Prólogo

82 12 8
                                    

Há dois anos atrás...

Era ela! O tempo todo, era ela!

Argh!

Mentirosa, vigarista, falsa e sonsa!

— Acalme-se Joy, aonde você está indo? Está ferida, não pode continuar assim — falou Ben, desesperado, me segurando pelo pulso.

— Por favor, me solte Ben! Vou acabar com isso de uma vez por todas! VOCÊ NÃO PODE ME IMPEDIR DE PARAR AQUELA MALDITA! — Berrei, aos quatro ventos.

— De quem você está falando? Joy, sabe que tem uma viagem amanhã. Está toda machucada, e ainda pretende fazer o quê, exatamente?

Revirei os olhos, em seguida, encarei Ben profundamente.

Respirei fundo, tentando conter minha raiva, e falei, o mais calma possível, ou perto disso:

— Preciso resolver algumas pendências antes de partir, e, se não se importa, tem que ser agora!

— Tem certeza, de que é tão urgente? — Insistiu ele em me impedir.

— Sim! Eu. Tenho. Alguém irá fazer uma visitinha para o inferno, e advinha, eu pago por ela, na primeira classe.

Virei as costas e saí, ignorando completamente os protestos de Ben. Absolutamente nada importava, além de fazer picadinho daquela víbora, desgraçada e podre.

°°°

Estava chovendo, quando finalmente cheguei ao Penhasco Espelhado. Um enorme portal para outras dimensões, realidades e universos. Qualquer um, que atravessasse um dos espelhos, posicionados em caracol, poderia facilmente chegar em um lugar completamente diferente, bom ou não.

— Finalmente, minha querida, Joy — cantarolou docemente, caminhando em minha direção.

— Eu vou acabar com a sua raça de quinta categoria, sua desgraçada, mimada e imprudente!

Ela gargalhou com escárnio.

Cheque-mate, parece que você descobriu toda minha trama. — Disse ela, sorrindo. — Agora, este é o meu império e você não pode fazer nada, NADA! Você é só uma criancinha órfã no meu tabuleiro, boba, sem valor. É só mais um peão, que sacrifiquei, para o mate maior— concluiu.

— Ahh sua desgraçada, você vai pagar por tudo isso, você realmente não conhece o monstrinho que criou, ao me colocar lá dentro. — Pego uma das adagas. — Sinto muito te dar esta trágica notícia, mas, uma certa raça, vai entrar em extinção — finalizo.

Corro em direção a ela, que desvia, e segura meus pulsos.

Chuto sua canela e ela desestabiliza.

— Escuta aqui Joyce, VOCÊ NUNCA MAIS VAI VER ESSE MUNDO! NUNCA!— Falou, me empurrando para trás.

Cambaleei alguns passos, porém lutei para que eu conseguisse pará-la.

— Adeus, querida Joy — disse ela, escancarando um doce sorriso.

Antes que eu conseguisse fazer algo, fui empurrada para dentro de um espelho.

Atravessei-o depressa; o vidro me engolindo por inteira, cada milímetro de meu corpo sendo arranhado, com os cacos pontiagudos em minha pele branca e lisa.

Não. Não. Não.

— Faça uma boa viagem, e se você lembrar, me traga um souvenir de 2018 — ronronou ao fundo, quase inaudível.

Quando caí, uma escuridão me engoliu e senti meu corpo se chocar contra algo duro, maciço. Segundos depois, ouvi um estalo, seguido por ruídos.

O que quer que fosse a coisa em que me choquei, ela quebrou, e eu caí.

Senti minha cabeça pesar, minhas pálpebras se fecharem involuntariamente.

A escuridão tomou conta de mim, assumiu o controle de meus pensamentos e, aos poucos, apagou tudo que havia em minha mente, deixando um abismo entre quem eu era, quem fui ou quem pretendia ser.

Por fim, me desligou completamente da consciência e me abandonou em um mar de dúvidas, em uma lacuna em branco.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora