29. Não desistirei...

7 2 5
                                    

"Como uma flor... Cheio de espinhos de tanta dor..." – eu estava cantando e tocando no violão que o pai do Ralph tinha me dado. Já era quinta feira, o clima estava bem nublado, diferente dos outros dias.

— É a música da escola, não? – Sophia entrava no quarto. Mesmo reconciliada com o seu pai, ainda estava passando os dias na loja. Tanto para ficar perto do namorado dela e também porque nós estávamos treinando todos os dias por lá mesmo.

— É sim... – eu parava de tocar, dessa vez a encarando bem cabisbaixa. Por mais que a animação sobre a apresentação nos motivava, os problemas a minha volta me deixavam bem triste. – Ainda bem que seu pai foi até bem de boas...

— Preocupada sobre o seu, né? – ela se sentava ao meu lado, eu estava tocando sentada na cama, ainda de camisola, pois tinha acabado de acordar. – Você deveria comer logo...

— Vou já, já... – deixava o violão ao lado, me virei para ela com o meu olhar bem perdido. – Estou tão preocupada sobre o meu pai... E ao mesmo tempo tão triste pensando no que pode acontecer... Queria que as coisas, acima de tudo. Sei lá... Que acabacem realmente bem... – ria sem jeito com o que eu mesma dizia. – Eu devo estar pirando... Esse cara quase matou o Renato... E ainda sim estou preocupada com ele... – dessa vez começava a chorar, de frustração e indignação comigo mesma. – Sou tão tola! Por que sempre me importo com todos?? Tem pessoas que me fazem mal, mesmo assim não penso duas vezes em me colocar no lugar delas, Sophia... Até mesmo aquela vaca da Luiza... Quando soube que meu pai agrediu ela...

Sophia por sua vez acabou sorrindo para mim.

— Só que por esse mesmo sentimento de preocupação com quem está do seu lado, olha no que resultou? – ela abria os braços pra mim. – Hoje estou encarando meu pai de frente. Além que por sua causa, o Ralph conseguiu me encontrar. – ela pegou e segurou minhas duas mãos de uma maneira bem carinhosa. – Por sua causa, sua mãe e seu tio estão juntos hoje, não foi? Esse seu modo de agir, honestamente é uma grande bênção. Coisas que na minha humilde opinião, falta em milhares de pessoas por aí.

No fundo, ela tinha razão. Por mais que eu nem sempre fui assim, só comecei a se importar tanto pelas pessoas a minha volta, um pouco depois que conheci o Renato. Por mais, que meu verdadeiro pai, o Anderson, era um belo exemplo que eu me espelhava.

Mesmo assim, ainda me mantinha triste. Queria demais resolver isso sem precisar prender o meu pai biológico no final. E olha que, quem tinha dado a ideia daquele plano, acabou sendo eu mesma.

— Sophia.... – ela ainda segurava as minhas mãos. Elas estavam quentinhas, então acabei me lembrando do Ren. Eu já tinha feito o mesmo que ela uma vez, quando ele estava bem deprimido por causa da morte do avô dele.

— O quê?

— Obrigada... – eu não segurava as minhas emoções. Pensando no que aconteceu e também no que poderia vir dali para frente. Me deixava com medo. Esse que eu teria que lutar contra a todo custo.

O resto do dia ia se passando. Durante ele nós ajudávamos na loja e quando fechava, aí sim ensaiávamos para domingo, que ao contrário da seleção, que foi gravada num dia e apresentada depois. A próxima iria ser ao vivo. Fora que já seria também naquele dia que a polícia estaria de olho para encontrar o meu pai. O meu tio tinha certeza que ele tentaria algo naquele dia. Isso me deixava ainda mais apreensiva.

— Ei, morcega? – Ralph me chamava depois que terminamos tudo. – Você tá bem?

— Na medida do possível... Vem cá, porque você tem essa mania de chamar tudo de morcego? – na hora que eu perguntei isso, já escutei a Sophia rindo ali próximo.

Intense ShowOnde histórias criam vida. Descubra agora