2| Estou acordada

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Abri meus olhos lentamente sem conseguir enxergar direito; com muita dor no corpo.

- Pessoal, ela está acordando - sussurrou uma voz.

Olho para um lado e para o outro, tomando consciência e lembrando aos poucos do que aconteceu.

Tento levantar, porém logo sou interrompida por uma moça com uniforme de enfermeira.

- Não, não, querida. Você precisa ficar deitada por enquanto. Logo estará bem, contudo precisa descansar - falou ela.

Ao meu redor haviam equipamentos médicos. Suporte para soro e o soro, respiradores, tubos e fios.

- Onde estou, o que aconteceu? - pergunto, com a voz embargada.

- Joy você voltou! Finalmente voltou para nós! Está em Pandora, seu lar. Você caiu de uma altura bem considerável... - começou, um jovem que aparentava ter minha idade, com cabelo ruivo e olhos azuis.

- Vinte metros, para ser mais exata - interrompeu uma garota loira, com os fios de cabelo bem curtos, blusa regata e expressão severa.

Reuno um pouco mais de ar, para conseguir falar:

- Sim, eu me lembro, mas não parecia tão alto lá de cima. Como eu estou viva?

- Não sabemos, pura sorte talvez, e tecnologia. Mas, o que importa, é que está bem... Não tanto assim, porém está conosco, de volta, sã e salva - respondeu o garoto de cabelos ruivos.

Tudo bem. Estou viva, isso é o quê importante.

- Preciso avisar meus pais que estou viva, eles devem estar preocupados... - começo, todavia sou interrompida:

- Joy, do quê exatamente você está falando? Seus pais não morreram quando você ainda era criança? - questionou o garoto.

- Quê? Como assim?

- Com licença sr. Gales, a srta. Taguchi ainda não está completamente recuperada da queda, precisa deixá-la descansar. - avisou, a moça com o uniforme.

- Vamos Ben, depois voltamos - finalizou a garota de cabelo curto, puxando o Ben com si para a porta.

Assim que saíram, a enfermeira falou:

- Qualquer coisa é só apertar este botão - ela apontou para um botãozinho no braço da cama, - e viremos imediatamente. Tenha uma boa tarde, srta. Taguchi. - Ela deu um sorriso gentil e com isso, saiu do quarto.

°°°

Passaram-se semanas, talvez meses, desde que acordei nesse hospital.

Não recebi nenhuma visita de meus pais, nem um telefonema, ou a oportunidade de ligar para eles. Inclusive, todas as vezes em que eu tocava no assunto, me tratavam como louca e insistiam em afirmar que eles estavam mortos há anos.

Na maior parte do dia, o garoto ruivo chamado Ben, vinham me visitar com flores coloridas ou jogos. Sempre conversando sobre meu estranho passado aqui, minhas histórias e conquistas.


Em todas elas, eu preferia fingir estar dormindo, já que toda vez que eu discordava de suas afirmações fantasiosas e malucas, eles diziam: "Você está confusa ainda, é melhor descansar."

Apesar do cansaço, já me sentia bem melhor. As dores na costela passaram e apenas cicatrizes leves estavam sobre minha pele.

Eu já não aguentava mais ficar naquele quarto, ouvindo baboseiras e fingindo ser gentil ou fazer o papel de louca.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora