18. O isolamento.

9 3 5
                                    

Era início de noite. Minha mãe tinha chegado mais cedo quando soube da confusão poucas horas atrás, então imediatamente chamou o tio Roger. Naquela altura do campeonato o pobre do Ren já tinha recebido os cuidados necessários na minha casa, feito por mim improvisadamente. Sorte que minha mãe sempre guardava alguns curativos e que ao mesmo tempo, os cortes que o Renato teve no rosto por causa dos socos, não foram muito graves, assim não precisou nem de pontos e nada do tipo.

Todos nos reunimos na mesa, os pais do Renato também vieram para a minha casa e se desesperaram quando viram a situação do filho deles. Então aos poucos fui explicando o que aconteceu.

— Como ele nos encontrou...? – minha mãe chorava desesperada.

— Mãe... Calma... – a abraçava com todas as minhas forças, ela sentada na cadeira eu em pé por trás.

O tio Roger estava de pé, com os braços cruzados, dizendo bem sério.

— Estou com essa mesma pergunta na cabeça, Regiane...

Ren, sentado, com a mãe dele próxima em outra cadeira, ainda sendo tratado por ela, chutou.

— Será que não foi por causa do jornal? – todos se entreolhavam, ele continuou. – Me lembro que a Lana tocou no assunto do pai dela na apresentação. – ele estava com a mão na testa, ainda sentindo muitas dores.

No mesmo momento me tocava...

"Mãe! Meu verdadeiro pai jamais será o Ricardo, e sim o Anderson! Não tenho por que correr atrás de um cara idiota como aquele!"

— Não posso acreditar... – eu estava com minhas duas mãos na cabeça, totalmente perdida. – Então aquilo que eu disse...

O tio suspirava nos encarando.

— Foi um gatilho para o Ricardo...

— Porém... – minha mãe ainda chorando perguntava. – Como ele encontrou o nosso endereço tão rápido?? Isso não faz sentido!!

Mas a dona Iraci que ainda cuidava do seu filho, respondeu pra ela.

— Talvez pela escola... – a voz dela entregava a preocupação. – Ele pode ter ido lá pedir informações sobre sua filha, então a escola deve ter dado...

— Não acha isso muita impudência, amor? – o pai do Ren questionava.

— Todos nós sabemos que as escolas têm horas que são irresponsáveis. E divulgar o endereço da filha para o pai, não seria nada impossível.

Minha mãe em desespero ainda chorava.

— Mas a Lana nem tem o nome dele no registro... Nenhuma escola divulgaria algo assim... – ainda a abraçava sem saber muito o que comentar. – Agora que tudo parecia caminhar bem...

Aquela noite foi muito tensa. Por questão de segurança nem sequer dormimos em casa, eu mais minha mãe fomos para o casarão do tio Roger. (Dessa vez ao menos, ele trancou tudo.) Segundo o próprio tio, o Ricardo nunca tinha ido pra lá, então a chance de ele encontrar a casa era bem nula. Ainda sabia que minha mãe não iria pregar o olho naquela noite, até porque nós chegamos até passar na delegacia com a família do Ren, o que estressou ainda mais ela.

Já se passavam de duas da manhã, quando entrei no quarto que ela estava.

— Mãe...? Posso entrar...?

— Lana... – ela ainda chorava.

— Você precisa dormir... – me sentava na cama próxima dela.

— Dizer é fácil minha pequena...

Intense ShowOnde histórias criam vida. Descubra agora