17. Minha filha?

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Depois de um domingo calmo, sem muito o que comentar, "a não ser pelo fato que o Ren trouce o videogame novo dele lá em casa, e viramos o dia, com seus únicos dois jogos originais", segunda feira eu estava mais inteira para a escola. Só que algo estava muito diferente naquele dia. Muitas, mas muitas pessoas nos reconheceram.

Quando chegamos na escola então, tudo foi muito mais intenso. Se a algumas semanas antes eu era zoada por falar que ia tocar com a "minha banda", naquele dia eu estava sendo aclamada junto com o Renato.

— Isso é muito... Bem... Estranho... – estava morrendo de vergonha, nunca fui abordada por tanta gente ao mesmo tempo.

— Sei como se sente...

O Ren também estava do mesmo jeito que eu, e o que justificava de tanta gente saber de nós, era que naquela manhã, as notícias se repetiram, todas as segundas feiras, os acontecimentos do fim de semana, voltavam a ser citados e a nossa apresentação foi um deles. Tudo realmente por culpa do diretor que gravou tudo, depois ainda mandou para a televisão, postando na internet como se não fosse o suficiente. "Naquela época, não era todos que tinham banda larga em casa, e a plataforma de vídeos ainda não tinha bombado demais com os seus canais. Mas ainda sim era algo bem impressionante."

— Ai... – me sentava lentamente na cadeira.

— Ainda sentindo pontadas?

— Menos do que sábado... Mas ainda fica incomodando.

Logo na primeira aula, mesmo não sendo o horário dela, a professora de artes mais o diretor entraram na sala, ambos parabenizaram todos, especialmente a mim e o Renato. Acabou sendo até bem bacana todo aquele reconhecimento, ainda mais depois de tudo o que rolou para aquela apresentação acontecer.

"Fora que a Luiza estava enfurecida com a gente, ver os holofotes em nós dois, com certeza não deve ter deixado ela nada feliz."

— Atenção todos vocês! – o professor de matemática berrava. – Agora eu é que tenho um comunicado para dar! Como os preparativos da feira cultural atrapalhou as aulas semana passada, irei compensar o período com um trabalho em grupo com no mínimo três pessoas!

Na hora bufei.

— Sério mesmo? Tá de brincadeira...

— Pena que não é de duplas... – Ren suspirava.

Enquanto isso o professor escrevia na lousa vários exercícios de "equação exponencial". E, ô coisa do meu nojo! Detesto matemática e detesto mais ainda quem resolveu tacar letras no meio dos números, ou porcentagem também. Enfim...

— Como vamos fazer, Ren? Nós dois e mais quem?

— Que tal a Luiza? – ria.

— Deus me livre!! – socava o ombro dele.

Assim todos procuravam seus parceiros, foi difícil escolher com quem faríamos, até porque quase ninguém era bom em matemática, fora que a gente não queria algum idiota que não fizesse absolutamente nada, ficando dependente somente de mim e do Renato.

Então com quase todos os grupos formados, observei uma garota que sentava bem perto da mesa do professor, essa era a Sophia, uma menina que entrou bem no início do ano. Até então eu nem sequer me lembrava de ter falado com ela, pois era uma garota bem tímida "acho que reservada seria a palavra certa", como eu mesma quando tinha chegado naquela mesma escola.

— Parece que ela está sem grupo ainda.

— Vai chamar ela? – ele perguntava quase desmaiando na carteira dele.

— Melhor que a Luiza. – me levantava.

Fui até a carteira dela, a menina estava tão distraída olhando para fora que nem notou eu me aproximando.

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