16| Moeda de troca

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Provavelmente horas se passaram e nada de resgate, tampouco outro telefonema para a Embaixada.

Senti minha pulseira-relógio vibrar em meu pulso diversas vezes.

Eu não estava amordaçada, contudo não ousei dizer nem um "a".

— Estão demorando muito — reclamou Rebeca, pela milionésima vez, enquanto dava um gole em alguma bebida que definitivamente não era água.

— Rebeca — comecei, jogando a cabeça para trás, encostando na madeira. — Sinto muito lhe informar, mas eu não sou tão importante assim. Você deveria ter sequestrado outra pessoa mais importante.

— Que deprimente. Pior que deve ser verdade, porque estão demorando tanto!

Bufei.

— Esse lance de seu sul. Você é de uma máfia, milícia, um montante de terroristas? — Indaguei.

Ela quase gargalhou.

— Você é a refém mais peculiar que já sequestrei. A maioria estaria chorando, implorando para ser libertado, e cá está você, me perguntando de qual área do crime faço parte — admitiu ela, passando um copo da bebida para seu capanga.

— Não acho que adiantaria muito começar a surtar agora, e além do mais, pelo que entendi você precisa de mim para negociar, então não irá me matar.

— Mas eu poderia te machucar.

— Talvez — ponderei, sentindo o fantasma de uma tendinite no pescoço.

— Tirem as algemas da garota — ordenou Rebeca para um dos homens.

Ela apoiou o copo na mesa.

Quando o cara me levantou, cambaleei dois passos até sentir minhas pernas novamente.

— Ordem Imperial, é como somos chamados. Sou a Capitã do grupo, Rebeca Red, como sou conhecida. — Seus cachos vermelhos brilharam refletindo a luz da janela. — Não somos um bando de rebeldes sem causa como pregam por aí. A situação no país é crítica, como pode notar. Seu sequestro é nossa única chance antes de uma decisão radical, que pelos deuses, não queríamos ter de tomar. — Completou ela, oferecendo a bebida para mim.

Recusei.

Ela me encarou.

— O que você quer dizer com decisão radical? — Questionei.

— Não me leve a mal docinho, mas você ainda é parte da Embaixada e está diretamente ligada ao governo. Seria estúpido da minha parte revelar alguma coisa.

—Certo, e o que você vai fazer agora? Esperar o resgate aparecer ou me levar pra sua toca rebelde? — perguntei, me aproximando da mesa.

— Eu vou torcer pra que alguém apareça. Já cogitou fazer novas amizades? — Falou ela, sarcástica.

— Engraçadinha.

— É sério. Está a todo esse tempo lá, e não arranjou nem um homenzinho engravatado para aquecer sua cama? — Pressionou ela, estreitando os olhos.

Quase tossi de vergonha.

Pensei em Carter, provavelmente corada, mas ele logo desapareceu de minha mente quando ela prosseguiu:

— E aquele ruivinho dos jogos? Lembro de ter lido uma matéria na revista sobre os dois...

— Não temos nada. — Menti.

Ela pareceu verdadeiramente surpresa.

— Uma pena.

Fomos interrompidas pelo que pareciam ser barulhos de carros se aproximando.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora