Capítulo 67 - Love Is Blind

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Quando meus olhos se abriram, notei que Lauren ainda dormia, como de costume. Vê-la dormir havia se transformado no meu novo passatempo matinal preferido, me trazia uma paz enorme analisar sua expressão serena até que seus olhos verdes se abrissem e me olhassem daquele jeitinho que só ela sabe.

Porém, naquele dia em especial, eu estava morrendo de fome. Havia sido incapaz de jantar devido ao nervosismo no dia anterior, e talvez as atividades nas quais me envolvera antes de dormir tivessem esgotado a energia que me restava. Então deixei um beijo em seu rosto e saí sem fazer barulho até a cozinha, deparando-me com Sofia, tentando preparar algo.

- Bom dia, Sofi! - Exclamei, não muito alto para evitar acordar alguém. Me aproximei dela e dei um beijo estalado em sua bochecha, mas minha irmã fez uma careta e me empurrou.

- Que nojo, vai saber onde essa boca andou ontem à noite?

- Idiota... - Resmunguei abrindo os armários em busca de alguns ingredientes. 

- Às vezes acho que esquece que meu quarto fica ao lado do seu. E vocês duas não são nada discretas.

- Até parece. Você que tá me enchendo o saco. - Meu rosto provavelmente já estava todo vermelho em uma hora dessas, mas eu tentei me concentrar em não queimar as torradas que fazia.

- Sua sorte é que o papai e a mamãe provavelmente estavam ocupados demais pra notar.

- Eww! Eu realmente não precisava imaginar isso.

- O que foi, acha que a gente veio da cegonha?

Neguei com a cabeça, querendo dar um fim a aquela conversa, e terminei de arrumar as canecas e pratos na pequena bandeja que havia ali.

- Ah, que bonitinha, levando o café na cama pra namoradinha. - Apertou minhas bochechas, e eu virei o rosto, rindo.

- Estou só cuidando do que é meu.

Quando abri a porta novamente, notei que Lauren já estava acordada e sentada na cama. Assim que me viu, ela sorriu.

- Bom dia, amor! Eu trouxe torradas com café.

- Você tá tão linda... - Murmurou, ainda sonolenta. Sorri e apoiei a bandeja no móvel mais próximo.

Olhei de relance meu reflexo no pequeno espelho que havia ali. Cara amassada, cabelos bagunçados, ainda de pijama. Definitivamente não.

- O amor é mesmo cego. - Brinquei, enquanto me debruçava para enchê-la de beijos.

Em momentos de paz como aquele, todos os problemas pareciam pequenos demais. Até mesmo a discussão do dia anterior não parecia mais ter importância, até porque, felizmente, Ethan não dissera nada na frente dos meus pais. E mesmo que resolvesse abrir a boca agora, não teria provas. Seria só mais um, criando teorias na internet.

Levei o maior susto ao ouvir o barulho da porta abrindo, e dei um pulo para trás, quase caindo da cama.

- Bom dia, meninas. Tudo bem por aqui?

- Mãe! Bom dia! Tudo ótimo, eu trouxe o café para a Lauren porque... Bom, ela acordou com uma dor de cabeça, e hmm... eu vou parar de falar agora.

Maldita mania de me justificar demais. Quando eu aprenderia a mentir melhor, ou a simplesmente ficar calada?

- Oh! O que ela tem? Está com febre, querida? - Minha mãe se aproximou e começou a tocar em seu rosto como se medisse a temperatura, com um semblante preocupado.

- Estou bem, não se preocupe. - A morena afirmou, com um sorriso.

Depois de convencer minha mãe de que Lauren não tinha nada além de uma dor de cabeça, ela finalmente se deu por vencida e saiu dali. Ficamos na cama por um bom tempo, devorando o café da manhã, curtindo a preguiça e a presença uma da outra.

- Você guardou... - Ela apontava para o ursinho em um canto do meu quarto. Estávamos abraçadas enquanto eu fazia um carinho em seus cabelos e me inebriava com o delicioso perfume que exalavam.

- Claro que guardei. É ele que me faz companhia quando sinto saudade.

- Ele e o moletom que você nunca me devolveu, né?

Dei uma risadinha e desviei meu olhar do dela. Eu realmente a subestimei ao pensar que não notaria.

- Não sei do que está falando... - Disfarcei e ela riu, se aproximando para me dar um selinho.

- Pode ficar. Como eu disse, ele fica bem melhor em você.

Voltei a me aconchegar em seu abraço, e a vi sorrir pra mim. Até mesmo o sorriso dela era único, e lindo. Eu poderia ficar ali para sempre, só sentindo seus carinhos e admirando aqueles olhos, e aquele sorriso.

- Você guardou a carta também? - Assenti, continuando o carinho que eu fazia em sua bochecha. - Não tem medo que alguém encontre?

- Tá bem escondida, no meio das minhas partituras. Ninguém mexe lá.

- Garota esperta. - Ri baixinho, e escondi meu rosto na curva de seu pescoço. 

Algumas batidas na porta chamaram nossa atenção, desviando o foco do assunto.

- Quem é? - Perguntei, já xingando a pessoa mentalmente por interromper nosso momento.

- Eu, Sofia.

- Desde quando você bate antes de entrar?

- Desde que não quero me deparar com nenhuma cena desagradável. - Explicou, finalmente abrindo a porta e entrando no cômodo. - Se bem que essa cena é muito fofa, na verdade.

Neguei com a cabeça e me desvencilhei dos braços de Lauren, voltando a sentar direito na cama.

- Mamãe quer saber se vão ficar pro almoço.

- Eu adoraria, mas tenho que passar no trabalho para resolver algumas coisas. - Lauren respondeu, já se levantando e indo se arrumar.

- É, eu também preciso ir até o estúdio. - Afirmei, enquanto caminhava até o closet e mentalmente me perguntava qual roupa eu usaria.

Não demorou muito até que nós duas estivéssemos arrumadas, e no carro, sendo devidamente levadas até nossos destinos. Eu insisti para que fôssemos juntas, afinal, gostava de passar o máximo de tempo possível ao lado dela. Nós nunca nos cansaríamos uma da outra.

- Já estamos chegando, senhorita. - O motorista anunciou.

- Vou sentir sua falta, vê se vem logo me ver... - Lauren falou baixo, enquanto me envolvia em um abraço carinhoso.

- Não é como se eu conseguisse passar muito tempo longe de você.

Após tantos anos de incertezas, cada segundo ao lado de Lauren era precioso para mim.

- Se dependesse de mim, não te deixaria ir embora lá de casa nunca mais. Não é uma boa ideia, Paul? - Soltei uma risada leve por ela o ter envolvido na situação, e encarei o homem esperando sua resposta.

- Certamente me pouparia muito trabalho. - Respondeu, sem tirar os olhos da rua, e rimos juntas. Era verdade.

O carro foi estacionado, e ninguém disse nada. Lauren me fitou com aqueles olhos tristes, típicos de todas nossas despedidas. Segurei seu queixo com a mão de forma delicada e juntei nossos lábios.

- Até mais tarde, amor. Boa sorte no trabalho. - Sussurrou.

- Até, Lo. Fica bem, e me avisa quando chegar.

Um sorriso divertido tomou seus lábios, aquela frase normalmente era dela. Como de costume, pedi a Paul que a levasse até seu destino em segurança, e eu sabia que ele o faria. Então deixei um último beijo naqueles lábios de mel, e me preparei para encarar mais um dia de trabalho.

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Shadows - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora