29. Our Family is Our Home

6.9K 371 70
                                    

[n/a] olá pessoal, espero que estejam bem!
gostaria muito de agradecer por todas as mensagens de apoio enviadas nesta última semana, certamente fizeram toda a diferença. muito obrigada mesmo!

eu tinha expectativas bem maiores para este capítulo, porém, infelizmente confesso estar sendo bem difícil encontrar inspirações neste período tão complicado. apesar disso, espero que gostem, ele é bem importante! beijos e boa leitura!


🏡

lauren jauregui's point of view


Eu nunca acreditei em Papai Noel.

Também nunca acreditei em coelho da Páscoa e muito menos na Fada do Dente. Entretanto, não pense que fui uma criança sem uma infância mágica, longe disso. Mas a questão é que eu era observadora o suficiente para ver os meus pais o no meio da noite colocando presentes sobre a árvore de Natal e afins.

A partir desses pequenos detalhes, fantasias nunca fizeram parte de meu cotidiano. Portanto, a ideia de alguém se tornar anjo e ir para o céu não tinha muito sentido em minha cabeça, o que fazia de mim uma pessoa extremamente realista em lidar com a morte. Tudo não passa de uma ilusão para te fazer sentir melhor consigo mesmo, na minha concepção. E eu preferia lidar dessa maneira.

A morte é misteriosa, fria e muitas vezes um tanto traiçoeira. Não te dá sinais, não lhe deixa recado. Apenas te faz lidar com a realidade do modo mais brando possível, e claro, te marcando de formas imagináveis.

Pensei sobre isso enquanto encarava o caixão de Angélica Morgado sendo enterrado, vendo-a partir diante de meus olhos sem poder fazer nada. Era doloroso e eu não conseguia dizer nada, apenas chorar silenciosamente. A incredulidade me rasgava o peito e tudo o que eu mais desejava era me conformar, apesar de não conseguir. Ciclos se encerram e está tudo bem: era a frase que eu gostaria de acreditar, mas eu não conseguia. Porque não estava tudo bem. E tão cedo ficaria.

Bastava fechar os olhos por alguns instantes para me lembrar de sua voz doce no meio da noite contando uma de suas mais belas histórias e contos infantis para mim. Os três porquinhos era a sua favorita, e a cada vez que contava, uma nova versão surgia, com acontecimentos diferentes. Essa era a parte divertida, pois abuelita era sempre imprevisível com suas histórias.

Ela sentava na beira de minha cama, alisando os meus cabelos e dizendo sobre como meus olhos eram bonitos e que certamente teriam sido herdados dela. Depois disso, chocolate quente e uma reprise de Rei Leão na TV, vindo da nossa velha e surrada fita cassete. E quando brincava ao me dizer "Para quê dever de casa? O desenho animado é mais divertido!" e logo caíamos na risada, entrando numa brincadeira de missão secreta para que mamãe não descobrisse.

Minha infância fora baseada ao lado de abuelita. E no fim das contas eu não poderia ser mais grata por ter tido a honra de conhecê-la em sua melhor fase.

— Lauren? Lauren! — A voz de minha mãe trouxe-me de volta à realidade e me pegou num susto. Ela estaria falando diversas coisas que eu não fazia mais ideia do que se tratava, a partir do momento em que entrei em completo devaneio. Nisso, ela soltou um suspiro cansado e me encarou de mãos na cintura. — Você não ouviu nada do que falei, não é?

— Ahn, ouvi sim, mama.

Suas sobrancelhas se arquearam em completa desconfiança quando me direcionei à minha cama para fazê-la, sem olhar para trás. Clara parecia disposta a estender aquela conversa enquanto tudo que eu queria era silêncio e ficar sozinha. Lembrar-me de Angélica fez com que o meu coração chorasse mais uma vez, e levaria um tempo até que eu me recuperasse por completo.

Forbidden Path (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora