43|Problemas no paraíso

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Aguardava a princesa, ansiosamente, junto de Kimmy.

A ala reformada era ampla, com vários corredores e salas novas. Em sua maioria, salas de fotografia, a sala da coletiva de imprensa e do Jornal Oficial da Cosmopolita Central. Eu conheci apenas uma das salas, logo quando cheguei, após a minha "primeira missão". Contudo, isso não anulava o fato de desconhecer o ambiente.

Kimmy olhou seu tablet cristalino de alta tecnologia, e esboçou uma feição preocupada.

— O que foi Kimmy, está tudo bem?

— Pelos deuses! Joy, sinto muito, mas ocorreu um problema na confecção dos vestidos no ateliê. Preciso resolver, Julian avisou que estão de cabeça pra baixo, literalmente — informou, prestando atenção nas mensagens que não paravam de chegar.

Não acredito!

— Kimmy, não pode me deixar sozinha com a Princesa de Galadult! Eu nem conheço a ala por completo — protesto, massageando as temporas.

Ela deu um sorriso leve, e forçado, aparentando dó e lamentando.

Respirei fundo e assenti. Em seguida, Kimmy pareceu perdida em meio tantas mensagens surgindo, e desapareceu pelo corredor turbulento, cheio de pessoas carregando vasos de planta, mudando as paisagens virtuais e pendurando enfeites festivos em cada porta.

O clima era de festa. A data do casamento se aproximava, portanto, a cada dia mais serventes e máquinas androides enchiam os corredores e o jardim decorando o ambiente.

— Joyce? — Ouço a Princesa chamar. Faz tanto tempo que não ouço chamarem meu nome, casualmente.

— Oi, olá, digo, tudo bem Princesa Miranda? — Digo com esforço, tropeçando nas palavras.

— Sim, a propósito, pode conversar comigo casualmente. Essa coisa de formal é ultrapassado.

— Ah claro, casualmente — repito, tentando descontrair minha tensão.

— Está tensa, nunca conversou com alguém da realeza? — perguntou, enquanto avançávamos pelo corredor.

— Não, nunca tive a oportunidade, Princesa.

— Pode me chamar de Miranda, esqueça os títulos por agora. 

— Como desejar.

Eu estava tentando, de verdade, ser o mais natural possível. Sabia que não era culpa dela, o casamento era arranjado, e por mais que eu sentisse uma faísca de raiva dela, deveria me conter, afinal de contas, ela era só mais uma vitima da Primeira Dama, assim como eu e Carter.

Carter, lembrar dele, mesmo que em apenas uma citação nos pensamentos, doía. A noiva dele estava ao meu lado, deslumbrante, radiante, enquanto eu, parecia apagar a cada passo. Creio que a Primeira Dama pensou em tudo, talvez, devêssemos até nos odiar. Talvez, ela realmente me odiasse daqui a alguns dias, ou quando descobrir a verdade por trás de seu casamento. 

— Estou muito ansioso para o casamento. —Fez uma pausa, — Ansiosa, perdão, pandorano é confuso algumas horas — corrigiu.

— Sem problemas, te entendo — digo, lembrando dos momentos em Conrad. 

— Entende? 

— Sim...Eu...Bem, digamos que fiz uma viagem a um país com o idioma completamente diferente do pandorano — conto, por fim.

— Onde? 

— Conrad. 

— Ah sim, Hyntzkii é especialmente difícil. Aprendi alguns idiomas ao longo dos anos, porém nunca consegui alcançar fluência. É praticamente impossível. — Gesticulou com as mãos.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora