Festa embaraçosa.~06

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- Mell, bom te ver outra vez.- O encaro .

- Não posso te dizer o mesmo.

É o meu pai. Ele esta na festa da Augusta, ele foi convidado e ele sabia que eu estaria ali. Eu estou ali com uma bandeja cheia de copos com bebidas, ele esta bem na minha frente, de terno e gravata.

- Mellanie, me perdoe, por favor.

Assim que ele fala lembro da minha mãe chorando com dor, de nois duas lutando para que ela ficasse boa ao mesmo tempo tendo que pagar dívidas. Enquanto ele, o meu pai (segundo meu registro de nascimento) mostrando para todo mundo que quisesse ver, viagens e dinheiro.

- Eu não consigo. Não depois da bola de neve de problemas que você causou.

- Sinto muito. Eu não vou desistir nunca de te ter novamente na minha vida. Quero que seja mais uma vez minha filha, aquela menina que corria para me abraçar quando eu chegava do trabalho, aquela menina linda e carinhosa que infelizmente eu desprezei..

É verdade ele sempre me desprezou, nunca gostou de mim. E agora quer meu amor de volta depois de tudo que fez, parece que eu não conheço esse homem, falando a verdade nunca conheci.

- Não gostei de você trabalhando como uma empregada, eu podia te ajudar, te dar dinheiro...

- Eu não preciso, tenho pernas e com meu esforço consigo o que eu quero.

Caio interrompe com um licença e cochicha no meu ouvido:

- Mell fala um pouco mais baixo. Quer que minha mãe saiba que você está brigando com um convidado dela?

- Tem razão. - respondo. - E você, vai ou não vai pegar uma dessas taças? - pergunto ao meu "pai".

- Não obrigado. - exclamou nos dando às costas e saindo com sua mulher, que por sinal é super bonita com seu vestido comprido e vermelho sangue.

- Mell, porque não dá uma chance a ele? Ele só quer te ajudar. - indagou Caio.

-Não da Caio, não da.. eu não posso... - E começei a chorar..eu não consegui conter minhas lágrimas, elas começaram a brotar nos meus olhos borrando à maquiagem, lembrei da minha mãe e de tudo que descobri depois que ela morreu.

-Mell... Vem comigo. - Ele pega meu braço e me leva para fora da mansão, claro, depois de eu ter deixado a bandeja de bebidas.

Paramos em frente a piscina, aquela que a gente sempre sentava e conversava sobre problemas da vida.

- Caio eu não posso ficar aqui eu tenho que trabalhar sua mãe vai me matar quando não me ver lá, servindo os convidados.

- Mell me esculta! se acalma eu não vou te deixar trabalhar assim, chorando.

- E eu não posso ficar aqui sua mãe vai me matar.

- Então antes você precisa me contar, o que de tão grave o teu pai fez com você e sua mãe? - ele está falando sério?

- O que?

- Desculpa ser intrometido, mas eu preciso saber.

- Mas agora? Eu preciso voltar..

- Não. Depois que tudo terminar. Tudo bem?!

- Ta bom. Eu vou ficar bem, bem longe daquele cara. - E mesmo não querendo vou ter que ficar nessa festa, se eu tivesse opção já teria saindo correndo.

- Ta bom, agora limpa essas lágrimas. - ele disse e limpou as minhas lágrimas com o polegar.

Logo voltei para à festa, e avistei a Augusta conversando com meu pai, ela falava com ele e a cada palavra dava uma olhada para mim, eu sempre desviava a vista e tentava ao maximo me concentrar em qualquer coisa que não fosse a cara feia da Augusta. Olhei para meu lado esquerdo e o Caio estava conversando com a Clara eles estavam rindo e era bom ver aquilo, ver que os dois estavam se ententendo, mas ai lembrei que o Caio me disse que não amava a Clara. Mas eles parecem tão bem juntos! não entedo isso e na verdade nem quero entender.

Depois que as pessoas saíram de uma em uma, no fim, só restou eu e Cíntia arrumando tudo. Na verdade, os ricos não fazem muita sujeira ja que não ficam embebedados nem malucos que jogam tudo no chão. Queria poder agradecer a eles por serem tão cheios de classe.

No fim quem ficou um pouco bêbada foi a Augusta, ja desconfiava da sua falta de classe. Mas agora tenho certeza. Caio e Clara foram cuidar de ajeitar a cama para ela ja que nem isso ela conseguia. Mantenha sua postura, Mellanie, diria ela. Mantenha sua classe, senhorita fajuta, diria eu. Pena que não posso.

São quase meia noite, festa de rico termina cedo. E eu terminei meus deveres em pleno começo de um domingo de folga, dormirei até tarde. É quando Caio desce as escadas, ja sem seu paletó, me oferecendo carona, resisti um pouco, mas cedi depois de perceber como seria difícil conseguir um táxi ou ônibus nessa hora.

- Pode começar a contar. - ele diz assim que sai do condomínio.

- Você quer mesmo saber?

- Óbvio, eu sempre te conto tudo, e você nunca me contou nada sobre você.

- Não achei que seria relevante.

- Mas é. É importante eu saber o motivo de tanto desprezo e raiva do seu pai, você é minha amiga.

Encarei ele, ele me olhou nos olhos, respirei fundo.

- Meu pai nunca foi atencioso, nem comigo nem com minha mãe que era sua esposa. Ele gostava de sair com amigos, de chegar tarde com perfume de mulher. Eu lembro que minha mãe sempre me dizia pra ficar trancada no meu quarto, ela não queria que eu o visse daquele jeito, e eu ia para perto da porta escultar o que estava acontecendo, tinha medo que ele batesse nela.

- E ele chegou a fazer isso?

- Não, nunca. No fundo ele tinha consciência do que fazia. Quando eu ja entrava na adolescência, minha mãe comprou com suas economias um local para montar seu restaurante, ele emprestou seu nome para dar entrada nas papeladas, foi a única coisa que ele fez. Quando o restaurante estava bombando lá no bairro, eles se separaram. Foi aí que começou. Ele entrou na justiça contra minha mãe pedindo o restaurante, na época ele namorava uma advogada que venceu a causa num estalar de dedos. Perdemos tudo. O restaurante, o dinheiro que conseguimos com ele, e a saúde da minha mãe. Logo ela sofreu um acidente e quebrou uma das pernas, o transtorno de ansiedade atacou a asma e logo ela não podia mais trabalhar.

- E ele?

- Ele foi viver sua vida. Casou centenas de vezes com mulheres ricas, esbanjava viagens e nunca mais quis saber de nós.

- Até agora.

- Até agora. Você acha que tem como perdoa-lo?

- Acho, acho que você tem que por na sua cabeça que acumular raiva não vai fazer mal para a pessoa e sim para você. É você que esta acumulando a raiva que é transformado em ódio, rancor, foi você que chorou, não foi?! Pois bem, ele não sentiu nada porque não tem raiva guardada. Você tem, e te tira o sono.

Abaixei a cabeça concordando, quando levantei percebi que ja tínhamos chegado no meu prédio.

- Obrigado pelas palavras, você tem razão. - ele sorri - E obrigado pela carona. - estalo um beijo em sua bochecha e saiu do carro.

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