3. Uma bela música.

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— Você é louca... – o Renato estava com dor de cabeça, toda vida que ele se estressava, acabava sentindo enormes enxaquecas.

— Desculpa pô... – acho que já era décima vez que pedia perdão. – Mas ao menos a gente tinha que tentar.

— Tentar invadir a casa de alguém?? Que belo plano o seu! – chegamos no portão da minha casa. – Segunda feira, vê se diz para a professora que não vai rolar e pronto!

— Tá, tá... – só concordei, não tinha como rebater, senão a dor dele iria piorar. – Vai descansar, beleza?

— Você também... – dando uma mexida nos meus cabelos, bagunçando um pouco eles. O Renato realmente estava bem "puto" comigo, mas sempre segurava sua raiva para não estourar de fato comigo. – Depois a gente se fala... Fui...

Ele foi embora me deixando sozinha, me sentia mal, porque afinal a culpa era minha. Se eu não tivesse sido tola com aquela ideia de tocar com a "minha banda" na escola. Muito provavelmente, nós dois estaríamos de boa para o fim de semana.

— Sua idiota!!

Batia na minha própria cabeça de tanta raiva. Quando entrei fui direto pro banheiro, taquei meu uniforme no cesto de roupa suja e fui para debaixo do chuveiro. Ainda bem que a minha mãe ainda não tinha chegado, porque senão eu iria ser entrevistada sobre como foi o meu "primeiro dia de aula". Depois de quase meia hora tomando aquela ducha, subi para o quarto e desabei na cama de toalha mesmo.

— Calma Haruka.. Foi só mais um dia...

Apaguei a seguir. Sendo algum tempo depois, acordada pela minha mãe levando uma bronca. Eu sempre tive o péssimo habito de me jogar na cama só de tolha e ficar por lá. Isso não só me fazia ficar gripada, como também deixava a colcha toda encharcada.

— Francamente! Você nunca aprende! O que foi que aconteceu hoje?

— Deixa mãe! É só besteira da escola!

Arrancando a toalha do meu corpo, escuto outro sermão.

— Vê se vai se trocar menina! E pegue sua bolsa lá em baixo! Não quero ver nada jogado naquele banheiro, entendeu??

— Entendi... – abrindo a gaveta do armário, bufando horrores.

Foi uma noite complicada, na janta tive que explicar o que rolou no dia de aula, lógico que evitei dizer sobre o acontecimento na casa daquele cara. Mas pelo menos, desabafar com a minha mãe me fez ficar mais tranquila.

Então lá pelas onze da noite, quando minha mãe já estava no terceiro sono, peguei meu rádio, pluguei meus fones e fiquei escutando por um longo tempo minhas poucas músicas gravadas nas fitas. Naquela época não era todo mundo que tinha internet em casa e ir para a lan house toda hora também não dava. Então escutava músicas dos meus CDs de coletânea de bandas, ou pegava as velhas fitas e gravava das rádios. Por mais que as fitas já estavam bem defasadas naquela época, era massa gravar naquele sonzinho. Ele tinha sido presente do Renato no meu último aniversário.

— Eu fui tão babaca com ele...

Minha culpa pesava. E olha que meu amigo tinha me avisado que poderia dar merda, mas fazer o quê? Sempre fui teimosa mesmo.

— Acho que sei como me desculpar...

Fui atrás da minha mochila. A intensão era compor uma música nova para ele. Assim como eu, o Renato sempre amava tocar ou se perder ao meio de um bom som. Só que na hora que abri a mochila, me deparei com as inúmeras fotos daquele cara.

— "What?" Nem lembrava que tinha tacado tudo aqui dentro...

Me deitei novamente na cama, logo fui reparando que não existia só fotos ali, também tinha várias cartas, fora músicas com partituras e tudo.

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