E por fim, o fim?

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(Junho)

Joalin Loukamaa

A vida nem sempre é justa para todos, para mim ela não foi nem um pouquinho.

Quando eu era mais nova tentava ver o lado bom de tudo, pensava que dependia apenas de mim mesma mudar ou não realidade em que vivia. 

Mas conforme o tempo passava isso foi se complicando, foi ficando impossível.

Qual é o lado bom de ver seus pais serem assassinados no dia do seu aniversário? Como posso mudar isso? Como posso sorrir após ser dada a uma família criminosa por uma justiça que não liga para seus cidadões?

Bom, era o que eu pensava, não tinha lado bom, e eu nunca conseguiria mudar minha realidade.

Cresci ao lado de Arthur, meu primo de segundo grau, seus pais controlavam o crime do lado ruim da cidade e eu nunca superei a morte de meus pais.

Jurei vingança, me envolvi em crimes atordoada por lembranças matantes, treinei, me preparei, tomei posse do negócio de meus tios junto com meu primo.

Era apenas nós dois, e éramos incríveis juntos, fazíamos um bom trabalho, boas vendas.

Tudo ia bem até conhecermos Pepe, seguido de Sabina e meu mundo virar de cabeça para baixo.

Ela acendeu em mim algo que era desconhecido, e quanto mais eu a conhecia, mais a queria.

Ela me fez largar o tráfico para sermos "normais", Arthur agora era uma dupla solo, Pepe carregava uma raiva imensa de mim, mas ainda assim me respeitava.

Fui compreendendo meus sentimentos de pouco a pouco, construindo quem sou hoje, não nego meu passado, porém também não o venero.

Vocês devem estar se perguntando o porque de eu estar invadido essa história, mas preparem-se, ainda teremos um bom tempo juntos.

Jack me procurou a três meses atrás, eu mal sabia quem ele era, me trouxe um papo barato e muitas ameaças, e apesar da minha inteligência eu cedi, foi uma péssima escolha.

Mas agora quero corrigir meu erro, aprendi que nunca devemos negar ajuda a quem amamos e Bailey e Shivani fazem parte da minha vida, eu querendo ou não.

Desde o dia em que eu os vi pela primeira vez, desesperados e em choque por Noah, eu sabia que teria que fazer algo.

O asfalto abaixo ruge pelo pneu do meu carro, Arthur conseguiu a localização de Shivani, mas quando chegamos lá já era meio tarde, diaga-se de passagem.

Eu ouvi conversas, acompanhei bem escondida os passos de Jack e Shiv que parece tão esgotada.

Ai meu Deus, eu me sinto tão horrível.

Shiv me encorajou a contar tudo, me aconselhou sobre segredos e quando eu estava prestes a tentar protege-la e corrigir o meu erro, já era tarde demais.

Jack sabia em que hotel ela estava, sabia sobre sua rotina, sabia sobre os horárias em que estava ou não no hospital, sabia dos seus passos e eu era quem havia contado tudo.

Estamos quase chegando no fim do cruzamento de Cancún, do lado onde as coisas não são boas, em volta tudo o que temos é uma floresta seca, o sol está indo embora e a rua é praticamente vazia.

A não ser pelo carro de Jack, Taylor e mais alguns intrusos.

Percebo que Jack descobriu que eu estava o seguindo quando aumenta a velocidade e Shiv olha pelo retrovisor, olhos vermelhos e respiração ofegante.

Meu coração palpita mais rápido, eu troco a marcha e puxo a velocidade ao máximo.

Taylor está tão preocupado em se safar que não dá tanta importância para minha presença.

— Desgraçado — soco o volante quando os pneus do carro de Jack se desviam e entra na floresta.

Dou meia volta e o sigo, a adrenalina começando a consumir meu sangue, eu estava com saudades disso.

Menos de cinco minutos e ele já está de volta ao asfalto, provavelmente frustado porque essa foi uma péssima tentativa de me distrair e me distanciar.

Piso fundo no acelerador, o vento de fora embaraça meu cabelo e a noite está quase chegando.

Um sorrisinho me escapa, desvio a direção e estou ao lado do seu carro.

Ele pensou mesmo ser válido para mim?

Seu tempo de chantagens chegou ao fim.

Pelo retrovisor já consigo ver o rosto de Shivani, sua respiração acelerada e seus olhos vermelhos.

Estamos quase no fim da linha do México.

— Loirinha de merda — ele grita feito um louco, jogando seu carro contra o meu e o fazendo cambalear.

Mas por sorte ou destino o meu é mais evoluído e aguenta a pressão do seu.

— Solta ela — é minha vez de gritar.

Ele gargalha e nega.

— Vai embora — Shivani grita — Ou ele vai te machucar, por favor Joalin — e suas lágrimas estão escorrendo de novo.

Sinto meu coração apertar dentro do peito.

— Eu não vou te deixar — jogo meu carro contra o de Jack que falha o motor, mas agora estou tão próxima que Shivani poderia pular que não se machucaria.

Jack acelera mas não sai muito do lugar.

— Que carro de merda — eu rio o distraindo enquanto procuro por minha arma.

— É melhor ouvir sua amiga e dar um fora, sua ex traficante.

Fico confusa.

Pelo jeito ele também pesquisou meu passado.

Encontro minha arma abaixo do painel principal.

Respiro ofegante e fito o olhar de Shiv mais uma vez.

Assinto para ela que parece não entender, tiro minha arma para fora e sem esperar muito acerto o espelho do retrovisor. Shivani grita pelo susto o que me dá tempo o suficiente para acertar o pneu da frente.

— Pula — grito sem prestar muita atenção em Jack, era agora ou nunca.

Afasto meu carro e em menos de um segundo Shivani está rolando sob o asfalto, o carro de Jack perde a direção e eu freio o meu fazendo o derrapar.

Saio do mesmo com pressa e desespero, corro até Shivani que respira ofegante no chão.

— Eu...eu...estou bem — ela diz sussurrando baixinho enquanto encolhe seu corpo e geme de dor.

Respiro fundo e antes de me sentar ao seu lado acerto um tiro no último pneu de Jack , o carro se descontrola e capota em direção a colina.

Tenha uma boa viagem Jack.

É, tudo ficaria bem.

//💛

"Perdão pela demora meus consagradinhos, amo vocês🥺"

Um teto para dois //ShivleyOnde histórias criam vida. Descubra agora