Nossa Historia De Amor

Injustiça ~12

Colo pela terceira vez o band aid na minha testa, ela passou a madrugada sangrando assim como meus olhos que não pararam de chorar. Não consegui dormir de maneira nenhuma, só conseguia pensar no que aconteceria se deixasse pra la tudo que escutei ou no que aconteceria se fizesse o que ela quer. A porta é destrancada e Estela entra com aquele sorriso de sempre.

- Bom dia! - ela grita vindo me abraçar. - Passei a noite conversando no telefone com o Luís, marcamos de sair de novo, só que obvio, só nós dois.

Ela diz sorrindo. Tento lhe dar meu melhor sorriso e esconder o band aid.

- Que bom.

Ela se vira assim que respondo, seu olhar vai direto para meus olhos enchados.

- O que foi que o Caio fez? - ela pergunta. - Meus Deus, ele te bateu! - ela tira o band aid.

Respiro fundo e sento no sofá.

- Vou chamar a policia.

- Estela, por favor! Não foi ele.

- Você tem certeza?

- A Augusta veio aqui logo depois que vocês foram embora. - ela se senta ao meu lado - Ela me ameaçou com uma arma na minha cabeça, disse que tenho que terminar meu namoro com o Caio e sai da casa dela.

- Mel, mas ela não pode fazer isso. Você tem que chamar a policia.

- Ela me contou, como se contasse um filme toda a minha vida, desde a hora que saio, onde vou nos dias de folga, até mesmo quem você é e onde trabalha. Ela tinha uma arma, me deu uma coronhada e disse que se eu não fizer o que ela está mandando ela pode fazer algum mal a você ou a o Luís.

- Ela não pode fazer isso. Isso é crime.

Sinto minhas lágrimas descerem e meu desespero aumenta.

- Estela, eu não sei o que faço. Se eu terminar com o Caio e tudo passar de ameaça eu vou me culpar pelo resto da vida, e se eu não fizer e acontecer alguma coisa com você, eu também não me perdoô.

Ela me olha e logo em seguida me abraça.

- E eu ainda tenho que encarar o trabalho hoje.

- Encare. Vá confiante, no fundo tudo vai passar de apenas uma ameaça.

Respiro fundo. - Eu espero.

***

Queria muito que tudo não passasse de um sonho, eu me beliscaria e tudo voltaria ao normal. Eu beijaria o Caio sem preocupaçoes. Mas é real. É real demais. Ver o Caio sorrir pra mim enquanto toma seu café da manhã ( a bruxa não estava na mesa hoje), sorrir educadamente quando quero gritar para o mundo o que está acontecendo, é terrivel, sufocante.

Sinto uma presença atrás de mim e olho de relance. Lá está ela, cheia de pensamentos ruins, louca pra atacar.

- E então, como dormiu na noite passada?

- Recebi uma visita muito agradável noite passada, então dormir muito bem.

- Já terminou a porcaria do namoro assim como foi pedido?

Ela se aproxima de mim.

- Eu acho que amo o Caio - digo rápido- Você não entenderia porque nunca amou ninguém, nem a você mesma.

- Como tem tanta certeza sobre meus amores? Você não me conhece. Amo meu filho e quero o bem dele, e você não é esse bem.

Ela aperta minha bochecha violentamente, agarro sua mão com uma força que não sei de onde veio.