Ela salvou o vídeo em um pen drave e passou para um laptop no qual vimos o vídeo. Nele, eu estou na cozinha cortando legumes e de repente Augusta aparece, assim como aconteceu ontem depois do café da manhã, só que essa versão sou eu quem ameaço apontando com o dedo, eu que dou um tapa na cara dela, eu que mostro a faca e mando ela sair da cozinha e ela sai correndo da cozinha. Eu não fiz isso, tenho certeza. Talvez em sonho tenha imaginado, mas não fiz isso na vida real. Ela quem fez isso. Ela que me ameaçou com uma arma na cabeça, bateu em mim com a própria arma e ameaçou minha melhor amiga.Eu não estou acreditando no vejo, o Caio não esta acreditando no que vê. Não o culpo se ele não acreditar em mim, nem eu mesma acredito em mim. Isso é ridículo.
- Acreditam em mim agora? Sobre o caráter dessa garota? - pergunta Augusta com lágrimas nos olhos. Lágrimas de crocodilo. Mais falsa do que nota de 3. O advogado abraça ela, reviro os olhos.
- Não revire os olhos, garota! Você será presa e pagará pelo que fez. - diz o advogado.
Caio olha pra mim profundamente, como se quisesse ler meus pensamentos. Ele não sabe o que faz. Clara cruza os braços e, ninguém, nem eu mesma tenho mais direito de argumentar. O vídeo parece ser verdadeiro, a moça que faz meu papel parece muito comigo, eu mesma já não sei o que digo.
- Olha, eu entendo se vocês não conseguirem acreditar em mim. Fico muito triste, mas eu não sei... - olho para o Caio e a Clara, ela abaixa a cabeça, ele não consegue nem piscar.
Sinto meus olhos arderem e as lágrimas logo saem.
- Não fui eu! Não fui eu! - grito e Augusta se aproxima colando sua mão na minha cara. Caio afasta ela de perto de mim e manda ela subir com o advogado para se acalmar, Clara vai junto.
Enchugo meus olhos e percebo que estou tremendo. Parece que agora que caiu a ficha de que estou sendo acusada de fazer algo que não fiz. E que as provas parecem ser verdadeiras ao ver de outras pessoas. Ele respira fundo, põe a mão sob o cabelo e o bagunça, anda de um lado para o outro, depois volta a olhar o vídeo pausado. Eu fico parada, minha mão treme e não consigo parar de chorar.
- Eu não tô acreditando. - ele diz.
- Me desculpa te dizer isso, mas não fui eu. - respondo chorando.
- Como não foi você? - ele grita me fazendo dar um pulo, nunca tinha visto ele assim. - Os papéis, eu não acreditava, mas agora..
- Agora tem um vídeo que comprova. - completo.
Ele me encara, eu ainda choro de soluçar, ele se aproxima de mim sem saber o que faz, decide não fazer nada, apenas balança a cabeça com negação e magoa nos olhos.
- Você só se aproximou de mim pra realmente roubar dinheiro da empresa?!
- Não! Claro que não. Eu não fiz isso, não sei como te explicar, mas eu realmente não fiz. Eu gosto de você. - me aproximo dele colocando minhas mãos em seu rosto. Ele tira imediatamente elas e se afasta.
- Então me explica o porquê você ameaça a minha mãe com uma faca nesse vídeo?
- Agora ela é tua mãe. Entendi. Eu não sei o que aconteceu com esse vídeo, mas o verdadeiro é ela que me ameaça com uma arma.
Ele ri.
- Ela foi na minha casa me ameaçar, disse que se eu não terminasse nosso namoro ela faria algum mal a Estela ou até mesmo ao Luis, depois me deu uma coronhada na testa, você esta vendo? - aponto para meu baind aid na testa.
Ele respira fundo e fecha os olhos, lembro que ele costumava fazer isso quando a Augusta dava uma de super protetora, nas costas dela ele a chamava de mentirosa. Ele me acha uma mentirosa, talvez até louca, além da cadeia vão me mandar para um hospício.
