Eu ainda estava inconsciente enquanto era arrastada por um corredor.
Tudo que eu enxergava eram paredes brancas, que refletiam a luz forte e ofuscante, com piso de cerâmica encerada branca também, e uma figura de preto em minha frente, guiando os dois homens que seguravam meus braços, me arrastando.
Uma porta se abriu, e então uma luz mais forte veio na direção de meus olhos.
Adormeci, novamente.
°°°
Quando acordei, abri os olhos lentamente, porém, uma lanterna examinava minhas pupilas.
Pisquei algumas vezes; meus olhos ardiam, minha cabeça ainda doía.
— Ela está retomando a consciência. Devemos aumentar a dose do sonífero? — Ouço alguém perguntar.
Tentei levantar, entretanto, quando percebi, meus pulsos e tornozelos estavam presos por fivelas, em uma cama.
— Bem vinda, Joy, a minha prisão privada favorita. Não adianta gritar, se debater, tentar fugir ou pedir ajuda. Agora você é meu brinquedo, e eu posso fazer o que eu quiser com você. — A Primeira Dama parecia estar ao fundo da sala, quando disse essas palavras. — Quero que entrem na mente dela, podem fazer isso de qualquer forma, desde que apresentem resultados. Todos os equipamentos, incluindo as salas especiais, estarão disponíveis — completou.
— Sim, senhora! — Disse outro homem.
Eu apenas olhava de um lado para o outro freneticamente.
— Bons sonhos — disse ela.
Senti uma agulha penetrar minha veia do braço. Fria, grossa.
Parei de tentar levantar e fechei os olhos.
Caí no sono.
°°°
Quando acordei novamente, eu só ouvia ruídos. Minha visão estava turva, embaçada e caótica.
Eu tinha uma sensação que iria cair a qualquer momento.
As vezes eu conseguia levantar, porém, acordava novamente e estava deitada. Esse ciclo não parava; de novo; de novo; de novo.
°°°
Sangue pingava em meu rosto, se misturando com as lágrimas que escorriam.
Levantei da cama desesperada.
Saí da sala de cirurgia, que estava vazia.
Abri a porta e no final do corredor havia um elevador. Corri até ele o mais rápido que pude.
Quando ele se abriu, Erick avançou em minha direção, carregando um corpo, uma garota, totalmente ensanguentada. Sua blusa branca estava manchada de sangue, o mesmo que pingava conforme ele se aproximava.
Recuei um; dois; três; quatro; cinco passos, até que encostei numa parede.
Quando ele agachou para por o corpo no chão, a cabeça virou para mim. Era eu, quem ele carregava.
O peito sangrando com um buraco, as mãos pretas, os olhos sem brilho, a pele pálida. Ela, eu, segurava um coração nas mãos, o meu coração, o coração dela.
Ele o deixou no chão, diante de mim. Em seguida, pegou um punhal, o meu punhal, e sem nenhuma expressão no rosto, caminhou em minha direção.
Tentei recuar mais, contudo eu já estava escorada na parede.
Ele cravou o punhal na altura de meu abdômen.
Quando retirou a lâmina, senti um frio percorrer por todo meu corpo.
Caí de joelhos no chão, ao lado da minha outra eu.
Ela me encarou, enquanto eu gritava de dor, sentindo o gosto de ferro em minha boca, do sangue que subia.
Ela deu um largo sorriso.
Erick se ajoelhou, pegou a outra Joy nos braços, e disse olhando para mim:
— Nosso amor é uma mentira. Nunca será de verdade, Joyce.
Quando ele encarou a outra Joy, ele a encarou com amor, tristeza e dor.
— Eu amo você, a fantasia de uma garota perfeita. Eu te amo, Joy, "A Campeã" — falou ele, para ela.
Ela sorriu.
°°°
Reuni fôlego, para conseguir enfiar mais uma garfada de frango assado na boca.
Estava sentada diante de uma mesa longa, de carvalho escuro encerado, adornos dourados, e muitas comidas ao longo dela. Eu ocupava uma das pontas da mesa, em uma cadeira da mesma madeira, esculpida perfeitamente. Na outra extremidade, o mesmo menino de meus sonhos — cabelo igual ao meu, do mesmo tom, pele pálida, olhos felinos e corpo magro.
Comíamos e bebíamos o vinho da mesa, até estarmos fartos de todas as delícias.
Havia uma grande janela ao nosso lado, iluminando o jantar com a luz da lua que parecia sorrir para nós. Estávamos em uma espécie de salão de algum castelo, julgando pelas cortinas pesadas de veludo vermelho, a magnitude da mesa e das cadeiras, os candelabros de ouro, e o grande lustre que pendia do teto, em cristais e muitas velas.
Conforme o tempo passava, e a noite deixava de ser noite, tomando a forma do dia, com o céu rosado alaranjado, a comida apodrecia rapidamente. O frango murchava, as frutas e pães se enchiam de bolor e um odor péssimo perfumava o ambiente.
O menino se levantou, me deixando sozinha novamente, em meio a comidas estragadas.
Uma mulher entrou na sala. Seu vestido era pesado e dramático, de seda lilás e contornos brancos. Muitos babados, perolas e cristais. Seu cabelo voava, até mais ou menos a altura dos quadris, e por fim, algumas mexas abraçavam seus chifres.
Kaira.
— Acorde! Agora!— disse ela, sentada na mesa, apenas me encarando profundamente.
Fechei os olhos suavemente.
°°°
— Diga boa noite, querida — ouço minha mãe dizer.
— Boa noite, papai. Boa noite, mamãe — digo.
Ela deu um sorriso largo e orgulhoso.
— Venha Iryn, vamos deixar nossa pequena descansar. Boa noite, pequena heroína — disse ele.
— Já sou grandinha papai, posso ser uma grande heroína! — retruco.
— Com certeza! Mas, agora vá descansar, amanhã é um grande dia para salvar os animais na fazenda de sua tia. Precisa de energia para ser uma grande heroína — falou a mamãe.
— Tudo bem — cedi, com um bocejo.
Com isso a porta se fechou. E eu dormi.
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Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDA
Fantasy- Deadly Mirrors - Atravessando Espelhos |CONCLUÍDA| [PLÁGIO É CRIME!!] Sobre a obra: Um drama envolvendo política e família, triângulos amorosos e juras de vingança? Sim, você definitivamente está no livro certo! Bem, este é um típico thriller on...