24| Pousando em Conrad

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Joy


O voo demorou mais do que pensei. Estranhei também o fato de um ministro embarcar junto da comitiva e eu.

Durante as horas no avião peguei no sono, pois não havia — ousado — tentar dormir após o pesadelo.

Ainda sim, pude sentir uma presença estranha na minha mente, talvez fosse um aviso.

Do alto, era possível ver o país. Decorei informações básicas sobre o Distrito A de Conrad, aonde a republica se localizava. Conrad era um país bem conservador, segundo minhas pesquisas. Era composto por 5 distritos, na qual o A era o centro onde tudo acontecia.

Desembarcamos do avião e logo um homem veio em disparada para nossa direção.

O ministro o abraçou, e os dois começaram a conversar.

Enquanto isso, outras três figuras —duas mulheres e um outro homem —, vieram a nosso encontro.

— Patsniiz,  kringuitab hadult yl voutre? — perguntou uma moça, em uma língua desconhecida.

— Perdão? O que disse? — tento dizer mas sua feição muda, para uma de desagrado.

— Ah, a pandorana não sabe falar hyntzkii — disse ela, com sotaque carregado o que já estava claro e estampado em minha cara.

— Tiah noz sabrat spwe hyntzno, ueo cod adpte patisi — disse o concelheiro ao meu lado.

— Mainthe! Tiah prinpitha atras tipaliutha men thona. Hedult havyz, chaladult! — disse ela, soando indignada.

— Maiol, maiol — disse o concelheiro.

A mulher me olhou de cima a baixo.

— Com licença, o que está acontecendo? — pergunto confusa.

— Tudo bem, ela pode ficar. — Disse a mulher, seca.

— Obrigado.

— Vamos logo. O motorista não tem o dia todo.

A outra moça pegou minha mala, enquanto a mais velha mostrava o caminho.

— O ministro irá conosco? — pergunto.

Ela me olhou de soslaio.

— Não. Ele irá para o planalto do governo, resolver o que veio resolver. Você irá para o Castelo das Damas — disse. O sotaque era inconfundível.

— Mas eu vim para resolver assuntos do governo, por que estamos indo para esse " Castelo das Damas"? — questionei.

— Ah não querida. A Primeira Dama de Pandora foi bem clara quanto a seu respeito. Você irá aprender a como ser uma boa moça, a como ser uma jovem mulher respeitosa e com modos — disse afinando a voz.

— Deve haver algum engano. Me disseram que eu iria resolver assuntos diplomáticos, não que iria para um convento conservador.

Ela inspira fundo.

— Sua entrada no país foi negociada para isto. Irá para o Castelo das Damas e ponto.

— Parem o carro. Quero descer, quero ligar para a Primeira Dama, agora — exijo.

— Se tentar, ousar, fazer qualquer coisa que ameace mais alguém nesse carro. Será levada a cadeia.

— Pois então que me levem. A única que será presa aqui é a senhora por impedir minha passagem e me arrastar, visivelmente a força, para um lugar desconhecido. — a encaro.

— Boa tentativa, mas está vendo isto aqui? — mostra meu visto e passaporte — a única condição de permanência neste país é por sua estadia no Castelo das Damas, portanto, ou você obedece, ou você passará algumas noites na cadeia. O que prefere?

Engulo a seco.

Não possuía opções boas, mas sou sensata o suficiente para não querer passar nem na porta de uma delegacia de um país que mal conheço.

— Como eu pensei. Agora, não nos dirija uma palavra sequer caso eu não permitir — avisou a mulher. — Ah, à propósito, sou a madame Monclair e esta é minha ajudante, senhorita Povroatt.

Enquanto eu argumentava, a senhorita Povroatt não pronunciou um "a". Ela parecia mais jovem que a madame, e também mais pálida.

Conforme contornamos uma rua, pude perceber a estética do lugar. Todas as construções era iguais, em todos os aspectos. Cores cinzas, bege e branco dominavam. A simétria dos prédios era impressionante.

Ao longo da via expressa, esculturas geométricas eram erguidas no ar, através de arcos finíssimos.

O distrito parecia um quadro em branco, faltavam cores e pessoas. Bem diferente da Cosmopolita iluminada, conectada e viva.

Subimos uma colina, e logo pude ver a placa sinalizando que entramos na propriedade Berkan, o condato do "Castelo das Damas".

Era uma construção sólida, sem arabescos e poucos ornamentos.

Talvez fosse o prédio mais diferente entre o resto do distrito, mas ainda sim era simplório.

O carro parou numa pista perto da entrada e desembarcamos.

As portas de vidro se abriram e o interior se revelou frio. As paredes de pedra em contraste com as brancas, davam uma sensação de frieza.

Subi a escadaria e dobramos a esquerda.

Logo na primeira esquina, a madame abriu uma porta e várias moças nos encararam.

— Preh fos, chiste — gritou com as garotas.

Elas abaixaram a cabeça e saíram do quarto em silêncio.

— Este é o seu novo quarto. Esta é sua cama. — indicou.

O quarto era cor cinza, nenhuma novidade, mas as camas era de uma madeira escura e lençóis amarelos clarinhos.

O móvel ao lado era quadrado e acompanhava a cor da cama. Era pequeno.

A madame fez um gesto positivo com a cabeça e a senhorita Povroatt apoiou minha mala em cima da cama. Em seguida a abriu.

— Espera, não abra isso, são meus pertences e roupas. — digo.

— Não mais. Uma costureira virá tirar suas medidas em breve. Essas roupas vão para o lixo.

— O que? Não podem fazer isto! — digo.

Ela me encarou séria. E eu a encarei de volta.

— Já que insiste, guarde tudo na mala e a coloque em baixo da cama. Não use essas roupas em hipótese alguma — ordenou.

Eu ia argumentar, mas as duas saíram do quarto e fecharam a porta.



Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora