Capítulo 43 - Jealosy

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Camila Cabello's pov

Senti meu corpo ser balançado de forma brusca, mas me recusei a abrir os olhos. Busquei dentro de mim por um pouco de energia, o suficiente pra afastar quem quer que estivesse atrapalhando meu sono, mas sem sucesso. Então, me dei por vencida e abri os olhos, me arrependendo no mesmo instante. Os mesmos ainda estavam inchados, e arderam no momento em que entraram em contato com a luz do ambiente. Assim que minhas retinas se acostumaram com a iluminação, pude constatar o óbvio: eu não estava no meu quarto. Foi então que todas as lembranças da noite anterior me invadiram, e senti vontade de nunca ter acordado.

- Camila pelo amor de Deus acorda! - A voz de Dinah juntou-se ao desconforto daquela situação, arrancando de mim um murmúrio em reclamação, que nem eu mesma fui capaz de compreender. - Se você for continuar babando no meu sofá tudo bem, mas eu vou postar essa linda foto sua que acabei de tirar nos meus stories em 3, 2, 1...

- Porra, Dinah! - Me pus de pé em um ímpeto de desespero, arrancando o aparelho de suas mãos e tendo um vislumbre do motivo daquela chantagem desleal. A fotografia me mostrava, desacordada no sofá marrom onde eu estava alguns instantes antes. Meus cabelos, bagunçados, caíam de qualquer jeito sobre meu rosto, que denunciava o estado deplorável em que eu me encontrava, com os pequenos inchaços ao redor dos olhos. Eu estava horrível. Pressionei o botão para apagar a imagem, desejando poder apagá-la da minha mente também, e a mulher ao lado tomou o objeto para si logo depois.

- Eu juro que só não te joguei água gelada na cara porque esse sofá não foi barato. Sabia que já passa do meio dia?

Me sentei sobre o estofado outra vez, massageando minhas têmporas com os dedos e soltando um longo suspiro.

- Não sou tão irresponsável assim, ok? Deixei uma mensagem para Claire e Henry, avisando que não apareceria no estúdio hoje.

- É mesmo? E qual foi sua justificativa? Crise de ciúme aguda?

- Vá se foder, Dinah.

Ao contrário do usual, aquela frase não saiu em um tom divertido, ou de provocação inocente. Eu realmente sentia um ódio imensurável, que não necessariamente se relacionava a Dinah, mas ela acabou sendo o alvo. Me olhou de cima a baixo, com certo desdém, e quando eu pensei que receberia uma resposta à altura, ela respirou fundo.

- Tem comida na geladeira, e eu fiz café. Vê se come algo. - Anunciou, simples, antes de me dar as costas com uma bolsa nos ombros.

- Aonde você vai?

- Algumas de nós não podem deixar de lado as responsabilidades toda vez que algo não sai como esperamos.

Engoli a irritação que aquela frase me causou, não querendo piorar as coisas. Mexi em meus dedos, nervosa, tentando escolher bem as palavras, mas nada saía. Então desisti, levando as mãos ao rosto outra vez enquanto sentia as lágrimas grossas embaçarem meus olhos e correrem até meus lábios. O gosto era amargo, assim como minha vida naquele momento. Minha amiga desistiu do caminho que fazia, soltando um longo suspiro e se sentando ao meu lado com uma expressão que dizia "lá vamos nós de novo". Eu continuava a encarar o tapete bege em que pisava, me sentindo tão miserável quanto a formiga que tinha acabado de esmagar por acidente.

- Eu não queria ser um peso pra você. É que eu não sabia mais pra onde ir. - Minha voz saiu baixa, quase em um sussurro silencioso, e senti o carinho de Dinah em meu ombro.

- Sempre será bem-vinda, e meu colo sempre vai estar aqui pra você chorar. Mas eu também sempre serei sincera quando achar que está exagerando.

A voz dela era calma, e transmitia uma serenidade que contrastava totalmente com meu estado de espírito.

Shadows - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora