Havia recebido ordens de não circular pelos corredores sem minhas "novas roupas".
Era praticamente um uniforme. Um vestido longo, até a canela, branco; sapatos com salto pequeno, preto e afivelado; meias brancas; e grampos, muitos grampos.
Tentei fazer um coque parecido com o das meninas de hoje mais cedo, porém o resultado não ficou tão bom.
Agora já considerava poder sair do quarto.
Andei pelos corredores e todos eram iguais: poucas portas, paredes brancas, piso escuro e algumas janelas.
No salão por onde entrei, a decoração da fim de ano já era visível.
Kimmy me contou que não celebram em datas especificas, e sim durante o mês todo.
Este mês era em homenagem a Virtude do fim da vida e começo de um novo ciclo. Bem interessante.
As cores da Virtude eram vermelho, dourado, branco e prata, combinavam com a estação fria.
— Olá — uma menina se aproximou.
— Oi, você fala minha língua — digo, surpresa.
— Temos aulas didáticas sobre idiomas e o estrangeiro, a maioria das garotas fala, outras apenas entendem, e outras ainda estão tentando pegar o jeito. — explica.
A garota era magra, alta e a pele morena, bronzeada, porém com um cinza indicando a falta de sol. Seu cabelo era preto e estava preso em um coque, como o das outras. Um rosto delicado e olhos parecidos com os meus.
— Prazer, sou a Liana. Você vai precisar de amigos aqui — disse ela.
— Sou Joy, a estrangeira. — rio.
— Por aqui — ela indicou o caminho.
— Esta roupa pinica um pouco — digo me coçando.
— Você se acostuma. Mas então, o que veio fazer aqui? — perguntou enquanto caminhávamos. Sua postura super ereta e seus passos ágeis e delicados.
— Foi um engano, provavelmente uma armação. Longa história — desconversei.
— Chegamos, esta é a saleta de refeições. Temos um chá da tarde agora. — avisou.
Era uma sala pequena, com uma única mesa grande e poltronas perto das paredes.
— Vamos nos sentar. — arrastou sua cadeira, e fiz o mesmo.
Não muito tempo depois, outras meninas começaram a chegar. Geralmente em grupinhos de quatro, trios ou duplas. Raramente uma aparecia sozinha.
— Tiffany — acenou Liana sem elevar muito seu tom de voz.
— Patdayah — disse Tiffany, em hyntzkii.
— Patdayah, xespa yl hedult Joy. — disse Liana, em hyntzkii também.
— Yeobatisi!
— Desculpa, eu não entendi nada — disse envergonhada.
— Ah, tudo bem. Eu disse: bem vinda. — explicou Tiffany.
— Obrigada.
— "Patdayah" é boa tarde, "yeobatisi" é bem vinda. "Xespa yl hedult Joy" significa "esta é a Joy" — ensinou Liana.
— Obrigada por me explicar — agradeço.
— Obrigada é "yeoprin" — diz Tiffany.
— Yeoprin — digo.
O chá da tarde seguiu bem. Todas as moças conversavam em baixo tom.
Meu cabelo se destacava das demais garotas, todas com cabelo preto, ou bem próximo do preto, e eu com meu cabelo quase ruivo.
— Seu cabelo é natural? — perguntou Tiffany.
— Sim. Por que todos me perguntam isso?
— É raro moças com cabelos diferentes de preto. A maioria que nasce loira, ou ruiva, tinge de preto ainda criança. Algumas até usam métodos questionáveis — explicou Tiffany.
— Que tipo de método? — pergunto.
— Queimar o comprimento do cabelo, ou passar cinzas neles — disse Liana.
— Para que isso?
— Não sei, acho que nossa sociedade se acostumou com isso, e como pode perceber, todas devemos ser "iguais" — disse Tiffany.
— Não vou tingir meu cabelo, nem sou daqui — digo.
— Sim, realmente — Liana fala, e começam a rir baixo.
Percebo que estou derramando chá na roupa.
— Ahh, estão vendo, nem sei colocar chá na xícara direito — digo me limpando.
— Hmm, seu perfume aroma erva doce é encantador — diz Tiffany e começamos a rir.
Elas eram legais, talvez pudesse relaxar um pouco a mente enquanto estava com elas. Isso era bom.
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Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDA
Fantasía- Deadly Mirrors - Atravessando Espelhos |CONCLUÍDA| [PLÁGIO É CRIME!!] Sobre a obra: Um drama envolvendo política e família, triângulos amorosos e juras de vingança? Sim, você definitivamente está no livro certo! Bem, este é um típico thriller on...