14| Enfrentando escolhas

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Revirei o quarto inteiro em busca do meu objeto dourado.

Abri gavetas e mais gavetas, olhei atrás da estante, tirei todas as roupas do guarda roupa, e ainda sim não o encontrei.

Eu não tinha a menor ideia de onde pudesse estar.

Afundei no sofá, cansada. O sol já estava se pondo e a temperatura havia abaixado.

Fui para o bistrô na ala sul da Embaixada. Lá pedi uma sopa de ervilha com um vinho especial da casa.

Enquanto dava algumas colheradas, percebi Carter se aproximando de mim.

Endireitei a coluna rapidamente. Peguei um guardanapo e limpei a boca, analisando meu reflexo na colher.

Quando ele se sentou, não sabia o que dizer ao certo.

— O que está fazendo aqui? — Perguntei-lhe, sem pensar muito.

— De novo com essa pergunta? Achei que tivéssemos superado isso.

Engoli em seco.

Eu não sabia como reagir a ele em público.

As vezes Carter me deixava desconsertada, e com razão.

— O gato comeu sua língua? — Insistiu ele.

Corei.

Que vergonha! Me sentia uma boba perto dele.

— Não tenho nada para dizer — falei sincera, torcendo para que ele fosse embora ou então puxasse um assunto verdadeiramente intrigante.

— Mesmo?

Desmontei, soltei um longo suspiro.

— Mesmo — retruquei, dando uma colherada na sopa e enfiando-a na boca.

— Aish — falei, quase cuspindo tudo fora. A sopa ainda estava pelando fogo, desceu queimando toda minha boca.

Bebi o vinho na tentativa de amenizar a sensação de boca queimada, contudo não adiantou muita coisa.

Tossi um pouco, percebendo que não estava sendo nada elegante.

— Aqui — falou Carter, me entregando um guardanapo, quase gargalhando de mim.

Revirei os olhos.

— Quero te mostrar um lugar, vamos — revelou ele, fazendo menção a levantar.

— Não. Irei quando eu terminar a sopa — assegurei, soprando a mesma para esfriar.

Ele arqueou uma sombrancelha, de modo que acrescentou:

— Tudo bem, termine sua sopa então.

Pensei que ele fosse desistir, mas Carter não moveu um centímetro, continuou ali, me observando comer calmamente.

Quando levei a última colher a boca, ele chamou um garçom e sussurrou algo para o mesmo, que acenou e voltou ao balcão.

— Espere, ainda tenho que pagar — digo, desviando do caminho.

— Não precisa, já cuidei disso. Agora, poderia por favor me acompanhar?

Eu o encarei por alguns segundos.

Tudo bem, vejamos o que ele tem de tão impressionante para mostrar.

Fomos até o jardim externo, que por sinal estava extremamente frio.

Fechei mais o casaco e abracei o próprio corpo.

A noite estava calma. O céu sem estrelas, e o vento gélido.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora