Epílogo: O amanhã ainda hoje.

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"A dor que fica sempre que encerramos uma batalha. Vencer de quem o ama significa perder para quem odeia."

E

stava um dia lindo.

O gramado verde, vivo, com flores rosas, roxas e amarelas, lírios, dentes-de-leão e outras plantinhas menores. Poucas árvores, e as poucas, com folhas vivas e cheias de cor.

A temperatura estava amena, uma brisa leve de verão passeava, balançando meus fios curtos. O sol coloria com uma luz amanteigada a paisagem natural que se formara.

Caminhei entre as flores, com um vestido branco, leve, de chiffon, e rendas. A saia voava com a brisa; pássaros cantarolavam, pareciam corresponder uns aos outros, em frases contínuas e bonitas.

Eu carregava um buquê de flores azuis, as preferidas de Ben.

Um túmulo de mármore branco, com carvalho claro e detalhes em dourado, aguardava a alguns passos de mim.

Depositei as flores em cima do túmulo, juntamente com algumas lágrimas que caíram.

— Adeus, querido amigo — sussurrei, para apenas Ben, para o vento, para as estrelas além do céu azul.

Deitei entre as flores; encarei o céu limpo e imaginei Ben ao meu lado.

Poderíamos contar histórias, conversar sobre as nuvens, planejar o dia de amanhã.

———

Gritei de dor, quando fui deitada em uma maca fria de metal. Minha voz parecia não sair, já que não ouvia nada, como se houvesse algodão em minhas orelhas.

Kimmy estava ao meu lado e parecia nervosa, dizia algo para mim, porém eu não ouvia nada.

Eu estava em algum hospital, porém os médicos não vestiam as roupas convencionais, brancas. Eles vestiam aventais verdes.

Senti uma agulha perfurar minha pele, em seguida outra, e outra.

Cortaram minha roupa e aplicaram um gel gelado em minha barriga.

Não sentia meu tornozelo, o dolorido. Aos poucos parei de sentir qualquer dor, e senti meus olhos pesarem novamente.

Aquilo era anestesia. Estavam cuidando de mim.

Eu tentei dizer para me deixarem definhar até a morte, em qualquer beira de rio. Poderiam me deixar de volta no casebre, para que eu, enfim, morresse em meu túmulo pútrido antigo.

Não consegui dizer nada, o efeito da anestesia agiu rápido demais.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora