
- Se a senhora me der licença, dona Augusta, preciso terminar seu almoço.
- Vai ser uma honra te mandar para fora da minha casa, mas agora não, quero ver a reação do meu filho quando descobri quem é você realmente.- suspirei forte, não quero responder nada pra essa..
Respira fundo, Mell conta até 10 e apenas respira.
- Não vou perde meu precioso tempo aqui conversando com você. - ela afirma e sai da cozinha, na mesma hora à Clara entra e senta em frente ao balcão.
- Não ligue pra Augusta, ela as vezes sai do limite.
- Eu não me preocupo, pode deixar. Você tem sorte dela gostar de você.
- Ah é verdade, sempre penso em como seria se ela não gostasse de mim.
- Em quinze minutos o almoço estará pronto.
- Bem, não era exatamente isso que eu queria saber..mas, tudo bem, em quinze minutos almoçaremos.
- E então o que era? - pergunto me virando para olha-la.
- Bem, você e o Caio são amigos, certo?!
- Ah..sim! A gente conversa sempre que pode.
- Conversam.. - ela estreita os olhos e por uma hora acho que sentiu ciúmes.
- Ele me pede ajuda, do tipo, qual flores eu acho que combina com você, ou algo do tipo.
- Ele disse isso? - ela perguntou com um sorriso nos lábios.
- Sim. - sorrio pra ela.
- Bom, então eu também posso ser sua amiga, não posso?
- Claro, quando quiser pode vir falar comigo.
- É que as vezes me sinto muito só aqui nessa casa. Passei uns dias na casa dos meus pais..
Ela ficou me contando como foi seus dias no interior, como ama cavalos mas tem medo de cavalgar, contou como seria seu casamento se um dia pudesse se casar. E eu lembrei do Caio e sua negação de pedi-la em casamento. Ela é uma mulher simpática, delicada e autêntica, deve ser por isso que Augusta gosta tanto dela.
Em relação a Augusta, terei que me adaptar a seu jeito mesquinho de ser, se quero continuar nesse emprego.
****
Já em casa, Caio me ligou e disse que viria aqui, isso acontece poucas vezes na semana, sempre que ele larga mais cedo e eu também. A gente joga algum jogo, conversa e faz alguma comida.
Enquanto espero ele chegar, subo as escadas que me leva até o terraço em cima da minha casa, costumo ficar lá olhando as estrelas, esse costume não é de hoje, desde pequena minha mãe me contava que as estrelas são as pessoas que amamos e que já morreram. Desde que ela se foi subo aqui e converso com ela, me deixa mais tranquila. Contar como foi meu dia já era um costume no fim do dia para ela e para mim, por isso me sinto melhor quando converso com ela.
- Está olhando as estrelas? - Viagei totalmente naquele céu e acabei não percebendo que o Caio já estava deitado no concreto ao meu lado.
- Eu amo ficar aqui.
- É linda mesmo.
- Eu nem vi você aqui, faz tempo que chegou?
- Não muito, você parecia que estava em transe.
- É, as vezes eu fico no mundo da lua e não persebo quem está ao meu redor.
- Sei bem disso. - ele sorri ao referir o dia que nos conhecemos no transito.
- Ei, naquele dia você quem estava no mundo da lua.
- O semáforo que o diga.
Rimos. Ele olha para mim, de novo, profundamente, a pupila dele dilata, como se precisasse me olhar tão profundo, que necessitava se esforçar pra isso.
- A Clara conversou comigo hoje.
Ele já me olha normal.
- Conversou o quê?
- Ela me contou que se sente sozinha naquela casa, conversou sobre como foi passar os dias no interior na casa dos pais. Como sentiu sua falta e me contou como foi o primeiro encontro de vocês. Você poderia fazer outra vez um jantar romântico, ela iria adorar.
Tagarelo tanto que parece não ter ouvido nada do que eu disse.
Ele rir - Por que você está rindo?Pergunto me sentando, ele faz o mesmo.
- Porque eu não quero fazer isso.
- Mas por quê? Quando eu contei pra ela sobre as flores, você tinha que ver a cara dela de...
Nem deu tempo de terminar, logo senti seus lábios pressionando os meus me impedindo de falar, depois de dois segundos percebi que aquilo era um beijo, e que sua mão tocava meu rosto como nunca tivera tocado, que seu cheiro estava muito perto. Meu coração pulava, as minhas mãos soavam e a minha cabeça voava para hoje de manhã, no sorriso da Clara e em como ela me contou sorridente sobre o jantar romântico.
Isso é tão injusto com a Clara, é como se eu fosse a Gisele. Ele descola seus lábios dos meus e sorri voltando a me beijar, tiro sua mão do meu rosto e me afasto, ele me olha em silêncio enquanto tento juntar palavras para poder falar. Me levanto, não consigo olhar para ele e pensar na Clara.
- Caio, você consegue pensar na sua namorada?! Em como ela se sentiria se soubesse..
- Eu não a amo, você sabe disso. - ele diz se levantando.
- Eu passei a manhã conversando com ela, ela sorria ao falar de você. Eu me sinto como a Gisele. Por que você me beijou?
- Porque eu fiquei com muita vontade. Porque eu gosto de você e sentia vontade de te beijar toda vez que te via. - ele se aproxima.
- Mas eu não quero que me beije mais. Não quero te beijar enquanto a Clara te espera em casa sonhando com seu jantar romântico, não sou assim, se você é então ta bom, mas faz isso longe de mim.
Ele olhou para mim surpreso, baixou o olhar.
- Você quer que eu vá embora, é isso? - concordei - Desculpa.
Ele olha pra mim, me da as costas e desce as escadas e, mas uma vez, estou só eu e as estrelas.
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Nossa Historia De Amor
RomansaA vida nem sempre foi fácil para Mellanie, desde pequena passou por diversas coisas, responsabilidade é seu sobrenome. Cuidar da mãe doente e trabalhar aos 18 anos, não restava tempo para se divertir. Foi quando tudo ocorreu de repente, conheceu Cai...