O ar fresco das arvores ao redor do salão era revigorante.
— Hm, a noite não está mais estrelada, agora está nublado — digo.
— Sim — concorda Carter, — provavelmente irá chover.
Caminhamos até próximo dos limites do gramado externo do salão. Lá algumas arvores mais alongadas apareciam.
— Carter — chamo.
Ele se vira para me olhar.
— Preciso tirar esses sapatos, estão me matando — afirmo.
— Posso pedir para um dos guardas trazer um confortável para você — diz.
— Não precisa, eu posso ficar descalça por agora — digo.
— Joy, não é muito recomendado ficar descalça na floresta. Vamos ficar por aqui — ele tira o terno e apoia no chão.
— Que isso Carter? O que está fazendo? — falo, rápido demais.
— Não precisa ficar com seu pé na terra, pode pisar no meu terno — oferece, já com o terno no chão.
— Carter, um terno é ridiculamente caro e difícil de lavar. Vai mesmo apoiar no chão por mim?
— Não se preocupe, quanto a isso eu dou um jeito — fala.
Inspiro, ainda pensando se deveria fazer o coitado sujar seu terno mas, ele não parecia desistir fácil.
Me rendi, pisei com dó no terninho dele.
— Consegue ouvir? — pergunta.
— Hum, o que?
— Os animais, se você reparar, dá para ouvir uma coruja um pouquinho distante — responde.
Alguns minutos e consegui ouvir.
— Que legal! — sussurro.
Sinto uns pingos de chuva tocarem minhas mãos.
— Carter está chovendo — digo.
— É melhor voltar lá pra dentro — afirma.
— Não, eu adorava brincar na chuva com meu pai. Era legal lá na fazenda, isso me faz lembrar deles — suspiro, como se pudesse sentir eles de novo.
Carter me encara.
— Fazenda?— questiona.
— É, mas provavelmente não vai entender — afirmo.
Fecho meus olhos e levanto a cabeça para o céu, sentindo os pingos caírem sobre meu rosto e lembrando dos bons momentos com meus pais.
— Que foi ? — viro meu rosto para Carter e ele me observa.
— Você está tão linda! — diz.
— Hahaha, molhada? — digo.
— Sim.
— Vem, vamos dançar — minha vez de propor.
A valsa era contada pelas gotas da chuva. Meu vestido já estava pesado de tão molhado e Carter com a blusa encharcada.
— Melhor a gente voltar, vão dar nossa falta — insiste.
Estávamos perto demais, quase dividindo a mesma respiração, compartilhando do mesmo silêncio, mesma batida das gotas e do mesmo momento.
Um beijo foi suficiente para dizer tudo.
— Carter, o que estamos fazendo? — digo, ainda próxima a ele.
— Não sei mas eu gosto — responde.
— Sim, eu também gosto disso.
Retomamos o fôlego e voltamos a nos beijar.
°°°
De volta ao salão de festas, entrei pelos fundos e fui direto para o banheiro.
Procurei toalhas e achei algumas.
Carter havia dito que voltaria para a embaixada.
— Kimmy, preciso da Kimmy — murmurei.
Enxuguei o máximo do cabelo que pude e torci a bainha do vestido; mas, não foi suficiente, ainda estava pingando.
Com sorte, Kimmy estaria no andar de cima conversando com alguém.
Passar despercebida não era uma tarefa fácil, ainda mais quando se está molhada.
O sapato escorregava várias vezes, devido a lama ao redor dele.
Avistei Kimmy e corri em disparada a ela.
— Kimmy!
— Joy, o que aconteceu com você? Está encharcada! — diz assustada.
— Longa história, agora me ajuda a voltar pra embaixada — peço.
— Garota, você pode ficar doente com essa roupa molhada! Vamos logo!
Kimmy providenciou um carro rapidamente e voltamos para embaixada.
Chegando na embaixada, fomos direto para meu quarto.
— Vai me dizer tudinho o que aconteceu, senhorita! — esbravejou Kimmy abrindo a porta.
— Nada de mais, só peguei uma chuvinha — falo.
— Seu vestido está destruído! Todo molhado e, espera, isso aí na bainha é terra? Joy, tem noção de quanto vale este vestido? Muitas jovem dariam a vida pra usa-lo!
Kimmy ajudou a abrir o vestido e a tirar as joias da cabeça.
Tirei o saquinho do presente de Ben da minha bolsinha.
— O que é isto? — perguntou Kimmy.
— Foi um presente de Ben, ele tem sido muito generoso comigo — digo.
Ela sorri.
Entrei na banheira com água quente e sais perfumados.
— Como você foi se molhar tanto? Ficou fazendo o que do lado de fora da festa? Espera, você foi a floresta? — questionou Kimmy.
Apos analisar em silencio, se valia a pena contar a Kimmy o que tinha acontecido, decidi que sim.
— Está bem, vou te dizer mas, é segredo, não conte para ninguém! Se contar, eu juro que assassino todas suas bolsas e perucas! — falo brincando.
— Hum, então é serio mesmo — disse Kimmy.
— Não sei por onde começar. Hum, eu estava dançando com Carter, e ele propôs que fossemos caminhar. Fomos até a floresta, conversamos um pouco e começou a chover... — faço uma pausa, avaliando se deveria mesmo falar — E nos beijamos. Foi isso — digo por fim.
— Vocês, O QUE? — fala Kimmy alto demais.
Ela põe a mão na boca, para abafar a risada boba de nervosismo.
— Vocês se beijaram? — diz Kimmy.
— Shhh, Kimmy. É segredo. Não temos nada ainda, nem sabemos se vamos levar isso adiante, talvez tenha sido apenas momentâneo — falo.
Ela inspira fundo se recompondo.
— Eu sabia que cedo ou tarde isso iria acontecer, mas não tão cedo assim — afirmou.
— Por que?
— Porque vocês sempre tiveram algo, era muito discreto mas as vezes eu conseguia perceber — disse ela.
Sai da banheira e Kimmy me entregou a camisola. Ela penteou meu cabelo e nos despedimos.
Aquela teria sido uma longa noite.
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Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDA
Fantasy- Deadly Mirrors - Atravessando Espelhos |CONCLUÍDA| [PLÁGIO É CRIME!!] Sobre a obra: Um drama envolvendo política e família, triângulos amorosos e juras de vingança? Sim, você definitivamente está no livro certo! Bem, este é um típico thriller on...