- Eu não estou mentindo, Caio.
- OK. Que bom que você acredita em si mesma. Porque eu não consigo acreditar. - ele chora - Eu tentei mas tudo volta pra você. Ta na cara. - aponta para o vídeo.- Eu percebi que tinha dinheiro sendo desviado, eu que dei a ideia da investigação dos arquivos dos computadores, achei que a investigação não tinha dado em nada, não fazia ideia de que estava me apaixonando pela investigada e culpada.
Ele chora magoado. Me sinto podre mesmo sabendo que não fui eu que fiz tudo isso.
- Então acabou. Não precisa falar comigo mais, acho que você vai ser demitida. Enfim, espero que um dia se arrependa do que fez.
- É isso mesmo? - ele confirma com a cabeça - Espero que um dia você descubra a verdade.
Ele nega com a cabeça e sobe as escadas me deixando sozinha. Se eu fosse uma criminosa fugiria, será que ele não percebe isso? Olho para trás e o motorista esta na porta olhando pra mim. Claro, eles não me deixariam só.
***
Augusta me mandou entrar dentro do carro, ela entra logo em seguida e o motorista da partida. Não tem mais ninguém por mim, provavelmente ela vai me levar a delegacia, depois serei condenada a 30 anos de prisão, sairei velha e como ladra.
- Por que você fez isso? Por quê me odeia tanto?
- Porque você parece comigo. É pobre e feia. - ela responde.
- Então você também é feia, pior, amargurada e mal amada. - ela revira os olhos.
- Você ainda é uma criança. Nós duas sabemos que você não é culpada de nada, é por isso que irei te poupar de alguns anos na cadeia.
- O quê? - pergunto surpresa. O carro para, mas não consigo ver onde estamos, o vidro é escuro demais.
- Isso mesmo. Você esta livre da cadeia. Mas com duas condições.
Meu coração dispara, minhas mãos soam.
- Você terá que ficar longe do meu filho, da minha casa e de mim. Não me dirija a palavra. Nunca nos vemos e eu nunca tive a desagradável chance de te conhecer. Não tente falar com o Caio por mensagem, ligação ou cartinha, tenho meus informantes e seu vídeo vai direto para mesa do delegado. OK? Estou sendo boazinha com você.
- Tem mais alguma coisa, não tem?
Ela sorri. A porta se abre e o motorista aparece com uma algema. Ele prende minhas mãos e me tira do carro com um empurrão. Minhas costas colide com a parede e logo sinto uma dor aguda nas costas, antes de abrir o olho sinto outra dor forte na barriga e outra no nariz. Meu nariz se esquenta ao sair o sangue e logo percebo que estou apanhando em troca de ir pra prisão por algo que não fiz.
Abro o olho e quem eu vejo é a Augusta alisando sua mão que segundos atrás estavam no meu nariz, ela sorri. Olha para o motorista e ele esta com um pedaço de madeira nas mãos, que provavelmente foi o objeto que bateu no meu estômago.
- A senhora quer aonde agora? - pergunta o motorista.
- Em nenhum lugar, Vágner! - ela o repreende - Você deve ter batido muito forte, tadinha.
Vágner entra no carro depois de jogar o pedaço de madeira no chão. Augusta se aproxima de mim e destranca as algemas. Ela me olha nos olhos e ajeita meu cabelo, limpa o sangue no meu nariz com um lenço e sorri.
- Sabe, eu acho que eu gostei de você. - ela diz e me da as costas, depois volta a olhar pra mim - Não se esqueça do nosso trato. Ah, você está a dois quarteirões da sua casa, tente não ser uma mulher que acabou de apanhar, é deselegante.
Ela entra no carro e se vai.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nossa Historia De Amor
Roman d'amourA vida nem sempre foi fácil para Mellanie, desde pequena passou por diversas coisas, responsabilidade é seu sobrenome. Cuidar da mãe doente e trabalhar aos 18 anos, não restava tempo para se divertir. Foi quando tudo ocorreu de repente, conheceu Cai...