(Junho)
Bailey May
— Carregamento de drogas? — Sabina quase estourou meus tímpanos — Tá maluco?
Suspirei ligando o carro e saindo o mais rápido possível dali.
Talvez não tivesse sido uma boa idéia contar isso a ela.
— Joalin, você pode me ajudar com isso?
Ela pediu um pouco irritada e a loira negou com a cabeça.
— Acho que ele já está certo dessa decisão meu bem — e eu realmente estava.
Finalmente ela falou algo sensato.
— É só até a fronteira — tentei me defender.
Sim, sei que talvez isso me torne um traficante meio boca? Mas prefiro correr perigo do que deixar que Shivani o passe.
— Eu não acredito que ele te propôs isso — a morena voltou no assunto me fazendo suspirar novamente.
— Eu não acredito que mentiram sobre ele ser o primo da Joalin — encarei a loira pelo retrovisor.
Um silêncio se instaurou.
Eu tinha tocado bem no ponto que elas não queriam falar.
~
— Você deveria reconsiderar essa escolha — Sabina falou assim que se sentou ao meu lado na mesa de jantar.
— Isso não vai acontecer — a assegurei.
— Pode se metar em uma roubada, essa troca de favores é absurda — deu uma pausa — E o que ele vai te fazer em troca?
— Me ajudar com Shivani — falei como se fosse óbvio.
— Porque esse tal de Jack a levou?
Pressionei os olhos com sua pergunta, sentindo o piso se desfazer por baixo dos meus pés.
— Porque ele é um filha da puta — segurei minha vontade de socar a mesa.
— Vamos trazê-la de volta — senti quando seu toque quente chegou até minhas mãos entrelaçadas sob o vidro da mesa.
— E se não conseguirmos? — meu coração acelerou por eu ter perguntado isso em voz alta.
— Vamos dar um jeito — seus olhos me encaram — Eu gosto da Shivani e sei que ele vai aguentar até chegarmos.
Assinto por fim, me rendendo a sua fala e me assegurando de que tudo iria ficar bem.
De que eu logo teria minha falante Paliwal de volta.
~
O frio gelado das duas da madrugada em Cancún fazia todos meus pelos se arrepiarem, mesmo eu estando coberto por um conjunto de moletom preto e quente.
Retorci meus dedos nas mangas longas, seria a primeira vez que faria algo realmente ilegal, talvez eu não estivesse pensando muito bem.
E o que tem? Nada está bem mesmo, na verdade tudo está uma bela de uma droga.
— Só precisa passar pela fronteira — Arthur falou quando se aproximou.
— Mas o combinado era ir apenas até a fronteira — dei um passo a frente.
— Aconteceu um problema com Theo, ele não poderá receber o carregamento, então tera que levar até ele.
Neguei prontamente.
Tentar atravessar a fronteira com um trailer cheio de contrabandos e drogas seria como eu mesmo me colocar na prisão.
Principalmente a mim que não fui treinado para isso.
Pelo contrário, sou um advogado e teria que estar dando jus ao que me formei.
Mas tudo é tão desesperador quando se trata de Paliwal que acabo concordando com a mudança de plano.
Quando chego perto da fronteira e da enorme estrutura de cobranças ao pedágio meu pulso palpita sem parar, a fila está grande, uso um chapéu típico do México para aliviar a roupa preta.
Preciso parecer apenas um viajante de trailer que não tem nada de melhor para fazer da vida, então tento encorporar o papel.
Isso será melhor do que perder minha garota.
E quando me dou conta já estou apertando o volante com força, como Shivani nunca me mostrou uma foto desse cara? Porque não levei a sério o fato de ter alguém nos seguindo?
O papo estranho de Giovanna sobre um tal visitante.
Eu deveria ter sido mais inteligente para um advogado criminal.
Sempre desconfie dos fatos.
As expressões dos policiais não são uma das melhores, tudo em volta está escuro, toda a estrada até aqui estava.
Porém as lâmpadas da estrutura de pedágio traz uma certa iluminação.
Nem sei como descrever o que estou sentindo, apenas ajeito o chapéu e acelero devagar quando chega minha vez, faço minha melhor cara de bobo feliz e abro um sorriso animado.
— Boa noite — digo em inglês para ele não querer estender o papo.
Seu corpo é grande, braços fortes e o guarda policial usa uma farda verde e parece cansado após um dia de trabalho.
— Americano? — pergunta.
Assinto rapidamente mexendo no chapéu.
— Documentos — ele se limita, finjo não ter entendido já que ele diz em espanhol.
Na verdade eu sou fluente nessa língua, mas não quero que ele descubra isso.
— Documentos — ele repete, em uma falha tentativa de pronunciar em inglês.
Sorrio um pouco confuso para manter meu disfarce.
Entrego todos os documentos que Arthur me deu antes de eu partir.
Um arrepio percorreu meu corpo quando vejo que o grande cachorro segurado pela guia está cheirando o trailer.
Ele solta um grunhido baixo mas não late.
— Richard? — o guarda pergunta.
— Sim, que tal uma viagem de férias? — mantenho meu inglês e ele nega com cara de quem não entendeu nada.
Suspiro quando finalmente consigo passar pela fronteira sem ser revistado ou pedido para descer do automóvel.
Levo o carregamento por mais umas três horas e completo minha parte do acordo.
Só então me dou por conta de que sou oficialmente um fora da lei.
Que posso me considerar traficante ou algo relacionado a isso?
Bem vindo a essa vida Bailey May.
//💙
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Um teto para dois //Shivley
Romansa{Concluida} Ele só precisava de um dinheiro a mais para conseguir se manter e não ser despejado do seu apartamento, ela precisava de um lugar para dormir, ele tinha uma namorada ciúmenta e era todo metido ao perfeccionismo e a organização, ela tinha...