11. Reaproximação.

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Já era o segundo domingo de Março. A semana não tinha sido das melhores, na verdade, não foi nem um pouco boa. Eu e o Renato não nos falávamos mais. Agora minhas idas e vindas eram sempre solitárias. Minha mãe tinha melhorado um pouco da dor que sentia. Mas ainda sim estava longe de estar feliz. Ainda ao meio das noites, via ela chorando sozinha em seu quarto. Por mais que eu queria fazer algo, o que poderia dizer? Como poderia ajuda-la?

Então para esfriar a cabeça, resolvi sair um pouco de casa. Ainda estava sem a minha bicicleta, então fui a pé mesmo para a praça do centro da cidade. Por ser domingo estava tudo muito tranquilo, quase não passavam carros sequer. Provavelmente por ser horário de jogo. Fora que por mais que não era do meu estado, estava rolando clássico lá em São Paulo. E o que mais dava na minha cidade era palmeirense e flamenguista, então imagine a euforia nos bares?

Foi nessa hora que decidi entrar no mercado municipal, que caso alguém não se lembre, é o lugar que parece uma vila cheia de lojinhas. O movimento lá estava bem fraco, para não dizer quase deserto.

Se não fosse ao menos por duas pessoas...

O homem que era dono da lojinha de sorvetes e o seu "cliente". O culpado de toda aquela confusão acontecer. Roger...

— Não acredito...

Fui logo para o fundo do mercadão onde tinha os banheiros, bem lá do lado esquerdo. Lavei o meu rosto bufando.

— Por que ele tinha que está aqui?? Será que esse barbudo não tem o que fazer não??

Bem nessa hora por obra do destino escutei ele perto da porta do banheiro feminino. "Que era de frente pro masculino".

— Até onde sei, este lugar é público mocinha...

Na hora gelei, me virei para a entrada e lá estava ele, com um baita pote de sorvete na mão, se não me engano havia três bolas, uma de creme, outra de limão, mais a de chocolate.

— Quer conversar? – oferecendo o pote.

— Obrigada, não estou com fome! – tentei passar por ele com passos rápidos, mesmo assim ele me segurou pelo braço. – ME LARGA OU...

— EU SEI QUE SUA MÃE NÃO ESTÁ BEM!!

Fiquei o encarando por alguns segundos, depois me livrei da mão dele que me segurava.

— É logico que não... Por sua causa...

Mesmo com tanta juba e barba na frente do seu rosto, eu sabia que ele deveria olhar bem no fundo dos meus olhos.

— Não quer saber sobre o que conversamos...?

Eu queria dizer não, porém acabei aceitando. Não podia mais deixar a minha mãe daquele jeito. Então nos sentamos, comecei a comer ainda desconfiada aquele sorvete, já ele pediu uma boa porção de pães de queijo, mais um café.

— Mas, e então...? – bufava sem paciência.

— Como você já deve saber garota... Nós discutimos muito na sua casa...

— É, isso eu sei... Só levei um tapa na cara depois que tu saiu...

Confesso que não estava com cabeça para conversar com aquele velho, então queria terminar logo com aquilo.

— Bem... Como a culpa foi meio que minha. Acho que te devo desculpas garota...

— Meio? Não acha que falta sinceridade aí, não?

— Pra começo de conversa, você invadiu minha casa... – irritado.

— Então foi pra isso que vim conversar? – já estava me levantando de raiva quando ele disse.

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