Depois daquele beijo colocamos um filme, fizemos pipoca e tentamos assistir. Bom, a gente não conseguia parar de olhar um para outro, era viciante, quando ele me olhava eu sentia e o olhava também, e quando eu o olhava, ele sorria e não conseguia parar de me olhar.Isso é tão apaixonante, viciante, é isso mesmo que está acontecendo? Nós estamos apaixonados? Beijar ele é como esquecer quem somos e onde estamos, é voar e continuar nos ares depois de acabar o beijo.
Acabamos dormindo no sofá antes mesmo de o filme acabar.
Quando acordei de manhã, antes mesmo de abrir os olhos, senti um cheiro de ovos frito, mas senti também braços ao redor da minha cintura e uma respiração no meu ouvido. Abri os olhos e vi Estela na cozinha, dançando e cozinhando. Caio estava ali do meu lado dormindo, saí devagar e fui até a cozinha.
- Nem acredito no que estou vendo. - diz Estela sorrindo, quase pulando em minha direção.
- E o que você está vendo? - digo sussurrando.
- Uma boca vermelha de tanto beijar. - toco minha boca, Estela gosta de ver as pessoas constrangidas.
- Estela! Que ridícula.
- Mellanie, ridícula é você por ter dispensado esse gato. Mas fico muito, muito feliz que vocês se acertaram.
Ela me abraça, conto a ela tudo que aconteceu. Depois de algum tempo, Caio acorda, tomamos nosso café e ele decide ir embora, concordamos que não seria legal para meu emprego - vulgo humor da Augusta, e meu rosto intacto, claro - chegarmos juntos na mansão.
***
Depois de algumas horas na mansão, - com o coração mil, confesso - Clara aparece na cozinha, eu estava sentada na cadeira da mesa cortando maçã para sobremesa, ela se senta ao meu lado sorrindo.
- Sabe, andei pesquisando sobre intercâmbio, sei lá, Londres, Austrália talvez. O que acha?
- Ah.. Não sei - respondo confusa.
Ela não parece com raiva de mim. Parece feliz.
- Eu tô tentando me encontrar, andei pensando em viajar, não agora, claro. Mas, depois que vi a felicidade do Caio em se encontrar, confesso que estou com inveja de me descobrir, de achar felicidade em algum lugar.
- Você esta falando sério? - pergunto perplexa.
- Estou, Mel. Eu passei a noite inteira chorando e com muita raiva de você, não ódio, mas raiva por você ter conquistado o Caio com sua simplicidade, com seu jeito de como realmente é, e em como os dois juntos estão felizes. E eu percebi que precisava sentir isso de verdade, eu preciso.
- E você não gosta mais do Caio?
- Eu gosto dele, mas percebi que não o suficiente. Você gosta dele - ela pega em minha mão, nessa hora já tinha parado de cortar maçãs - E ele de você, e isso basta, não é?
Concordo com um sorriso.
- Eu gosto muito dele, nunca pensei que poderia te dizer isso.
Ela ri. Levantamos e nos abraçamos.
- Eu tenho certeza que ira achar sua felicidade, independente se for uma viagem, um amor ou em você mesma, mas continue com sua humildade e esse sorriso no rosto. - ela sorrir ainda mais.
***
No fim do dia percebi que meu rosto doía de tanto sorrir, não para ninguém, para mim mesma. Eu queria gritar de felicidade, dançar e mostrar para todo mundo meu bom humor. Até mesmo para Augusta eu sorri hoje, ela me olhou e sorriu debochando da minha cara. Não ligo, com tanto que ela não saiba o motivo.
A campainha toca e meu desejo é que seja o Caio para poder lhe dar um abraço, um beijo e lhe contar sobre minha conversa com a Clara. Augusta não esta então eu poderia fazer isso sem culpa. Mas como o mundo conspira contra meu bom humor, não era exatamente quem eu queria.
- Augusta não está. - digo fechando a porta.
Ele abre por obviamente ter mais força.
- Ótimo. Não vim falar com ela. Vim falar com a minha filha.
- Filha? Nem se fosse de sangue! Agora, por favor, vá embora, se ela chega..
- Se ela chegar conversaremos lá fora. Eu preciso te contar uma coisa que não pode esperar.
Reviro os olhos e deixo ele entrar.
- Então fala logo o que você quer porque eu estou no fim de um expediente, têm mais trabalho do que pensa.
- Vou ser rápido fique tranquila. - espero.
Ele suspira e esconde as mãos tremidas no bolso da calça.
- Você começou a trabalhar aqui, deve ter conhecido a verdadeira Augusta; a ameaçadora, a egoísta, maliciosa e cheia de segredos.
- É..
- Se afaste dela, minha filha. Saia dessa casa o quanto antes, ela têm segredos que jamais você poderia imaginar. Ela faria qualquer coisa para chamar atenção, para ter por perto quem ela acha que ama e por longe quem acha que ameaça. E você a ameaça.
- Eu? Mas por que você acha que ela se sente ameaçada por mim?
- Eu não sei. Só sei que tenho medo do que ela possa fazer com você. Fique longe do filho dela, longe dela e dessa casa.
- Foi ela que te mandou aqui, não foi?!
- Não! Entenda, quero seu bem. Isso é um alerta, vim por conta própria.
- Não precisa se preocupar, ela não vai fazer nada comigo, fique tranquilo.
- Seu defeito é confiar demais nas pessoas. Você não conhece ela, não fale como se a conhecesse, ela não é quem você pensa que é. Eu conheço ela, muito mais do que você imagina. Fiz minha parte, agora tenha cuidado! - Ele diz, dá as costas e me deixa sozinha com os meus pensamentos.
Por que tanta preocupação da parte dele? O que a Augusta fez ou que segredo é esse? Eu não entendi nada em relação a essa preocupação toda. O que demais aquela velha chata poderia fazer comigo?
De qualquer forma, meus dias na mansão não estão chegando ao fim, ainda preciso muito do dinheiro, terei que suportar a Augusta por mais um tempo. Claro, se não for despedida antes.**
- Ele falou com todas as letras que não vive sem a mãe da filha dele.
Diz Estela com lágrimas nos olhos e chocolates nos dedos se referindo a Davi, seu namorado de uma semana. Acabei de chegar em casa e encontro Estela derretida em lágrimas e meio quilo de chocolate para adoçar todo chororo.
- Sinceramente, você não perdeu nada. Melhor ficar sozinha do que ficar com um cara que só quer ficar contigo para esquecer a outra.
- Justamente isso, ele me iludiu. Ficou comigo para esquecer outra pessoa.
- Ele é ridículo. Veja pelo lado bom, se livrou da garota e sua alergia a corantes.
Ela ri mostrando os dentes sujos de chocolate.
- Nem ele, nem a filha mereceu meu esforço, nem muito menos minhas lágrimas. - ela enxuga o rosto e sorri.Estela é assim, bipolar.
- Acho até que vou ligar para aquele cara amigo do Caio, o Luiz.
Pronto, começou de novo.
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Nossa Historia De Amor
RomansaA vida nem sempre foi fácil para Mellanie, desde pequena passou por diversas coisas, responsabilidade é seu sobrenome. Cuidar da mãe doente e trabalhar aos 18 anos, não restava tempo para se divertir. Foi quando tudo ocorreu de repente, conheceu Cai...