3|Protetora

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Deixamos a Sala dos Retratos para voltarmos ao meu - novo - quarto.

Não tenho certeza sobre meu estado mental, tenho questionando minha lucidez a todo momento porque absolutamente nada faz sentido nesse lugar. Acabei de ver espelhos funcionando como televisões que mostram, com precisão, imagens convincentes sobre meu suposto passado.

- Cece! - As palavras pareceram ter escapado dos lábios de uma mulher estagnada a nossa frente. Seus olhos estavam tão arregalados, repousando sobre mim sem nem disfarçar.

Eu acreditaria se ela dissesse que estava vendo um fantasma.

- Bem, esta é Kimmy, sua melhor amiga - disse Ben, muito baixo como um sussurro.

- Ben, por que não me contou que Cece voltou? Oh, minha nossa, por todos deuses nesse mundo... Cece, é você mesma? - Indagou ela, avançando em nossa direção. Seus passos eram desregulados, ela diminuía a velocidade, hesitante, conforme chegava mais perto.

Eu não sabia o que dizer.

Ela me analisou de perto. Seu cabelo era azul royal, cortado na altura do queixo em uma linha reta. A franja escovada em sua testa parava naS sobrancelhas, que eram levemente arqueadas.

A mulher usava uma maquiagem impecável, a sombra azul delineada artisticamente.

- Kimmy, a Joy perdeu a memória - apressou-se Ben em dizer, finalmente roubando o olhar de Kimmy e sua atenção.

Ela pareceu nitidamente abalada. Franziu o cenho e disse:

- Cece, querida, como ousa se esquecer de mim? - Sua voz trazia certa melancolia e eu arriscaria dizer que havia algo como decepção ou dor em seu olhar.

Surpreendentemente, ela me abraçou, forte.

- Senti tanto sua falta - murmurou.

Quando se afastou, encarou Ben.

- Precisamos prepará-la para o encontro com a Primeira-Ministra. Ela enviou um de seus sentinelas para avisar que está esperando a Joy para uma reunião formal com o conselho - comunicou ele.

Kimmy pareceu não gostar da ideia.

— Ela não perde tempo, não é mesmo? — disse sem entusiasmo.

- Sinto muito, por não lembrar de nada disso - acabo dizendo na esperança de demonstrar empatia.

Ela me encarou transmitindo esperança através de seus olhos cor-de-mel.

Kimmy entrelaçou seu braço no meu, guiando-nos pelo interior da construção. Havia um miolo aberto na torre, permitindo a visão dos andares superiores e inferiores a partir de uma grade de vidro.

Pontes paralelas interligavam os lados dos andares.

Segundo Kimmy, meu "quarto" era na ala oeste do segundo andar.

- Ainda está mobiliado, no fundo ainda tínhamos esperanças que aparecesse. Agora que está aqui, é prova viva dela - falou, enquanto abria a grandiosa porta.

Era completamente lindo! E grande. Uma enorme janela aos fundos iluminava o cômodo. Ela ia do teto ao chão e simpatizava com as cores das demais paredes em acabamento de cinza queimado.

No lado esquerdo, uma cama grande e dois móveis pequenos a acompanhando. O tapete era macio e grosso, ao passo que o chão era perfeitamente ilustrado em um piso de mármore branco.

Logo atrás da parede da cama, um espaço destinado ao closet e um pequeno arsenal, com algumas armas como arco e flecha, adagas e facas.

- Você é bastante apegada a sua coleção de armas. Tanto que preferiu guarda-las com si - disse ela.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora